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Estratégia de investimento semanal (15 Outubro)

18.10.2021

Escrito por: Bankinter Portugal

Estamos a entrar numa fase deste ciclo expansionista, que será longo, caracterizado pela consolidação dos dados macro. A aceitação de uma inflação ligeiramente superior durante mais tempo do que o esperado, sem que os bancos centrais aumentem significativamente as taxas de juro (embora reduzam os QE até zero e mesmo algum ajuste para acima das taxas), a perda de influência das decisões políticas e o “domínio” dos resultados empresariais. “Domínio” no sentido de que serão a variável dominante para o mercado (bolsas e obrigações) durante algum tempo, o que é saudável, porque a médio e longo prazo as bolsas evoluem de forma coerente com os resultados empresariais.

O ajuste das obrigações está em curso, sem prejudicar as bolsas, precisamente devido a essa expansão dos resultados. A convivência com uma inflação mais elevada do que o esperado torna-se aceitável, dado que tem certas vantagens sempre e quando os bancos centrais não reagem em excesso através do aumento das taxas de juro. Algo extremamente improvável uma vez que, com níveis de endividamento elevados (especialmente dívida pública), o recurso ao aumento das taxas de juro poderá frustrar o ciclo expansionista.

Os bancos centrais atuam agora, na prática, tendo em mente tanto o ciclo económico (PIB e emprego, acima de tudo), como a inflação. Se aceitarmos que esta interpretação da realidade económica é correta, o atual ciclo expansionista será longo e será acompanhado por mais alguma inflação. Inflação esta que as empresas não financeiras apenas irão absorver parcialmente contra as margens, enquanto que outra parte será transferida para os preços e impulsionará as vendas. É por isso que o ajuste nas obrigações (aumento da yield, redução dos preços) é compatível com as bolsas em expansão, sempre que esse processo de ajuste seja lento e progressivo, como está de facto a ser.

Esta semana temos muitos dados macro, quase todos americanos. No entanto o fluxo de resultados empresariais irá aumentar e será este que vai determinar a direção do mercado. O cenário natural, mais provável, será de que os dados macro irão estagnar ou mesmo perder algum impulso, no entanto esse facto pouco impacto terá visto que se encontram em níveis excelentes e os resultados empresariais do 3T serão francamente bons (S&P500 EPS esperado +28,4%), como tal servirá de compensação.

A Evergrande entra formalmente hoje em incumprimento, pois cumprem-se os 30 dias de carência após o incumprimento do seu primeiro cupão, mas o mercado compreende que “os problemas chineses permanecem na China”. 

A incerteza do orçamento fiscal dos EUA foi adiada para o final de novembro. Se os resultados empresariais estiverem à altura, como de facto pensamos que estarão, teremos uma semana de ligeira e agradável recuperação, mesmo que hoje corrija um pouco a inércia.