Estratégia de Investimento Semanal (8 de abril)

Estratégia de Investimento Semanal (8 de abril)

08.04.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Geoestratégia mais tensa e medo da inflação. Fraco.”

Na semana passada, tropeço na quinta-feira... mas estabilização rápida. O tom foi fraco. Iniciamos abril com ligeiras descidas e isso contrasta, por agora, com os saldos mensais positivos interrompidos desde novembro de 2023 até março de 2024. O aspeto de abril parece mais “pesado”. Revelou-se na quinta-feira passada, ao girar o mercado de aborrecimento de segunda a quarta-feira (e também sessões anteriores) para uma geoestratégia repentinamente tensa: represália de Irão contra Israel a qualquer momento, tensões entre Israel e EUA, prováveis tropas japonesas em território filipino para defender preventivamente China e debate na Alemanha sobre o serviço militar. Como consequência, petróleo a subir (Brent 90$), o que ameaça a inflação. A consequência imediata disso foi que vários conselheiros da Fed se posicionaram hawkish/duros em relação a baixar taxas de juros. Bostic (Fed Atlanta) defendeu uma única descida de taxas de juros em 2024 e no 4T, Barkin (Fed Richmond) afirmou precisar de uma inflação inferior (agora +3,2%) para votar a favor de descidas, enquanto Kashkari (Fed Minneapolis) foi ainda mais longe ao afirmar que poderá não ser necessário baixar taxas de juros se a inflação não se reduzir mais rapidamente. Provavelmente, alguns conselheiros do BCE expressaram-se numa linha semelhante, mas menos agressiva, caso tenham tido oportunidade para falar… mas estavam já em “black-out”, porque o BCE reúne-se na quinta-feira, 11. Assim que a semana se complicou, fechando com melhores sensações na sexta-feira, após a publicação de um emprego americano francamente bom que, no entanto, reavivou o receito de uma subida da inflação. Por isso, semana fraca. :: Esta semana, debilitamento por cautela e défice de estímulos… embora, após qualquer corte, terminará por entrar dinheiro de seguida. O bom é que nada importante mudou: o ciclo é expansivo para a economia e bolsas, abundante liquidez, pleno emprego em geral, inflação e taxas de juros em baixa (embora menos e mais tarde do que o esperado, algo que temos vindo a insistir) e benefícios empresariais bons ou, pelo menos, decentes. O menos bom é que os riscos geoestratégicos se reativam (Irão/Israel, principalmente, mas não só) e que, progressivamente, se vão revelando que as descidas de taxas juros serão tardias e pouco profundas devido à força do ciclo económico e ao aumento da inflação durante o segundo trimestre. Sobre este último ponto, temos vindo a advertir desde o início do ano. Então, na sexta-feira, foi publicado um emprego/desemprego americano excelente e melhor do que o esperado, o que torna inevitável pensar que a inflação americana, que será publicada na quarta-feira, 10, efetivamente, aumentará. Espera-se ou receia se +3,5%/3,4% desde +3,2%, embora com a Subjacente ainda a contrair-se um pouco (+3,7% desde +3,8%). Se esta subida se materializa ou até for superior ao esperado, algo nada descartável, reforçará com dados objetivos o recente posicionamento hawkish/duro de vários conselheiros da Fed no final da semana passada: Barkin, Bostin e Kashkari. Principalmente este último, que chegou a afirmar que provavelmente não será necessária nenhuma descida de taxas de juros em 2024. Segunda e terça-feira serão aborrecidas, de espera. E, de seguida, na quinta-feira, reunião do BCE. Não irão alterar taxas de juros, mas a conferência de imprensa de Lagarde poderá ser interessante, se forem feitas as perguntas adequadas, porque talvez possamos saber se está disposta a baixar taxas de juros antes da Fed. Se se atrever, debilitaria o euro num momento de petróleo em alta pela geoestratégia, importando inflação por uma via dupla: petróleo mais caro, que se paga em dólares com um euro desvalorizado. Para completar a semana, na sexta-feira, publicação dos primeiros resultados corporativos americanos 1T 2024… que não trazem ânimo às bolsas, porque começam os bancos (Wells Fargo, Citi, JPMorgan…), que apresentarão contrações de EPSs (benefícios) de -12%/-33%. Por tudo isso, continuaremos numa “fase de arrefecimento” dentro de um ciclo expansivo de economia e mercado (isso não muda), tensos pela inflação americana e Irão. Paciência, visto que os nervos, assim como a complacência, levam a tomar decisões equivocadas.

 

Obrigações: “Procura de equilíbrio num contexto mais incerto.”

O foco está no IPC de março, nos EUA, e na reunião do BCE. O aumento esperado na inflação americana reforçará a mensagem de prudência da Fed. O BCE manterá as suas taxas de juros enquanto espera evidência de que os serviços e salários se moderam. Após um ajuste nas expetativas em relação ao ritmo de relaxamento das políticas monetárias, as obrigações tentam encontrar um ponto de equilíbrio; com mais dificuldade nos EUA, com maior risco de reaceleração do ciclo económico. Novos focos de tensão geopolítica introduzem volatilidade a curto prazo. Mantemos a nossa preferência por manter em carteiras com durações reduzidas (<5 anos), foco na Zona Euro e Crédito Corporativo. Int. (semanal) estimado yield do Bund: 2,35%/2,45%.

 

Moeda: “Semana marcada pelo IPC nos EUA e o BCE.”

EuroDólar (€/USD) A semana virá marcada pelo IPC dos EUA (quinta-feira). A confirmar-se o aumento da taxa geral (+3,5% esp vs +3,2% ant), poderá interpretar-se como um sinal que confirme o atraso das descidas de taxas de juros para o final do ano. Além disso, conheceremos as atas da última reunião da Fed (Q) e reunião do BCE (Q). No conjunto, esperamos ver um pouco de apreciação na semana. Int. est. (semana): 1,075/1,086.

EuroLibra (€/GBP) A macro britânica (PIB e P. Industrial) passará para um segundo plano com o BCE. Espera-se que mantenha a sua mensagem dependente dos dados sobre o início das descidas de taxas de juros, fortalecendo a libra. Int. est. (semana): 0,854/0,861.

Eurosuizo (€/CHF) Sem dados de relevância na Suíça, o câmbio mover-se-á conforme o BCE. O lógico é que não ofereça demasiadas pistas e reitere a sua mensagem dependente dos dados. Com isso, o câmbio permanecerá num intervalo lateral. Int. est. (semana): 0,971/0,985.

EuroYen (€/JPY) O governador do Banco do Japão não descarta uma intervenção para defender o yen e abre a possibilidade a novas subidas de taxas de juros na segunda metade do ano, se as subidas salariais gerarem inflação interna. Estas declarações servirão de apoio ao yen. Int. est. (semana): 165,4/163,4.

EuroYuan(€/CNH) Na China, conheceremos o IPC de março. Poderá enfraquecer, após o forte aumento de fevereiro (até +0,7% vs -0,8% anterior). A ser assim, manterá a expetativa de descidas de taxas de juros por parte do PBoC, podendo contribuir para a depreciação do Yuan. Int. est. (semana): 7,82/7,88.