Estratégia de Investimento Semanal (05 de fevereiro)

Estratégia de Investimento Semanal (05 de fevereiro)

06.02.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Semana de resultados e banqueiros centrais. O razoável é que a inércia em alta nas bolsas perca intensidade.”

Na semana passada vimos uma nova semana em alta para as bolsas, apesar da aparição de certos obstáculos. Nem as declarações com tom hawkish de Powell, após a reunião da Fed, nem os problemas de certos bancos regionais americanos (índice KBW Regional Banks -7% na semana), nem a surpresa na aceleração dos salários nos EUA em janeiro (+4,5% vs 4,1% est,) conseguiram travar a inércia em alta das bolsas. Nos EUA, o S&P subiu mais +1,4% e o Nasdaq 100 +1,3%, alcançando novos máximos históricos na semana. Na Europa, o ES-50 avançou +0,4%. Os bons resultados na tecnologia e a perspetiva das próximas descidas de taxas de juros impulsionaram novamente as bolsas. Nas obrigações, as rentabilidades fecharam finalmente em baixa (T-Note -12 p.b., até 4,02%, Bund -6 p.b. até 2,24%) numa semana com muita volatilidade. :: Esta semana, avalancha de resultados corporativos e declarações de banqueiros centrais. A macro perde relevância.- A temporada de resultados ganha tração, com mais de 100 empresas do S&P e outras tantas do Stoxx600. Até agora, os resultados, sem chegarem a ser brilhantes, batem estimativas. Nos EUA, o EPS do S&P avança +5,4% vs 1,5% estimado. Outra nota positiva é a tendência de melhoria ao longo do ano. À medida que ocorram as descidas de taxas de juros e se relaxem as pressões inflacionistas, o crescimento acelerará. O EPS 2024e do S&P500 aproximar se-á do duplo dígito. E, no caso da tecnologia, ainda mais (+22% em Nasdaq-100). Intervenções frequentes de membros da Fed e do BCE. Insistirão na mensagem das recentes reuniões: precisam de ganhar mais confiança sobre o controlo da inflação antes de começar as descidas. Principalmente tendo em conta certos fatores que poderão afetar negativamente, como pressões salariais e a possibilidade de problemas nas cadeias de fornecimento. O objetivo é continuar a arrefecer as otimistas expetativas do mercado, tanto em timing como em profundidade das descidas. Para o BCE (Taxa de Crédito em 4,50%), o mercado atribui uma probabilidade superior a 60% para o início das descidas em abril, com um total entre -125 e -150 p.b. este ano. Para a Fed (intervalo 5,25%/5,50%), espera a 1.ª descida para maio, superando -125 p.b. de descida no ano. A inércia em alta das bolsas é sólida, mas o razoável é que perca um pouco de intensidade. O cenário 2024 é favorável: novo ciclo com descidas de taxas de juros, fortalecimento de resultados empresariais, contexto geopolítico assumível e liquidez abundante. Após o rally de finais de 2023, consolidar seria razoável. Contudo, as bolsas mantêm o seu tom expansivo porque quase tudo favorece tomar riscos: +4% S&P500, +5% Nasdaq[1]100,+3% ES-50... Para esta semana, esperamos umas sessões de mais lateralidade e um tom de mais cautela. Na frente empresarial, não teremos resultados de grandes tecnológicas que possam surpreender em alta. Nas taxas de juros, as mensagens dos b.c serão continuístas e com o objetivo de arrefecer as expetativas de descidas de taxas de juros, como foi o caso de Powell numa entrevista, ontem, a CBS (ver contexto). E, na frente macro, os dados não deverão surpreender. Sem novos catalisadores, o previsível e prudente é que o rally perca um pouco de vigor. Além disso, a força dos salários nos EUA e os problemas de alguns bancos regionais terão uma nota de cautela.

Obrigações: “Aumento suave na yield em vista.”

Semana volátil. A yield das obrigações cedeu ao longo da semana, favorecida por uma Fed que mostra cautela, mas não assusta; umas estimativas de emissão do Tesouro americano menores do que o esperado e uma macro benigna. Contudo, na sexta-feira, tanto a Criação de Emprego Não-Agrícola (353k) como os Salários médios por hora (+4,5% a/a) surpreenderam significativamente em alta, o que provocou certa correção dos excessos vistos ao longo da semana. Após os b.c, a intensidade macro reduz-se e a atenção irá para as comparências dos banqueiros centrais. Deveremos ver alguma estabilização/subida das rentabilidades, já que com um emprego forte é difícil que vejamos um ajuste nas taxas de juros tão cedo como o mercado desconta. De momento, mantém-se uma clara desconexão entre mercado e os b.c. Int. (semanal) estimado T-Note: 4,00%/4,20%. Int. (semanal) estimado yield do Bund: 2,20%/2,35%.

Moeda: “O dólar valorizou-se após a reunião da Fed.”

EuroDólar (€/USD): Sem surpresas na decisão da Fed de manter as taxas em 5,25%/5,50%. Mas a falta de indicações por parte do seu presidente em relação ao timing de descidas de taxas de juros serviu para apreciar o dólar. Além disso, na semana anterior, o PIB 4T foi melhor do que o esperado (primeiro avanço +3,3% t/t anualizado vs. +2,0% esp. e +4,9% ant.) e o dólar fortaleceu-se. Int. est. (semana): 1,075/1,090.

EuroLibra (€/GBP) O BoE manteve taxas em 5,25%, mas 2 conselheiros defenderam o aumento. Alguma volatilidade no câmbio e a libra acabou por depreciar-se. Esta semana, perante o conjunto de macro fraca na UE, esperamos o movimento contrário. Int. est. (semana): 0,847/0,857.

Eurosuizo (€/CHF): Semana de escassas referências na Suíça, apenas com dados de emprego (Q). Com os níveis de inflação controlados, o SNB reduz a sua necessidade de um franco forte, e depois das subidas acumuladas poderemos ver algum corte. Int. est. (semana): 0,930/0,945.

EuroYen (€/JPY): Semana de escassas referências em que o Yen continuará apoiado, inclusive a apreciar-se ligeiramente, perante as expetativas de que o BoJ termine em abril a política de taxas de juros negativas (atualmente em -0,10%). Int. est. (semana): 158,5/161,4.

EuroYuan(€/CNH): As chaves para o câmbio na semana são os dados de preços na China (IPC e Preços Industriais). Será reforçado o cenário de deflação e, com isso, o Yuan deverá depreciar-se face ao euro. Int. est. (semana): 7,75/7,83.