Estratégia de Investimento Semanal (29 de janeiro)

Estratégia de Investimento Semanal (29 de janeiro)

31.01.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Melhor do que o esperado graças à tecnologia. Fed, quarta-feira, e emprego EUA, sexta-feira. Inércia em alta.”

Semana passada claramente melhor do que o esperado, reconstruindo-se a inércia em alta graças aos resultados e guias das tecnológicas. As exceções negativas foram, principalmente, Tesla, e, em menor medida, Intel. O tom geral voltou a ser potente e típico de um mercado resistente a quase tudo, apoiado em resultados corporativos geralmente sólidos e num BCE que, afinal, mostrou-se mais dovish/suave do que o esperado, reativando expetativas de descidas de taxas precoces. Instalou-se uma sensação de fundo ainda mais pró-riscos, pró-benefícios e pró-expansão económica graças ao fluxo de resultados empresariais sólidos, ao BCE mais amigável, embora ambíguo, e economia americana quase perfeita: PIB 4T’23 +3,3% com Deflator apenas em +1,5%, na quinta-feira, e um Deflator do Consumo Priv. (PCE) aparentemente estável em +2,6%, na sexta-feira. As bolsas subiram nesse contexto (S&P500 +1,1%; ES-50 +4,2%), com yield das obrigações que ainda nos parecem bastante caras (Bund 2,30%; T Note 4,12%). Sem a correção de excessos que esperávamos, o que não nos deixa tranquilos. Mas talvez pequemos por cautela. :: Esta semana, avalancha de resultados empresariais, Fed, BoE e Emprego americano. Consolidará a inércia em alta.- Se na semana passada a sensação de fundo melhorou, esta semana poderá consolidar-se, ou até reforçar-se graças à força dos resultados corporativos. Não só os resultados e guias das tecnológicas continuam a ser bons ou excelentes, exceto alguma exceção (Tesla, Intel), mas também se estende a outros setores, como LVMH, onde subimos a nossa recomendação desde Neutral para Comprar, na sexta-feira. Esta semana serão publicadas techs grandes e médias, e empresas de todos os setores, e o tom pode surpreender positivamente. A Fed reúne-se quarta-feira e Powell não só não tocará em taxas, mas, além disso, poderá arrefecer as expetativas de descidas precoces tendo em conta a solidez do ciclo americano, que não necessita da descida e visto que, se aplicada, poderia reativar a inflação. O BoE também repetirá taxas, quinta-feira, e será um evento-não-evento. Retrocederão as inflações na ALE (quarta-feira: +3,0% vs +3,7%) e UE (quinta-feira: +2,7% vs +2,9%). Apenas uma hipotética e improvável deterioração do emprego americano, sexta-feira, poderá introduzir um pouco de ruído, mas com alcance limitado. O mercado recuperou a inércia em alta e é difícil que a perca a curto prazo. É melhor duvidar das subidas do que sofrer as quedas…

Obrigações: “Com a Fed, chega a hora da verdade.”

BCE mantém o discurso “tomada de decisões em função da macro” e que é cedo para falar de descidas de taxas de juros. Isto poderá mudar em abr. após se conhecer o aumento salarial das convenções colectivas, porque o BCE prevê um arrefecimento do mercado laboral. Mesmo assim, o BCE não traz pistas claras sobre o timing das descidas. Será a Fed (quarta-feira, 31 de jan.) que assumirá a liderança e marcará o rumo do mercado. As bases estão lançadas para ver descidas de taxas, mas no 2S 2024 e não em maio, como o mercado espera. A inflação avança em boa direção, mas a economia americana vai muito bem (+3,5% no PIB 4T2023), retirando incentivos à Fed para baixar as taxas cedo, porque: reativaria ainda mais a atividade e a inflação. Depois da Fed, a atenção no IPC da UE, BoE (ambos na quinta-feira) e o Emprego EUA (sexta-feira). Int. (sem.) estimado T-Note: 4,10%/4,25%. Int (sem.) estimado yield do Bund: 2,20%/2,35%.

Moeda: “A reunião da Fed e a macro chamaram a atenção.”

EuroDólar (€/USD)
Dólar valorizado após publicação PIB 4T melhor do que o esperado (1.º avanço +3,3% t/t anualizado vs. +2,0% esp. e +4,9% ant). Esta semana: macro relevante (Emp./Desemp.) e reunião da Fed, que esperamos que mantenha taxas em 5,25%/5,50%. Qualquer indício sobre o timing contribuirá para debilitar o dólar. Int. est. (semana): 1,085/1,095.
 
EuroLibra (€/GBP)
A reunião do BoE, na quinta-feira, é a chave da semana para o câmbio. Assim como o BCE, na semana passada, o banco central manterá taxas de juros e tentará arrefecer as expetativas excessivamente otimistas do mercado com o seu discurso. De facto, a libra deverá ganhar um pouco de terreno face ao euro. Int. est. (semana): 0,846/0,855.
 
Eurosuizo (€/CHF)
Se o IPC da Zona Euro enfraquece em janeiro e a economia entra em recessão técnica, como se espera, poderá manter-se o otimismo em relação às descidas de taxas de juros do BCE, apoiando o franco suíço. Int. est. (semana): 0,930/0,945.
 
EuroYen (€/JPY)
O BoJ mantém taxas de juros em -0,10% como esperado, mas Ueda antecipa uma normalização das taxas de juros, inclusive se os salários reais baixarem. A expetativa de que o BOJ possa subir taxas de juros em abril é apreciatório para o yen. Int. est. (semana): 159,5/161,0.
 
EuroYuan(€/CNH)
Os PMIs mostrarão certa reativação na China (Industrial Caixin 50,9 vs. 50,8) enquanto o IPC da UE poderá moderar-se (+2,7% desde +2,9%). Com isso, o yuan deverá manter a sua atual apreciação vs. euro. Int. est. (semana): 7,75/7,83.