Estratégia de Investimento Semanal (22 de janeiro)

Estratégia de Investimento Semanal (22 de janeiro)

24.01.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Quer subir, mas não deveria. Resiste a corrigir os excessos. Sobe mais. O BCE como protagonista.”

A semana passada foi de perfil baixo, como estimávamos, com saldo líquido entre indefinido e ligeiramente em baixa.- Mas continua sem corrigir os excessos de nov./dez. de 2023. E se o mercado se resiste a corrigir, o resultado será uma evolução lateral ou de lenta descida durante semanas. Dependerá do que transmitam os bancos centrais nas suas reuniões, em finais de janeiro (BCE a 25, Fed a 31 e BoE a 1 de fev.). Isso seria pior porque poderia impor-se uma sensação de desânimo durante algum tempo. O caso é que tivemos bolsas anódinas e erráticas em intervalos estreitos, mas as obrigações continuaram a elevar as suas yields progressiva e lentamente. Isso já é algo bom. Tanto Lagarde como Knot (BCE) realizaram, em Davos, declarações inesperadamente hawkish/duras, insinuando que as descidas de taxas de juros tardarão até ao verão, inclusive, o que começa a estar alinhado com a nossa estratégia de investimento, que intencionalmente distanciámo nos do que era o consenso por convicção própria. Asegunda ronda de inflação será por subidas salariais, que já começaram a ser vistas nas inflações de dezembro, publicadas nas últimas 2 semanas. E a terceira, que é nova, chegará a partir de junho - mais ou menos - e dever-se-á ao encarecimento dos fretes por causa da inutilização do canal de Suez perante o terrorismo no Mar Vermelho, que obrigada a navegar a rodear África pelo Cabo da Boa Esperança. Isso encareceu o custo de transportar um contentor desde a China até à Europa desde ~3.000$ até ~7.000$. Como boa notícia, a AIE (Agência Internacional da Energia) publicou um relatório no qual estima sobreprodução de petróleo em 2024, em grande medida pelo arrefecimento da economia chinesa. Portanto, deveríamos começar a pensar em preços à volta de 70$/b. (Brent) em vez de 80$/b., e isso é estupendo para as bolsas e economia global. Outra coisa é o timing… Nesse contexto era impossível que as bolsas evoluíssem para melhor, já que bastante conseguiram com lateralizar e consolidar níveis. Mas continuam sem corrigir… :: Esta semana não esperemos nada diferente da anterior, porque o BCE deverá arrefecer as - ainda excessivas - expetativas de descidas de taxas de juros.- Embora a segunda-feira seja em alta após os novos máximos históricos de sexta-feira em S&P500, DJI30 e Nasdaq-100... cuidado. O BCE reunir-se-á na quinta-feira. Não moverá, mas a sua mensagem será tão hawkish/dura como foi a de Lagarde e Knot (conselheiro dos Países Baixos) em Davos, na semana passada. Arrefecerão as expetativas otimistas sobre descidas de taxas de juros e isso bloqueará as bolsas europeias. Além disso, o Deflator do Consumo americano (PCE), que será publicado na sexta-feira, deixará de retroceder, provavelmente repetindo em +2,6%, o que será coerente com os recentes aumentos da inflação europeia e americana. O toque positivo poderá vir, como na semana passada, dos resultados de algumas tecnológicas (SAP, ASML, Lam Research, STMicro, Intel…) e isso permitiria que estas subissem num contexto de bolsas hesitantes. O mercado carece de estímulos para continuar a subir como fazia no final de 2023, mas desfruta de um apoio muito sólido composto por inflação e taxas de juros em baixa (embora mais lento e menos profundo do que se desconta), ciclo expansivo, melhoria dos benefícios empresariais, petróleo com tendência a tornar-se barato, muita liquidez e avaliações de bolsas não stressadas. Quer subir mais, mas não deveria.

Obrigações: “Ao ritmo do BCE e PCE americano.”

Os b.c tratam de arrefecer as expetativas de descidas de taxas de juros e as obrigações ressentem-se (yield em alta). Lagarde (BCE) considera que as descidas antecipadas pelo mercado (-150 pb em 2024) dificultam a gestão do BCE e vê possível uma descida no verão (vs maio segundo as curvas forwad). Nos EUA, Waller e Bostic (Fed) consideram viável baixar taxas de juros, mas sem se precipitarem. Talvez no 3T 2024? A yield do T-Note americano a 10A sobe até 4,15% (vs 3,85% em dez.23) com o Bund alemão em 2,30% (vs 1,95% em dez.23). É um movimento natural que temos vindo a avisar (estimamos descidas de -75 pb nos EUA e -50 pb na UE), mas não muda o atrativo das obrigações para 2024/2025. Esta semana, a atenção foca-se nas previsões macro e no guidance/mensagem do BCE/(quinta-feira) e no Deflator do Consumo/PCE dos EUA (sexta-feira). Int. (semanal) estimado T-Note: 4,10%/4,20%. Int. (semanal) estimado yield do Bund: 2,25%/2,35%.

Moeda: “Sem surpresas do BCE, atenção aos dados dos EUA.”

EuroDólar (€/USD):
As declarações de Lagarde, em Davos, contribuíram para o atraso nas expetativas de movimentos de taxas de juros europeias em baixa. Se não há surpresas na reunião do BCE, após os dados dovish de sexta feira nos EUA, manter a ligeira apreciação do dólar no ano dependerá da combinação do PIB americano (avanço 4T23) e do ajuste do Deflator subjacente do PCE (+3% est.; -0,2pp). Int. est. (semana): 1,085/1,096.
 
EuroLibra (€/GBP)
O inesperado aumento do IPC (4,0% vs 3,9% ant) arrefece as opções do BOE para relaxar a sua política monetária, apesar do debilitamento na atividade económica. Sem referências-chave no Reino Unido nem novidades nas mensagens do BCE, a libra deverá ganhar um pouco de terreno face ao euro, na semana. Int. est. (semana): 0,852/0,861.
 
Eurosuizo (€/CHF)
Os banqueiros centrais arrefecem as expectativas, em Davos, de descidas de taxas de juros na UE, enquanto o SNB ratifica o seu menor interesse em valorizar o CHF, propiciando uma depreciação do franco. A reunião do BCE não trará alterações. Int. est. (semana): 0,940/0,954.
 
EuroYen (€/JPY)
Semana marcada pela reunião do BoJ de amanhã. Não esperamos movimento de taxas de juros e acreditamos que a perspetiva de uma possível subida continuará a afastar-se no tempo. Assim, veremos uma nova semana de debilidade do yen. Int. est. (semana): 160,7/162,1.
 
EuroYuan(€/CNH)
Estimamos uma evolução lateral do câmbio. O PBoC manteve taxas de juros a 1 (3,45%) e 5 anos (4,20%), a pesar da debilidade económica na China. Por sua vez, o BCE manterá a sua taxa diretora em 4,50% e atrasará as expetativas de descidas. Int. est. (semana): 7,83/7,90.