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Estratégia de Investimento Semanal (04 de Fevereiro)

07.02.2022

Escrito por: Bankinter Portugal

Na última semana o  BCE mostrou indefinição: por um lado, mantém a sua mensagem oficial de retirar gradualmente os estímulos monetários, mas, na sua intervenção, Lagarde reconheceu que existe um receio generalizado devido ao aumento da inflação.

 

Após a reunião, o mercado aumentou a expetativa de subidas das taxas de juro. Isto leva a uma ampliação significativa da rentabilidade/yield das obrigações, por exemplo, a yield do Bund encontram-se em terreno positivo (+0,20%), e leva também a uma ampliação dos prémios de risco, especialmente na periferia. Sobre-reação?

É possível. Especialmente tendo em conta que a inflação subjacente está a descer (+2,3% em janeiro vs +2,6% em dezembro) o que deverá permitir que os movimentos do BCE sejam mais graduais.

Contudo, Knot do BCE é o primeiro conselheiro a afirmar diretamente que poderá ser necessária uma subida das taxas de juro no 4T 2022. O BoE também manteve um tom hawkish: com um aumento das taxas de juro até +0,5% e o anúncio do fim do QE (novidade) reduzindo assim o balanço, embora de forma estável. Foi uma semana de elevada volatilidade em que as notícias negativas exerceram grande impacto, uma vez mais com particular efeito no Setor Tecnológico. (Meta Platforms: -26% na sessão de 5ª feira após publicação de resultados piores do que o esperado).

Um dos pontos principais da semana será a inflação americana de janeiro. Espera-se um aumento até +7,3% dos +7,0% anteriores. Trata-se de uma subida esperada, mas o essencial é que não ultrapasse este nível porque, apesar de que esperamos uma redução dos números a partir de abril - devido ao abrandamento dos problemas nas cadeias de abastecimento e do preço da energia - o mercado é muito sensível a qualquer resultado que possa levar a Fed a endurecer a sua política monetária, em particular relativamente à redução do balanço. Qualquer nível abaixo do esperado será considerado bom. Especialmente tendo em conta o bom dado do Emprego americano de sexta-feira: foram criados 467K empregos vs 125K esperados e o Rendimento Médio por hora aumentou +5,7% vs +4,9% anterior
Os Resultados Empresariais, continuam a dar suporte às bolsas. A earnings season está a evoluir positivamente: o aumento médio do EPS no S&P 500 é de +28,7% YoY vs +19,8% esperado no início desta fase. Os avanços são generalizados e as quedas, embora bruscas, referem-se a casos concretos. Esta semana publicam Twitter, L’Oreal, ArcelorMittal ou TotalEnergies, com saldo previsivelmente positivo. 

A situação Rússia-Ucrânia mantém a sua imprevisibilidade e como tal é um fator de tensão e de volatilidade para os mercados.  
Em obrigações: os movimentos dos bancos centrais refletem-se nas obrigações. O BoE subiu a taxa de referência +25 pb, para 0,50%, mas 4 conselheiros, de um total de 9, preferiam um aumento de +50 pb. O BCE fracassou na sua tentativa de passar entre os pingos de chuva sem se molhar, porque mantém a mensagem oficial – retirada gradual dos estímulos -, mas prevê pressões inflacionistas. Será necessário subir as taxas de juro em 2022? As obrigações entendem que sim, pelo que a yield das obrigações alemãs a 2A tiveram uma cotação de -0,25% (vs -0,50% da taxa de depósito do BCE) e as obrigações a 10A atingiram níveis não vistos desde 2019 (+0,20%; +43 pb 2022). Salvo exceções como a China (crise imobiliária) ou o Japão (IPC nos 0,8%), a tendência de subida das taxas de juro é global (Fed, BoE, Nova Zelândia, Noruega, Singapura, Brasil…). Esta semana, o aumento da Inflação americana em janeiro (+7,3% vs +7,0% ant.) veio pressionar ainda mais a yield das obrigações. Intervalo (semanal) estimado yield: 1,87%/1,97%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 0,15%/0,25%.

É uma semana com poucas referências macro realmente relevantes e com capacidade de mover o mercado. As ações deverão tentar estabilizar, com ligeiras recuperações, num contexto de volatilidade ainda elevada. Neste contexto, é mais importante do que nunca ser muito seletivos com os setores e ações selecionadas.

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