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Estratégia de investimento semanal (06 Setembro)

06.09.2021

Escrito por: Bankinter Portugal

Ações: “Mercado forte. Benevolência por inércia e mais continuidade benigna. BCE na 5ª feira… sem surpresas?”

 

 

O dado do emprego americano da semana passada foi fraco, mas as bolsas aguentaram extraordinariamente bem, exceto na 6ª feira, quando se verificaram ligeiras tomadas de mais-valias, que foram mais intensas na Europa (ES-50 -0,7%) que nos EUA, onde a tecnologia neutralizou o impacto (Nasdaq-100 +0,3%) pois foi afetada positivamente por uma hipotética reação algo mais dovish da Fed, precisamente devido ao dado do emprego menos sólido do que o esperado. Nada é realmente mau para um mercado que parece resiliente e invulnerável a quase todo o tipo de circunstâncias atuais. Apesar de o saldo semanal ser algo dececionante se o comparamos com o que poderia ter sido se o dado do emprego tivesse sido bom, devemos ter em conta que tanto o S&P500 como o Nasdaq-100 registaram novos máximos históricos, 4536,95 na 5ª feira e 15641,41 na 6ª feira, respetivamente. As obrigações ficaram quase inalteradas, provavelmente em níveis demasiado elevados. As divisas refúgio não ofereceram nenhum indício de nervosismo (Iene 130,3/€). A melhor notícia é que é improvável que esta situação se altere substancialmente nas próximas semanas ou mesmo meses.

5ª feira será o dia D, não só devido à reunião do BCE.

Devemos memorizar duas datas: 5ª feira 9 reunião do BCE e 4ª feira 22 reunião da Fed. Ambas pelo mesmo motivo: a possibilidade (com maior probabilidade no caso da Fed que no do BCE) de que se insinue o especifique quando e em que condições irão começar a reduzir os estímulos monetários. Atualmente, o BCE compra 110.000M€/mês e a Fed 120.000M$, principalmente em obrigações. Estes valores poderão começar a diminuir em breve, talvez este ano. Isto é o que mais tensão gera no mercado neste momento. Não é uma tensão grave que possa levar a mudar o tom benevolente e benigno, mas pode sim levar a que o avanço das bolsas pare e a um ligeiro aumento das yields das obrigações se os bancos centrais mostram uma abordagem mais hawkish/agressiva do que o esperado. Ainda assim, é pouco provável que isso aconteça, pois, os principais bancos centrais do mundo, e especialmente a Fed e o BCE, têm tanto medo a equivocar-se e frustrar o ciclo económico que ignoram o aumento da inflação para dessa forma poderem executar uma redução de estímulos extremamente lenta, suave e progressiva que proteja os níveis atuais dos preços dos ativos (principalmente das bolsas e das obrigações). Não estão dispostos a tomar decisões que coloquem em risco o crescimento económico, o emprego… ou as bolsas e as obrigações.

Esta semana devemos estar atentos à reunião do BCE na 5ª feira, mas não preocupados pela mesma. Qualquer desfecho razoável (ou seja, indiquem ou não algo sobre os estímulos) será de continuidade para o mercado. É possível que a abertura de hoje seja altista devido à inércia da semana passada, mas pouco sólida, pois a bolsa de NY estará fechada. Amanhã será divulgado o ZEW alemão (sentimento económico) e também conheceremos a revisão do PIB 2T 2021 da UEM, mas mesmo que estes indicadores baixem um pouco (o que é provável, especialmente no caso do ZEW) o pior que pode acontecer é uma tomada de mais-valias perfeitamente válida, parecida à de 6ª feira. Depois, na 5ª feira, a atividade estará em mínimos e os mercados estarão nervosos até à reunião do BCE às 13:30h (hora da conferência de imprensa; o comunicado será divulgado às 12:45h) cujo desfecho tem uma baixa probabilidade de ser mau para o mercado. Durante a tarde vão falar 5 membros da Fed pois na próxima semana já estarão submetidos ao “blackout”  prévio à reunião de dia 22, pelo que devemos estar preparados para algumas mensagens hawkish, porque serão principalmente os conselheiros mais hawkish os que vão tentar chamar à atenção. Uma vez que tudo isto passe, o mercado dever-se-á estabilizar e provavelmente recuperará os níveis anteriores a estes eventos. Desta forma, 6ª feira será um dia de ligeiras subidas para normalizar a situação.

A não ser que algo inesperado aconteça, o que é tão imprevisível como improvável, dentro de uma semana estaremos mais ou menos nos mesmos níveis, e continuaremos a desfrutar de continuidade benigna, à espera da abordagem da Fed no dia 22.