Estratégia de Investimento Semanal (22 de março)

Estratégia de Investimento Semanal (22 de março)

25.03.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Atividade em baixa e arrefecimento progressivo.”

O desenvolvimento da semana passada foi melhor do que o esperado, após as reuniões de 8 bancos centrais que, no seu conjunto, tiveram um tom bastante dovish/suave.- Como resultado, Wall St. Segunda a quinta-feira e enfraqueceu apenas na sexta-feira, perante uma ausência de referências quase absoluta e necessidade inercial de descansar. As bolsas europeias ofereceram um tom misto, de vaivém, durante toda a semana. Estiveram desorientadas. Cumpre-se a nossa estimativa, já desde 2023, de que as taxas de juros tardarão em baixar mais do que se descontava (demasiado alegremente) e que o processo não será tão generoso. É certo que o SNB suíço baixou -25pb por surpresa, na quinta-feira, até 1,50%, sem esperar mais, mas também é verdade que o seu caso é absolutamente único, visto que tem a inflação e apenas +1,2%, mantendo-se abaixo da fronteira de 2% desde junho de 2023. Isso outorga-lhe uma margem de atuação que os restantes bancos centrais carecem, pelo que o seu movimento não deve ser interpretado com algo imediatamente extrapolável aos restantes. O mais importante foi que a Fed – além de não mexer na sua Taxa Diretora (5,25/5,50%), claro – reviu em alta as suas estimativas do PIB (principalmente PIB’24 desde +1,4% até +2,1%, que estava muito baixa), muito pouco em alta as da inflação (apenas IPC’25 desde +2,1% até +2,2% e Subjacente’24 desde +2,4% até +2,6%) e continua a estimar 3 descidas em 2024 (-75pb), mas revê desde 4 para 3 as de 2025 (-75pb vs -100pb), e o nível de longo prazo sobe desde 2,50% até 2,60%. Isto é, espera mais crescimento e um pouco mais de inflação (mas muito pouco mais, claro), o que resulta numa descida de taxas de juros a menos do que as que tinha previstas em dezembro. E isso é absolutamente coerente com a nossa estratégia. Pode dizer-se que tudo está a correr como previsto – não como estimava a maioria do consenso – e que a resistência das bolsas à mais mínima realização de benefícios é a melhor prova disso. Tudo bem, portanto. E, depois dos 8 bancos centrais que se reuniram na semana passada, ainda um pouco melhor. :: Esta semana poderá chegar a ser até um pouco aborrecida até ao Deflator do Consumo (PCE) americano de sexta-feira.- Começamos a Semana Santa e isso, independentemente do facto se ser ou não feriado, fará com que a atividade diminua, traduzindo-se em bolsas com volumes em baixa e juros em descida. Principalmente depois das reuniões de 8 bancos centrais da semana passada, que teremos de deixar repousar, interpretar e terminar de digerir.

Comparado com isso, as referências desta semana não são nada. A atenção estará nas inflações de sexta-feira em Itália (+1,5% vs +0,8%... inexplicavelmente baixa), França (+2,7% vs +3,0%) e EUA. Neste último caso, trata-se do Deflator do Consumo Privado (PCE), que é o indicador de preços que a Fed toma como referência e que se teme que suba até +2,5% desde +2,4%. Isso seria coerente com a recente subida do IPC (+3,2% desde +3,1%) e confirmaria que temos razão em alertar para a iminência de subida da inflação (americana e europeia) durante o 2T que, embora transitória, forçará um certo atraso nas descidas de taxas de juros. A semana não oferece muita mais substância, por isso é melhor não inventar nada. É provável que enfrentemos 2 semanas de aterragem, menos atividade, lateralidade e espera até que algo novo mova o mercado. As bolsas estão a ficar cansadas, mas não identificamos razões para quaisquer retrocessos relevantes.

Obrigações: “A atenção foca-se nos registos de inflação.”

A Fed mantém taxas de juros em 5,25%/5,50% como esperado e revê em alta as suas previsões de crescimento e, em menor medida, as da inflação. O diagrama de pontos continua a apontar para 3 descidas em 2024, mas apenas 3 (vs 5 anterior) em 2025. O BoE também cumpre o guião, repetindo taxas de juros em 5,25%. A surpresa é do SNB com uma descida de -25pb até 1,5% perante uma inflação que leva meses abaixo do objetivo de 2%. Esta semana, a atenção centra-se no Deflator do Consumo Privado (PCE) de março nos EUA (sexta-feira). Refletirá a dificuldade dos avanços na “última milha” contra a inflação, o que poderá pesar nas secções largas das curvas. No mercado primário, numa semana curta, as emissões baixam em intensidade e focam-se em prazos curtos. Esperamos consolidação ou ligeira subida das yields das obrigações. Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,25%/4,35%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,35%/2,45%.

Moeda: “Esperamos dólar forte após mensagens da Fed.”

EuroDólar (€/USD).– Depois da reunião da Fed, desenha-se um cenário de menos uma descida de taxas de juros em 2025 e uma décima superior em taxas a longo prazo, o que deverá ter impacto positivo no dólar. Além disto, a referência macro mais relevante será o Deflator do PCE (S), que se espera que aumenta uma décima até 2,5%, o que também apoiará o dólar. Em conjunto, esperamos apreciação na semana. Int. est. (semana): 1,075/1,084. EuroLibra (€/GBP).– O BoE cumpriu com o esperado e manteve a Taxa Diretora em 5,25%, nenhum conselheiro votou a favor de subir taxas de juros. Para esta semana, esperamos haja realizações de benefícios e que a libra se aprecie face ao euro. Int. est. (semana): 0,853/0,870. Eurosuizo (€/CHF): Sem macro relevante na Suíça e com IPCs mistos na UE (França a moderar-se, mas Espanha a subir), esperamos uma semana lateral no câmbio. O franco consolidará a sua depreciação depois da descida surpresa da taxa diretora do SNB. Int. est. (semana): 0,962/0,979. EuroYen (€/JPY).– Estimamos uma estabilização/apreciação do yen depois da subida de taxas de juros por parte do BoJ. O próprio banco central adverte que está preparado para intervir. Int. est. (semana): 164,0/160,0. EuroYuan(€/CNH).– Embora o PBoC tenha mantido taxas de juros (1A em 3,45% e 5A em 3,95%), o mercado espera descidas nos próximos meses. O yuan continuará fraco esta semana, se os dados da inflação na Europa não surpreenderem negativamente. Int. est. (semana): 7,83/7,89.