Estratégia de investimento semanal (12 Novembro)

 

Um mercado mais tolerante à inflação cujo centro de gravidade se desloca para os primeiros números de vendas da época natalícia.

Com o Dia de Acção de Graças nos EUA na quinta-feira dia 25 de novembro, da próxima semana e a Black Friday no dia 26, o foco desloca-se para os primeiros números a serem divulgados. Previsivelmente, independentemente da forma que sairem, serão menos confusos de interpretar do que os do Single’s Day na China.

Espera-se (National Retail Federation) um intervalo de +8,5%/+10% vs média de +4,4% dos últimos 5 anos. Se for verdade, será um modesto fator de impulso para  Wall Street para o final do ano, depois de uns resultados do 3T’2021 bons e que superaram as expetativas (EPS S&P500 +40% vs +28,4% esperados), que são o pilar que suporta os recentes máximos históricos.

Mas, mesmo que a Black Friday seja a próxima referência importante, antes disso esta semana temos dados macro de média/alta intensidade que, especialmente da frente americana, oferece um aspeto de construção em vez de destruição.

Hoje, o Empire Manufacturing irá melhorar (22,0 vs 19,8).

Amanhã um dia forte nos EUA: Produção Industrial (+0,8% vs -1,3%), Grau de Utilização da Capacidade Produtiva (75,9% vs 75,2%) e Vendas a Retalho (+1,3% vs +0,7%).

Na quarta-feira, a inflação europeia será confirmada em +4,1% e na quinta-feira o Indicador Avançado americano será bom (+0,8% vs +0,2%).

Na sexta-feira nada de relevante.

Enquanto tudo isto estiver a ser publicado, vários conselheiros Fed (Bostic, Evans e Mestner) falarão, provavelmente com uma abordagem bastante hawkish, mas isso não importará porque o mercado decidiu dar um adiamento à inflação, tanto nos níveis como no tempo. Uma extensão que pode prolongar-se por todo o 1T’2022 ou mesmo por mais tempo.

Estaremos atentos porque esta inflação é do lado da oferta e não do lado da procura, pelo que não será resolvida através do aumento das taxas. É por isso que os bancos centrais irão extremamente devagar. E é por isso que as bolsas continuam a subir e as obrigações não sofrem demasiado.

O saldo líquido desta semana será provavelmente positivo... salvo uma precipitação geoestratégica, que é impossível de prever... e de evitar, se isso acontecer, seria um "cisne negro" ao estilo de Nassim Taleb: conflito com a Rússia a sério se, depois de pressionar a Polónia utilizando a Bielorrússia e o gás como arma de guerra, este país invadisse a Ucrânia. Já invadiu a Crimeia em 2014 para testar as defesas europeias, que acabaram por ser nulas. Mas se isso não acontecer, tudo bem e bom enquanto aguardamos os números da Black Friday, que serão bons.