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Estratégia de Investimento Semanal (18 de Fevereiro)

21.02.2022

Escrito por: Bankinter Portugal

Bolsas: “Continuamos presos num compasso de espera, mas a tensão diminuiu. Tudo depende da Rússia.”

 

Consideramos que a semana passada foi boa tendo em conta as circunstâncias: a Rússia a esticar a corda e a Fed a manter a sua abordagem agressiva. Na quinta-feira, um desfecho militar parecia iminente, após os ciberataques e os bombardeamentos na região de Donbass, militarmente ocupada pela Rússia. Contudo, a situação não piorou e a Rússia aceitou realizar uma nova reunião com os EUA, por volta do dia 23, o que foi interpretado como um gesto para aliviar a situação. Por isso, os evidentes recuos de quinta-feira (S&P500 -2,1%) acabaram num mercado mais tranquilo na sexta-feira, com vontade até de alguma recuperação. Bullard, conselheiro hawkish (duro) da Fed com alguma influência nas decisões, reforçou a sua defesa de aplicar uma estratégia de saída de forma rápida, o que inclui não só o fim do programa de compras de ativos e o início das subidas das taxas de juro, como também a redução do balanço, através da venda progressiva das obrigações que possui. Contudo, o mercado não deu demasiada importância a esta situação e ficou concentrado na geoestratégia. Além disso, já sabemos que Bullard é hawkish e que costuma ser muito insistente a mostrá-lo nas suas intervenções. Talvez a única coisa positiva do “problema russo” seja a relativização da importância da agressividade da Fed. Por isso, a semana passada foi até bem decente tendo em conta o contexto.

Muita macroeconomia, mas… quem está interessado neste momento? A Rússia é que manda.- Hoje, segunda-feira, Wall St. fechado e na quarta-feira será a vez de Tóquio. Por isso, a sessão de hoje perderá conteúdo, salvo que exista algum movimento da Rússia. Os PMIs europeus que se publicam deverão ser de continuidade, uma vez que deverão continuar a mostrar uma expansão económica em níveis confortáveis e terão pouca ou nenhuma influência. 

O resto da semana teremos alguma abundância de indicadores macroeconómicos de 1.ª linha, cujo tom geral seja provavelmente construtivo, apoiando as bolsas que também contam com o apoio dos resultados empresariais realmente positivos e cujas expetativas para 2022/23 estão a ser revistas ligeiramente em alta. Assim sendo, os fundamentos estruturais das bolsas continuam a ser bons ou muito bons, pelo que estas recuperam sempre que a Rússia e a Fed não lhes dificultam a tarefa. Contudo, nenhuma recuperação será fiável até que não seja resolvida a “incerteza russa”. O “ponto-chave gerível” continua a ser a Fed e o “ponto-chave não gerível” a Rússia... que continua a ser o elemento mais importante para o mercado, pelo menos até à segunda semana de março, quando o degelo tornará praticamente inacessíveis, devido à lama, as planícies ucranianas. Neste caso, e simplesmente por questões climatéricas, uma invasão será menos provável. Continuámos presos numa espera tensa. Embora neste momento, e ao contrário do que na semana passada, ligeiramente menos tensa. Esta é a única diferença. Contudo, a nossa confiança de que isto represente uma mudança para melhor é de quase zero. Lembramos que qualquer intervenção russa na Ucrânia nos levará a pôr em prática a denominada “Fase 2” quantitativa da nossa estratégia de reação: reduzir exposição -10% em todos os perfis de risco. Isto não se alterou, salvo que acabe por ser uma intervenção militar estética, sem consequências. Então, citando Keynes, se as circunstâncias se alterarem, a nossa opinião também poderá alterar-se… obviamente.

 

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