Estratégia de Investimento Semanal (22 de setembro)

Estratégia de Investimento Semanal (22 de setembro)

25.09.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Inquietude após os bancos centrais, com o seu mantra: taxas de juros superiores durante mais tempo. Não é novidade, mas afeta.”

Na semana passada, o desenvolvimento conjunto dos bancos centrais saiu mal para o mercado, apesar de não adicionar nada de novo.

Temos vindo a defender que é prematuro especular descidas de taxas de juros, já que não ocorrerão até finais de 2024. O que aconteceu com os bancos centrais (Fed, BoE, etc) na semana passada apenas apoiou a nossa estimativa. A extensão do mantra “taxas de juros superiores durante mais tempo” e a sua digestão geral não afeta a nossa estratégia, mas encaixa-se perfeitamente nela e reforça-a. Mas, o consenso do mercado, que, frequentemente, é um conceito de identificação confusa, especulava a descidas das taxas de juros para o 2T de 2024 por parte da Fed, e o que foi transmitido pelos bancos centrais, na semana passada, não foi isso. Como consequência imediata dessa perspetiva mais hawkish/dura, as yields das obrigações subiram e as bolsas sofreram. Em ambos os casos, provavelmente, mais do que suficiente. Identificámos algumas reações exageradas.

Esta semana, verificação de inflação europeia e americana entre quinta e sexta-feira.

Por isso, de segunda a quarta-feira, será mais de “segunda digestão” da informação transmitida pelos bancos centrais nas 2 semanas anteriores, provavelmente com tendência a recuperar ligeiramente, ao entender-se que os retrocessos podem ter sido excessivos. Nada realmente importante mudou na base do mercado. As taxas de juros pararam de subir, ou pararão em breve, mas tardarão em baixar. Na nossa opinião, não antes do 4T de 2024. E este é o choque de adaptação à realidade que o mercado encaixou na semana passada, visto que especulava que aconteceria já no 2T de 2024. A inflação continuará a retroceder, mas baixar de 3% exigirá tempo e será difícil. Os benefícios corporativos terão uma melhoria lenta a partir da publicação do 3T de 2023, desde meados de outubro. E o ciclo económico irá dissociar-se favoravelmente nos EUA, face à Europa, embora esta consiga crescer o suficiente para evitar por pouco a recessão. Esta última já está a acontecer.
Esta semana será a verificação da inflação: quinta-feira, Alemanha, e, na sexta-feira, França, Itália, Portugal, Espanha, UE… e Deflator Consumo PCE, nos EUA. É determinante que cumpra as expectativas e retroceda um pouco em todos os casos, mas, especialmente, na Subjacente do Deflator PCE americano, porque é a referência básica de preços para a Fed. Por isso, o final poderão ser os benefícios corporativos do 3T de 2023, mas não serão publicados até meados de outubro, e isso parece muito tempo. E cruza-se no caminho do petróleo caro, porque interessa, em termos de geoestratégia, à Rússia (uma arma de guerra a mais para debilitar a Europa) e à Arábia Saudita, perante uma potencial venda de outro pacote em Aramco. Em paralelo, este sábado, dia 30, o Congresso americano vota para tratar de evitar outro fecho parcial da Administração, mas este assunto cada vez diz menos ao mercado.
Em suma, devemos esperar uma semana mais em alta no final do que no princípio, se a inflação e o petróleo o permitirem, embora sendo conscientes de que entramos numa etapa de várias semanas, ou que pode ser inclusive até dezembro, que se caracterizará mais pela consolidação do que por avanços adicionais. O mercado necessita de descansar periodicamente, e isso não é nenhum drama.

 

Obrigações: “Yield atrativa com menos inflação.”

A yield a 10 A nos EUA, agora em 4,47%, alcança níveis de 2007, com o Bund alemão >2,70% (vs 2,45%, em agosto), porque: a Fed transmite uma mensagem hawkisk/dura e o diagrama de pontos com as perspetivas de taxas de juros aponta para um nível médio de 4,75%/5,25% em 2024 (vs 4,25%/4,50% ant). A volatilidade veio para ficar, mas a yield das obrigações deverá estabilizar-se à medida que: (1) o mercado interioriza um cenário de taxas de juros altas durante muito tempo e (2) a Inflação Subjacente mostra sinais de melhoria. Após o carrossel de bancos centrais das 2 últimas semanas (Fed, BCE, BoE, BoJ…), a atenção vira-se para a Inflação, com o IPC da UE (+4,6% esp., em setembro, vs +5,2% ant.) e a taxa Subjacente do Deflator do Consumo/PCE nos EUA (+3,9% esp., em agosto, vs +4,2% ant.), como referências chave (sexta-feira). Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,52%/4,42%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,78%/2,68%.

 

Moeda: “Pendentes do BCE e inflação americana.”

EuroDólar (€/USD):

A decisão da Fed de manter as taxas de juros em 5,25/5,50% mas apontar para uma possível nova subida, enquanto o BCE já as tinha elevado +25 pb, reforça o cenário para o dólar, que, provavelmente, mostra uma força maior, a meio prazo. Int. est. (semana): 1,060/1,070.

EuroLibra (€/GBP):

O Banco de Inglaterra manteve as taxas de juros em 5,25%, em vez de as subir para 5,50%, como o mercado esperava. A rápida deterioração da atividade económica (PIB -0,5% m/m, em julho) e a desaceleração no IPC (Subjacente 6,2% vs 6,9% ant,) justificam esta decisão. Esta semana, veremos uma nova queda nos preços da habitação (-5,8% a/a), que apoiará a debilidade da libra. Int. est. (semana): 0,864/0,873.

Eurosuizo (€/CHF):

O SNB surpreende ao manter as suas taxas de juros em 1,75% vs uma subida esperada de +25pb. O diferencial de taxas de juros com o euro aumenta e isto é depreciativo para o CHF, mas o SNB avisa que continuará a apoiar a sua moeda. Int. est. (semana): 0,955/0,968.

EuroYen (€/JPY):

Semana de ressaca, após a reunião do BoJ, na passada sexta-feira. A continuação, por enquanto, da política monetária ultra laxa, com taxas de juros negativas faz pensar que a debilidade do Yen poderá alongar-se durante esta semana. Int. est. (semana): 157,8/158,3.

EuroYuan(€/CNH):

A chave será os PMIs na China, que poderão melhorar e até situar o PMI Industrial em Expansão (>50). Se confirmada a melhoria, o yuan poderá ser valorizado ligeiramente. Int. est. (semana): 7,74/7,82.