Estratégia de Investimento Semanal (11 de março)

Estratégia de Investimento Semanal (11 de março)

11.03.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Inflação EUA (terça-feira) e reunião da Fed (próxima semana). Sem obstáculos, mas deve abrandar o ritmo.”

Na semana passada, BCE voltou a iludir o mercado a partir de quinta-feira, embora não houvesse muitas razões objetivas para tal.- OBCE não transmitiu nada de novo na sua reunião de quinta-feira em relação a política monetária/taxas de juros, visto que Lagarde afirmou que continuará à espera até junho para ter mais dados (salários, principalmente), mas reviu em baixa o PIB2024 (+0,6% vs +0,8%) e inflação 2024 (+2,3% vs +2,7%) e isso fez com que muitos (a maioria do mercado, de facto) confiasse que a primeira descida de taxas de juros será em junho. Mas não foi isso que foi dito. O que não significa que não possa acontecer. Mas é preciso saber distinguir que, uma coisa é o que pode acontecer e outra é o que certamente acontecerá. Contudo, com esta interpretação mais dovish/suave, as bolsas subiram com força, as obrigações reduziram yield (subidas de preços) e, inexplicavelmente, o euro apreciou-se até quase 1,10. “Inexplicavelmente” porque um menor PIB devia tê-lo depreciado, e o mesmo se passou ao considerar-se “altamente provável” a descida de taxas de juros em junho (reunião do BCE a 6 de junho). O que aconteceu foi que, como o fundo do mercado é hipersólido, um cenário supostamente mais claro em relação a taxas de juros animou as bolsas de forma pouco reflexiva, porque… “para quê complicar a vida a duvidar, se tudo parece bom?”. Para completar a semana, na sexta-feira, saíram uns dados de emprego americano confusos e dos quais era quase impossível extrair conclusões práticas, porque a Criação de Emprego voltou a ser boa ou muito boa (Não Agrícola +275k vs +200k 3,7%) e os Ganhos Pessoais abrandaram um pouco (+4,3% vs +4,4%). No final, uma interpretação talvez excessivamente otimista do transmitido pelo BCE permitiu que as bolsas europeias voltassem a subir no saldo semanal (ES-50 +1,4%), embora não Nova Iorque, provavelmente devido ao confuso emprego americano de sexta-feira.
Esta semana, inflação americana, terça-feira, e pouco mais, porque a próxima referência relevante será a reunião da Fed, a 20 de março.
Ambos os eventos estão direta e intimamente interrelacionados. A predisposição para baixar taxas de juros por parte da Fed depende da evolução da inflação, principalmente. Mas, igual ao BCE, na semana passada, recomendamos manter a cabeça fria e só ter esperanças naquilo que é objetivamente justificado, sem cair em complacências, nem precipitações, como ocorreu na semana passada após a reunião do BCE, na quinta-feira, dia 7. Os bancos centrais não apoiam quase nenhuma pressão para baixar taxas de juros porque não só o ciclo económico está muito confortável (um pouco menos na UE) e a inflação retrocede, mas também, na prática, o desemprego é inexistente e os preços imobiliários não sofrem quase nada, apesar das subidas de taxas aplicadas. Essa combinação resulta num contexto sem pressões sociais sobre os bancos centrais para que baixem taxas de juros urgentemente. E eles preferem deixar as coisas como estão durante tanto tempo quanto possível para não incorrer em riscos (baixar taxas de juros quando não há desemprego poderia reativar a inflação) e não consumir uma munição que poderão precisar mais tarde. Por isso, a positiva reação do mercado, na semana passada, após a reunião do BCE parece complacente. E, por isso também, muito teria de dececionar a inflação americana, nesta terça-feira, para que as bolsas perdessem a sua inércia em alta de fundo. Espera-se que repita em +3,1% e que a Taxa Subjacente melhore 2 décimas, até +3,7%. Isto é interessante por 2 razões que convidam a reagir friamente quando, na terça-feira, se publiquem os dados: (i) parece que a inflação já não retrocede tão rapidamente. Insistimos que, muito provavelmente, estancará ou até aumentará no primeiro semestre. (ii) A Taxa Subjacente (isto é, a tendencial) dificilmente retrocederá a curto prazo abaixo do intervalo +3%/+4%, o que significa que não foi de todo controlada. Acreditamos que a inflação americana de terça-feira dará mais visibilidade a esta perspetiva menos complacente, de forma que, sem perder a sua inércia em alta de fundo, as bolsas evoluirão de forma menos sólida do que na semana passada.
O tom bastante dovish de Powell perante o Congresso e o Senado e do BCE na sua reunião sobre taxas de juros fixa as expetativas de uma primeira descida de taxas de juros em junho, em ambas as geografias. As curvas de taxas de juros (secção 2/10 anos) estão a baixar -15pb durante a semana. O foco aqui é a inflação americana de fevereiro, na terça-feira. Prevê-se que a Taxa Geral repita em +3,1% e que a Subjacente retroceda 2 décimas até +3,7%. Se cumpre o esperado será satisfatório, mas não o suficiente para relaxar o tom de prudência da Fed, que se reúne na próxima semana. Mas o cenário mais provável de moderação da inflação deverá manter a tendência de ligeiro relaxamento de yields nas secções mais longas das curvas. A concentração de emissões no mercado primário nos vencimentos curtos contribuirá para retirar pressão nos longos. Int. (semanal) estimado T-Note: 4,00%/4,15%. Int. (semanal) estimado yield do Bund: 2,20%/2,30%.

Moeda: “Menor intensidade até à reunião da Fed.”

EuroDólar (€/USD)

Comentários de Powell (Fed) e Lagarde (BCE) da semana passada não mudaram as expetativas do mercado sobre o início de descidas de taxas de juros (junho), mas refletiram-se numa depreciação do dólar até níveis superiores a 1,09 EUR. Esperamos que a moeda mantenha a referência até à reunião da Fed (20 de mar). Int. est. (semana): 1,085/1,100.
EuroLibra (€/GBP)

Um orçamento austero refirma a convicção de que o BoE será o último banco central a iniciar a descida de taxas de juros, mantendo a apreciação da libra. Esta semana, dados de emprego e salários fortes reafirmarão a tendência. Int. est. (semana): 0,845/0,856.
Eurosuizo (€/CHF)

Semana de poucas referências macro na Suíça. As atenções focam-se na reunião do SNB (quinta-feira, 21/03). O mercado desconta (prob: 55%) que se mantenham as taxas de juros. Esperamos uma semana lateral à espera do SNB. Int. est. (semana): 0,952/0,966.
EuroYen (€/JPY)

Japão evita a recessão técnica depois da revisão em alta do PIB 4T. Esta melhoria, junto com as previsíveis subidas salariais, permitirão abrir caminho para que o Banco do Japão possa terminar a era de taxas de juros negativas. Positivo para o yen. Int. est. (semana): 161,50/159,50.
EuroYuan(€/CNH)

Sem referências relevantes, o Yuan deverá continuar fraco esta semana, sobrecarregado pela fraqueza da economia chinesa e das possíveis descidas de taxas de juros adicionais por parte do PBoC. Int. est. (semana): 7,83/7,91.