Estratégia de Investimento Semanal (26 de dezembro)

Estratégia de Investimento Semanal (26 de dezembro)

27.12.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Em fase de consolidação. Semana curta e com poucas referências. O foco já está em 2024, com um contexto favorável para as obrigações e bolsas.” :: Deixamos para trás uma semana de consolidação, após o forte rally dos dois últimos meses; tanto nas obrigações (cerca de -90pb no Bund e -100pb no T-Note) como nas principais bolsas (revalorizações superiores a 10%). As bolsas começam a mostrar certo cansaço, alternando sessões de ligeiras quedas. Observa-se especialmente na Europa, depois de um IFO alemão que dececionou e poderá antecipar mais abrandamento no 4T de 2023. Nas obrigações, manteve-se o tom otimista, o Bund alemão abaixo do nível psicológico de 2,00% e a T-Note americana à volta de 3,87%. Também se destacaram: (1) os indicadores de preços continuaram a mostrar a tendência da moderação. O IPC do Reino Unido surpreendeu positivamente (+3,9% a/a nov., desde +4,6% ant. e +4,3% esperado) e o Deflator do PCE americano, um dos indicadores mais seguidos pela Fed, retrocedeu mais do que o esperado, para +2,6% a/a (desde 3,0% a/a out.) e Subjacente +3,2% a/a (+3,5% a/a ant.); enquanto o crescimento do PIB mantém-se sólido (+4,9% anualizado 3T 2023, embora seja revista três décimas em baixa). Apesar deste contexto, as declarações de vários membros da Fed rebaixam as expetativas de proximidade nas descidas de taxas de juros (como Goolsbee da Fed de Chicago ou Bostic da Fed de Atlanta). (2) Por último, BoJ, que está noutra fase em relação a taxas de juros, foi mais dovish/suave do que o antecipado, o que atrasou as expetativas, neste caso, de subidas de taxas de juros para março/abril. :: Semana curta e com escassas referências para terminar um ano com saldo positivo nos mercados principais. Esta madrugada, dados de Desemprego, no Japão, +2,5% nov, mostraram que se mantém a tensão no mercado laboral. As negociações salariais de primavera serão uma das principais variáveis para a mudança de política monetária do BoJ. Na Europa, a semana reduz-se a 3 sessões (de quarta a sexta-feira). Entre as poucas referências, destacamos: (1) Na Europa; Vendas a Retalho na Alemanha (quarta-feira), onde se antecipa uma ligeira descidas, e na Espanha (quinta-feira). Acabamos a semana e o ano com o IPC preliminar de dez., em Espanha, (sexta-feira), que poderá continuar a moderar-se. Apesar da ligeira subida dos preços do petróleo dos últimos dias, os preços dos carburantes continuam a moderar-se no mês. Projetamos um IPC +3,1% a/a dez. e uma média anual de +3,6% a/a. (2) Nos EUA, vários Indicadores de Habitação: Preços CaseShiller de out. (hoje) e as pré-vendas de Habitação de nov. (quinta-feira), que continuam apoiadas por um mercado laboral sólido, apesar da subida das taxas de juros hipotecárias que superaram +7%.

:: O foco já está em 2024, que será complexo, mas com um contexto global favorável a obrigações e bolsas. O rally dos últimos meses, as possíveis subidas conjunturais de inflação e ruído do ano eleitoral, nos EUA (5 de novembro), sem esquecer os riscos geopolíticos pendentes, implicará etapas de estancamento ou de reajuste de expetativas. O otimismo dos últimos meses reúne expetativas de mercado de taxas de juros, nos principais Bancos Centrais, no 2T de 2024, enquanto, na nossa opinião, as descidas serão mais tarde (2S 2024) e menos profundas do que o antecipado pelo mercado (nós -75 pb nos EUA e -50 pb na UE vs 150 do mercado). Assim, antecipamos um tom de mercado, nas próximas semanas, de consolidação, à medida que os mercados reajustam expetativas. :: Em suma, despedimo-nos de um ano com saldo muito positivo para bolsas (subidas à volta de +20% no S&P, EuroStoxx50 e Ibex35; próximas a +50% no Nasdaq-100) e para obrigações, especialmente no último trimestre (com subidas de preços e cortes gerais de yields). A nossa estratégia continua favorável para ambos os ativos, mas somos mais cautelosos do que o mercado face ao timing e profundidade das descidas de taxas de juros. Por isso, a curto prazo imediato, esperamos uma fase de consolidação para os próximos dias. Não há motivos para corrigir muito, mas tampouco catalisadores. Sem perder de vista que, a meio prazo, os reajustes de expetativas podem ser uma oportunidade num ciclo 2024 e 2025 expansivo.

Obrigações: “IPC em baixa e seca no primário.” As obrigações vivem o melhor momento do ano. A yield do T-Note a 10A, nos EUA, enfraquece até 3,88% (vs 4,35% em nov.) com o Bund alemão em 1,98% (vs 2,45%) e os prémios de risco periféricos em níveis historicamente baixos (~160 pb Itália vs 211 em 2022 e ~92 Espanha vs 106). Os fundamentais jogam a favor das obrigações, porque a Inflação surpreende positivamente (Deflator do Consumo/PCE nos EUA, IPC na UE e Reino Unido…) e as bases estão criadas para ver descidas de taxas de juros em 2023/2024. Além disso, nestas datas, apenas há emissões no primário (escassez de oferta), enquanto o sentimento de investimento melhora. Esta semana, não há referências macro importantes e, após o rally (preço em alta) vivido desde outubro, o mais provável é que suba a volatilidade (volume em baixa) e a yield das obrigações suba ligeiramente. Intervalo (semanal) estimado T-Note: 3,85%/3,95%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 1,95%/2,05%. Moeda: “Dólar impulsionado pelo excesso de otimismo nas taxas de juros.” EuroDólar (€/USD).– O mercado desconta que a Fed baixará taxas de juros no 2T 2024. Este excesso de otimismo, na nossa opinião as descidas serão mais tarde, beneficia o Euro. Para os próximos dias, esperamos certa lateralidade numa semana com muito pouco volume de atividade e sem referências. Int. est. (semana): 1,093/1,107. EuroLibra (€/GBP).– O retrocesso do IPC (3,9% vs 4,6% ant.) e o debilitamento da atividade económica (PIB 3T 0,3%) permitem relaxar a pressão sobro o Banco de Inglaterra para manter uma política restritiva. Neste contexto, a libra perde vigor. Esperamos que esta tendência se mantenha durante a semana. Int. est. (semana): 0,863/0,872. Eurosuizo (€/CHF): O franco valoriza, apesar do SNB já ter abandonado o ciclo de subidas de taxas de juros. Nos próximos dias, esperamos pouco movimento no câmbio de divisas, num contexto carente de referências. Int. est. (semana): 0,955/0,940. EuroYen (€/JPY).– Após as mensagens do BoJ sobre o possível atraso da subida de taxas de juros até às reuniões de março/abril, o Yen deverá continuar a mostrar certa debilidade (igual ao que já vimos na semana passada). Int. est. (semana): 155,9/157,9. EuroYuan(€/CNH).– Semana sem referência macro relevante, nem na China nem na Zona Euro. Ocâmbio deverá mover-se num intervalo estreito. Int. est. (semana): 7,80/7,90.