Estratégia de Investimento Semanal (15 de dezembro)

Estratégia de Investimento Semanal (15 de dezembro)

18.12.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Consolidação após o rally pós-Fed. Ano terminado.”

Semana passada excelente, principalmente nos EUA, graças à Fed, que talvez se precipitou com a sua inesperada nova abordagem dovish/suave.
A Fed foi responsável por um rally de bonos (yields em baixa) rápido e concentrado em 12h, como poucas vezes se viu. As taxas inferiores inevitavelmente relançaram as bolsas, principalmente Wall St. Tudo isso a partir de quarta-feira à noite, após uma reorientação dovish/suave que mudou tudo. Repetiu em 5,25/5,50%, como esperado, e o comunicado incorporou algum matiz dovish (o PIB desacelera, mas a inflação também), mas o mais dovish foi o diagrama de pontos (inquérito anónimo em que os conselheiros indicam o que acreditam que as suas taxas diretoras farão nos próximos 3 anos): 17 dos 19 conselheiros acreditam que baixarão taxas de juros em 2024, estimando -75 pb em 2024 e -125 pb em 2025… embora com ampla dispersão de opiniões. As obrigações americanas voaram nas horas seguintes: o T-Note rompeu a fronteira de 4%: 3,95%, -25pb; a O2A 4,34%, -35p. As europeias tiveram uma reação preliminar parecida, mas menor em profundidade, porque deviam esperar que o BCE confirmasse, ou não, na sua reunião do dia seguinte, na quinta-feira, essa surpreendente nova abordagem dovish…algo que não fez. Como tampouco fizeram o BoE, SNB suíço e muito menos o Norges Bank norueguês, que subiu taxas de juros. Todos foram bastante hawkish/duros. Principalmente o BCE, embora passasse um pouco despercebido, porque a sua atual e já executada redução de saldo mediante o não reinvestimento dos vencimentos do programa APP (ca. -25.000M€/mês) acrescentará -7.500M€/mês do PEPP, a partir de julho de 2024. Se é algo, é hawkish. A Fed fico só em apenas 24h com a sua reorientação dovish, que pode ter sido precipitada porque, com o rally de obrigações e bolsa provocado, poderá promover essa “exuberância irracional” de mercado que sempre quis neutralizar. Temos a impressão de que, após o empurrão da Fed da semana passada, podemos dar 2023 por terminado.
Resta consolidar nas 2 semanas restantes de 2023, até que algo novo mova o mercado já em 2024. As referências mais relevantes desta semana são sobre preços: a inflação britânica de quarta-feira e o Deflator de Consumo (PCE) americano de sexta-feira. Ambos os resultados são ainda de novembro, assim que não há nada a temer, porque os preços desse mês ofereceram algum modesto retrocesso de inércia. Pode ser que os de dezembro também. Será em janeiro/fevereiro que estimamos os efeitos da segunda ronda (salários, principalmente) sobre a inflação resultarão numa fase de aumento da mesma… algo que nem toda a gente se apercebe, ainda, mas que consideramos altamente provável. Embora ambas as referências de preços britânicos e americanos saiam ligeiramente boas, o mercado já não tem capacidade para reagir e continuar a subir (bolsas e obrigações), porque o mini-rally que a Fed provocou na semana passada, logo arrefecido, na Europa, por BCE, SNB suíço e Norges Bank norueguês, deverá conduzir a uma fase de lateralidade e consolidação de níveis. Principalmente porque a nova abordagem dovish da Fed, que foi o que permitiu esse mini-rally desde a passada quarta-feira à noite, procede do diagrama de pontos e não da sua mensagem formal, embora faça parte do mesmo. O diagrama de pontos é um questionário anónimo em que os conselheiros indicam o que acreditam que acontecerá às taxas de juros nos próximos 3 anos, que reúne visões sinceras (devido a ser anónimo), mas sem intenções firmes de ação futura. É uma diferença-chave. Assim, a consolidação é o desenvolvimento mais lógico esta semana e, em relação à inércia, para a próxima semana também, porque será Natal, a atividade decairá e o ano será dado como terminado. Um ano excelente. Absolutamente coerente com a nossa estratégia de investimento pró-riscos, que reafirmamos hoje na nossa Estratégia de Investimento 2024 (brevemente disponível em português).

Obrigações: “Adeus ao ciclo em alta nas taxas de juros.”

Continua o rally com a yield do T-Note, nos EUA, a 10A em 3,90% (vs 4,35% en nov.) e o Bund alemão em 2,05% (vs 2,45%). Após o maior endurecimento da política monetária em décadas, os bancos centrais dão por terminado o ciclo em alta nas taxas de juros. O diagrama de pontos que reflete a opinião dos conselheiros da Fed reflete 3 descidas de taxas de juros em 2024 (-75 p.b.) e -125 p.b. adicionais em 2025 para os Fed Funds (agora em 5,25%/5,50%). Isto é o mais importante, porque os EUA marcam o rumo. O BCE ainda não está a considerar uma mudança de estratégia (há que ter paciência antes de descer taxas de juros) e acelera a redução de saldo, mas o mercado dá por garantido que é apenas uma questão de temp. Esta semana, a atenção centra-se na melhoria prevista do indicador de preços favorito da Fed (Deflator do Consumo/PCE, na sexta-feira). Intervalo (semanal) estimado T-Note: 3,85%/3,95%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 1,95%/2,10%. Link para o vídeo (em espanhol).

Moeda: “O dólar retrocede devido às perspetivas para as taxas de juros.”

EuroDólar (€/USD) 
Após as reuniões dos bancos centrais da semana passada, a Fed está agora na vanguarda das expetativas de ser o primeiro b.c. a descer taxas de juros em 2024, um lugar até agora ostentado por BCE. Esta mudança de cenário é depreciativa para o dólar. Int. est. (semana): 1,085/1,095.
EuroLibra (€/GBP) 
O Brexit e a escassez de mão de obra geraram inflação, mas esta semana espera-se uma diminuição no IPC geral (4,3% vs 4,6% ant) e na Taxa Subjacente (5,6% vs 5,7% ant). Isto aliviará a pressão sobre o Banco de Inglaterra, mantendo a libra fraca. Int. est. (semana): 0,856/0,865.
Eurosuizo (€/CHF) 
O SNB mantém as suas taxas de juros em 1,75% e aponta para o final do ciclo de subidas. Abandona a referência à atuação no mercado de divisas e reduz a pressão sobre o CHF. Int. est. (semana): 0,955/0,940.
EuroYen (€/JPY) 
Semana indiscutivelmente marcada pela reunião do BoJ de amanhã. Esperamos que se mantenham taxas de juros (não subirão até a primeira ou segunda reunião de 2024). Se não houver surpresas, a semana será de escasso movimento na divisa. Int. est. (semana): 154,7/156,7.
EuroYuan(€/CNH) 
Semana marcada pela reunião do PBOC (quarta-feira). Prevê-se que mantenha taxas de juros sem alterações (1A em 3,45% e 5A em 4,20%). A ser confirmado, prevemos pouca volatilidade no câmbio. Int. est. (semana): 7,75/7,85.