Estratégia de Investimento Semanal (5 de janeiro)

Estratégia de Investimento Semanal (5 de janeiro)

09.01.2024

Escrito por: Bankinter

 

Bolsas: “Choque de realidade com a inflação e ajuste de excessos até que os preços pareçam novamente atrativos.”



Começámos 2024 a corrigir os exageros cometidos no final de 2023. Esta semana ficará marcada pelo desemprego europeu, a inflação americana e os resultados empresariais. O reajuste do mercado continuará esta semana, com o rally de fim de ano passar fatura.

Semana passada de ressaca após os excessos recentes e com a inflação a começar a subir, como advertíamos.


- O excessivo rally de finais de 2023 cobrou desde o primeiro dia de 2024. Na semana passada, Wall St apenas conseguiu subir um pouco, na sexta-feira, (S&P500 +0,2%). Europa apenas na quinta-feira (ES-50 +0,6%), mas de forma ingénua, porque as bolsas, nesse dia, subiam ou baixavam inexplicavelmente consoante o momento, depois de serem publicados os aumentos da inflação na França (+3,7% desde +3,5%) e Alemanha (+3,7% desde +3,2%), e à espera de uma inflação europeia, na sexta-feira, que também aumentou (+2,9% desde +2,4%). Se o mercado tivesse evoluído mais tranquilamente em dezembro, o que teria sido mais sensato, então o arranque de 2024 teria sido em alta, típico de um posicionamento rápido para um ano que estimamos que será razoavelmente bom para bolsas e obrigações (economia expansiva, descida de taxas de juros, melhoria dos benefícios corporativos, avaliações de bolsas não stressadas…). Mas novembro e dezembro foram imprudentemente em alta (ES-50 +7,9% e +3,2%; S&P500 +8,9% e +4,4%, respetivamente) com base em uma fé firme que as taxas de juros baixarão muito e rápido em 2024. Insistimos: acreditamos que não será assim. Os cortes serão mais lentos e com menor profundidade por 2 motivos: (i) a inflação subirá durante o primeiro semestre. Começamos a comprová-lo na semana passada. (ii) Com pleno emprego e crescimento cómodo (EUA) ou suficiente (Europa, para os seus próprios padrões), os bancos centrais não sentem nenhuma pressão para baixar taxas de juros. Assim que, na semana passada, com o mercado ainda a meio gás, começou o ajuste dos excessos, o qual é preferível à sua hipotética continuidade.

 

Esta semana, inflação americana a subir (também) e resultados 4T’23 de bancos americanos pouco estimulantes.- O mais provável é que o ajuste da semana passada continue nesta. As referências de muito curto prazo são o Desemprego na Europa (terça-feira), a inflação nos EUA (quinta-feira) e os primeiros resultados 4T’23 dos bancos americanos (sexta-feira). O desemprego europeu pode aumentar 1 décima (6,6%), a inflação americana poderá fazer o mesmo (+3,2%) e os resultados dos bancos americanos serão fracos (EPS, aproximadamente, -17%) pelo efeito comparativo adverso, após aproveitar uma forte melhoria em 2023 graças às subidas de taxas de juros desde março de 2022, que reapreciaram as sus carteiras de crédito. Não parece que nenhuma destas 3 referências semanais vá animar o mercado, pelo que continuará o ajuste de excessos. E as seguintes 2 referências de médio prazo tampouco contribuirão com estímulos claros: (i) publicação de resultados corporativos 4T’24. Os bancos americanos começam esta sexta-feira e prolongar-se-ão até meados de fevereiro, esperando-se um EPS médio para o S&P500 de apenas +1,5%. Melhorarão trimestre a trimestre, mas esse +1,5% soará ainda insuficiente. (ii) Reuniões seguintes de bancos centrais:BCE a 25 de janeiro, Fed a 31 de janeiro e BoE a 1 de fevereiro. Claro, não baixarão ainda taxas de juros. Mas, além disso, após comprovar o aumento da inflação, o mais provável é que as suas mensagens se tornem mais conservadoras em relação a futuras descidas de taxas de juros, mais hawkish. E isso fará que se complete o reajuste de expetativas sobre o qual temos vindo a advertir: as taxas de juros baixarão mais tarde e menos do que o mercado desconta. 

Portanto, na nossa opinião, esta semana será parecida com a anterior. 

Continuará a correção dos recentes excessos, principalmente em obrigações (yields injustificadamente baixas). Numa aproximação generalista diríamos que as bolsas não voltarão a reagir em positivo até que não acumulem retrocessos de, pelo menos, -5% em relação a 31 de dezembro de 2023, níveis que pensamos que tornariam os preços novamente atrativos… e a semana passada retrocederam entre -1,3% (ES-50) e -1,5% (S&P500)…