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Estratégia de investimento semanal (23 Agosto)

23.08.2021

Escrito por: Bankinter Portugal

Ações: “Cautela numa semana de maior incerteza devido a Jackson Hole. O fundamental será a transparência da Fed.”

 

 

ESTA SEMANA a reunião dos banqueiros centrais em Jackson Hole (26/28 de agosto) é de particular importância.

O mercado está à espera que a Fed indique o ritmo de redução de compra de ativos. A única incerteza é quão precisos e transparentes serão. É o momento certo para realizar alguma declaração informal, que seria oficializada na próxima reunião de 21 e 22 de setembro, quando se realizará também uma atualização do quadro macro, bem como uma conferência de imprensa. A Fed está sob pressão de vários membros (como Rosegren, Bullard ou Bostic) depois dos sólidos dados de julho sobre o Emprego (Taxa de Desemprego 5,4%) e do aumento da inflação (5,4%). No entanto, alguns conselheiros consideram que ainda existe algum caminho a percorrer e que a inflação é transitória.

O fundamental será a mensagem de Powell. Até ao momento, tem mantido uma posição dovish e veremos se endurece a sua postura em consonância com as Atas publicadas na semana passada, que mostram certo consenso entre os membros do Concelho em relação a começar a redução do programa de compra de ativos (tapering) já este ano. Tom hawkish que não se tinha observado até agora. Esta é a referência da semana.

Os dados macro serão muito intensos:
Nos EUA, serão publicados os dados do PIB, Bens Duradouros, PMI’s, Dados do Setor Imobiliário e o Deflator PCE. Na Alemanha, iremos conhecer o PIB e o IFO e, na Europa, dados dos PMI’s e Confiança do Consumidor. É provável que o saldo seja ligeiramente mais fraco após as recentes subidas, mas continuará a manter um bom sentimento de mercado.

Com o foco da atenção na desaceleração da China.

Na semana passada, na China foram publicados dados sobre as Vendas a Retalho e a Produção Industrial que dececionaram, o que aumentou o receio de um abrandamento do crescimento do país. A isso acresce a ameaça constante de um aumento da regulamentação, que nesta ocasião recairia sobre as empresas tecnológicas. Também pela possibilidade de um “esquema de prosperidade comum”, que na prática significa maior pressão fiscal aos segmentos com maior poder de compra da sociedade.

Como resultado, o Setor de Luxo corrigiu fortemente (MSCI Luxury Europe -11% na semana) e teve um impacto direto sobre as bolsas europeias. Insistimos em várias ocasiões em não tomar exposição direta a empresas chinesas, mas sim a empresas expostas à China. O Setor de Luxo é uma boa alternativa para tomar exposição ao país através de empresas ocidentais. As nossas ações recomendadas são a Adidas, a Hermés, a LVMH e a Kering.  

O que podemos esperar neste contexto?
Os investidores estarão inquietos até Jackson Hole para conhecer pistas da Fed sobre futuros movimentos de política monetária. Alem disso, a extensão da variante Delta ameaça com maiores restrições em países como a Austrália, a Nova Zelândia e a China, o que tem implicações no crescimento. Por fim, o temor à perda de inercia da China e o aumento da regulamentação continuarão a pesar.

 

"Os investidores estarão inquietos até Jackson Hole para conhecer pistas da Fed sobre futuros movimentos de política monetária."

 

Concluindo, esta semana será de prudência devido a um contexto de maior incerteza motivado por Jackson Hole e pela desaceleração da China. O razoável será um mercado flat e com ligeiras tomadas de mais valias, depois das subidas recentes. Adicionalmente, as correções podem ser uma oportunidade de entrada a melhores preços face ao final do ano que prevemos que seja positivo para os índices americanos e europeus, apoiados pelos resultados empresariais e pela reativação económica.