Estratégia de Investimento Semanal (3 de maio)

Estratégia de Investimento Semanal (3 de maio)

08.05.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Baixa intensidade, mas com tendência em alta. Bom tom dos resultados empresariais e bancos centrais. À espera do IPC americano a 15 de maio.”

Semana passada de estabilização em obrigações e bolsas a ganhar inércia no final da semana.- Duas das três referências saíram como se esperava. Na Europa, a inflação em abril continuou a situar-se em níveis próximos ao objetivo de 2% do BCE (+2,4% geral e +2,7% subjacente). E a economia surpreendeu positivamente no 1T 2024 ao subir +0,4% a/a, o que implica um ponto de inflexão depois de estar em recessão nos últimos dois trimestres. Nos EUA, o mercado laboral mostrou menos força do que o esperado com +175K empregos criados, o desemprego a aumentar até 3,9% e os salários a crescer a um ritmo inferior ao estimado (+3,9% a/a), embora ainda não convidem a pensar num relaxamento da inflação. E, por último, Powell manteve a sua abordagem dependente dos dados, embora tenha tranquilizado o mercado ao descartar a possibilidade de subidas de taxas de juros e manter a expetativa da primeira descida ser este ano. O mercado espera que seja entre setembro e novembro. Neste contexto, semana de bolsas mistas (S&P 500 +0,6%, EuroStoxx-50 -1,7%) após o rally de final de semana e retrocesso de yields nas obrigações (T-Note -16p.b. +4,51%; Bund -8p.b. +2,49%). :: Semana de transição em alta. Roleta de bancos centrais e Europa com o protagonismo em resultados.- Quatro bancos centrais reúnem-se esta semana: Austrália (terça-feira), Brasil e Suécia (quarta-feira) e Inglaterra (sexta-feira).O RBA e o BoE manterão taxas de juros, mas o Riksbank (Suécia) poderá começar a baixar taxas de juros pela primeira vez. Juntamente com a Suíça, seriam os únicos dois bancos europeus a realizar este movimento, e mostram o caminho previsto a seguir para os restantes bancos centrais. O mercado espera que o BCE seja o próximo a baixar taxas de juros (-25p.b.) na sua próxima reunião (6 de junho), aproveitando que a inflação se situa em níveis cómodos e com a economia ainda fraca. Já na reunião anterior (11 de abril), vários membros eram a favor de uma descida, ideia que se repetirá nas Atas que se darão a conhecer esta sexta-feira. O lógico seria que o BCE, depois, fizesse uma pausa até ter mais visibilidade sobre o roteiro da Fed. Uma dissociação importante na política monetária entre ambos os bancos centrais seria prejudicial para a Zona Euro, já que depreciaria mais o euro e poderia impactar negativamente os próximos registos de inflação. As referências macro da semana, que serão principalmente europeias (Preços de Produção, Vendas a Retalho…), apoiarão a ideia da primeira descida de taxas de juros na reunião de junho. No plano micro, o crescimento médio do EPS do S&P 500 no 1T 2024 situa-se já em +6,5% a/a (vs +4,2% esperado no início da campanha) com 80% do índice publicado. Esta semana, o protagonismo será da Europa com Telefónica, DHL, Ferrari, UniCredit, Infineon, BP e Ferrovial. Em suma, se o tom dos resultados não defrauda e os bancos centrais mantêm uma abordagem mais dovish/suave, as bolsas deverão encontrar apoio numa semana que esperamos que seja de transição com algum risco em alta. O próximo marco importante será a publicação do IPC americano de abril a 15 de maio.

 

Obrigações: “A Fed dá algum alívio às rentabilidades.”

Estabilização das rentabilidades depois da reunião da Fed. Semana marcada pelos bancos centrais de Inglaterra, Austrália e Suécia. Este último poderá baixar taxas de juros pela primeira vez e é uma mensagem clara sobre o caminho dos restantes. O ajuste de expetativas parece estar praticamente completo. Até ao momento, não alcançámos níveis-chave (4,80% T-Note e 2,80% Bund), apesar da postura dura adotada pelo mercado em relação à política monetária. Contudo, os dados de emprego geraram um certo otimismo, e o mercado desconta agora duas descidas de taxas de juros nos EUA (vs 1 anterior). Isto poderá gerar certa volatilidade se o IPC americano mostrar força e esta mudança de perspetivas se reverte, mas isso já será na próxima semana. Esta semana veremos um movimento lateral nas rentabilidades, à espera de catalisadores. Int. semanal estimado T-Note: 4,45%/4,55%. Int. (semanal) estimado yield do Bund: 2,45%/2,55%.

Moeda: “O dólar manterá a sua tendência em alta.”

EuroDólar (€/USD)
Os dados do mercado laboral de sexta-feira surpreenderam pela sua debilidade e serviram para depreciar o Dólar, mas o cenário central de taxas de juros não. Esta semana não há macro relevante e até à publicação do IPC no próximo dia 15, esperamos realizações de benefícios que contribuam para que o Dólar continue a apreciar-se. Int. est. (semana): 1,07/1,08.

EuroLibra (€/GBP)
O BoE manterá taxas de juros (5,25%) mas a mensagem será dovish. O IPC (3,2% atual) segue gradualmente para o seu objetivo. Além disso, o PIB manteve-se em território negativo nos 2 últimos trimestres. Tudo isto debilitará a libra. Int. est. (semana): 0,854/0,867.

Eurosuizo (€/CHF)
Os indicadores de preços reforçarão a expetativa de um corte de taxas de juros do BCE em junho (Preços Industriais -7,7% vs. -8,3%) e manterão o euro debilitado. Int. est. (semana): 0,968/0,983.

EuroYen (€/JPY)
Semana com escassas referências macro no Japão (apenas PMIs finais de abril na terça-feira). Depois da recente atuação do BoJ, esperamos que esta semana continue a tendência de apreciação do Yen. Int. est. (semana): 162,5/168,2.

EuroYuan(€/CNH)
Deverá ser uma semana de certa estabilização no câmbio. O mercado já interiorizou que o BCE poderá baixar taxas de juros em junho, enquanto na China não teremos dados macro relevantes. Int. est. (semana): 7,70/7,77.