Como usufruir da tecnologia sem prejudicar a saúde

Como usufruir da tecnologia sem prejudicar a saúde

04.12.2023

Escrito por: Ideias que Contam

Não há dúvidas de que a tecnologia é cada vez mais uma aliada nas nossas vidas, incluindo na saúde e bem-estar, pelas múltiplas funcionalidades que oferece. No entanto, e como não há bela sem senão, importa usá-la com moderação para minimizar possíveis “efeitos secundários”. Saiba como
 
A tecnologia já faz parte de nós, estando cada vez mais presente das nossas vidas não apenas pela multiplicidade de dispositivos que usamos – desde smartphones, computadores, tablets, smart TV, voice speakers, consolas de jogos, a relógios, só para referir os mais populares – como também pelo tempo que lhes dedicamos.
 
O estudo Digital Consumer Trends realizado pela Deloitte o ano passado em 21 países, incluindo Portugal, revelou que 94% dos jovens e adultos entre os 18 e os 65 anos têm acesso a um smartphone e 87% a um computador portátil. Por outro lado, 52% dos portugueses concorda que fica acordado até mais tarde devido ao uso do dispositivo e que tende a usar o smartphone logo que acorda (63%). O inquérito mostrou também que a maioria dos detentores de smartphones ou wearables monitorizam pelo menos uma das suas atividades diárias, sendo o número de passos a mais comum (56%). Relativamente ao uso de redes sociais e de aplicações de mensagens, 78% afirmam que acedem diariamente, enquanto 66% lê ou vê notícias, vídeos ou transmissões em direto todos os dias.
Refira-se, a título de curiosidade, que, nos Estados Unidos da América, centenas de famílias estão a processar vários gigantes tecnológicos pelo carácter viciante das redes sociais de que são titulares e que estão a ocasionar transtornos ao nível de saúde mental dos utilizadores, sobretudo os mais jovens.
Face a esta realidade, o tema do bem-estar digital revela-se bastante relevante atualmente, até porque a tendência de utilização da tecnologia veio para ficar e, até, aumentar. Os seus benefícios ao nível físico e mental são inegáveis, destacando-se um maior e mais simplificado acesso à informação sobre saúde e a ferramentas de fitness e de monitorização; o poder de ligar as pessoas socialmente, tornando o mundo uma aldeia global; um sem-fim de possibilidades de entretenimento que ajudam a descontrair; e mais uma vasta lista de facilidades de uso pessoal e profissional. De tão vasta que o mais difícil é mesmo desligar. Mas pode ser necessário, em prol da nossa saúde, e há muitas pessoas que têm consciência disso. Não é por acaso que no estudo da Deloitte acima referido metade dos inquiridos gostaria de passar menos tempo agarrado a dispositivos, sendo que os portugueses entre os 18 e os 44 anos são os mais propensos a afirmá-lo. 
Se pensarmos bem, o reverso da medalha apresenta desafios, como sedentarismo, alimentação deficiente, distúrbios do sono, problemas de postura e visuais, dependência, relações interpessoais comprometidas, entre outros.
Como em muitas coisas nas nossas vidas, também neste âmbito o equilíbrio é a expressão mais pura da virtude. Desta forma, o leitor perguntará então: como equilibrar, sem radicalismos, o uso de dispositivos eletrónicos para uma vida melhor?

Sete dicas para uma experiência digital mais saudável

1. Tem consciência do tempo que passa online ou refém de um ou mais dispositivos tecnológicos? O seu caminho para reduzir a exposição à tecnologia passa por monitorizar esse tempo e interiorizar a necessidade de desenhar mudanças no seu dia a dia, estabelecendo limites e, quem sabe, de vez em quando fazer umas “férias sem rede”. Comece por “vigiar” o seu telemóvel. Muitos têm a funcionalidade de verificação de tempo de ecrã/bem-estar digital. Vai ficar surpreendido.
 
2. Sabia que a luz azul emitida pelos ecrãs dos dispositivos eletrónicos pode interferir na produção de melatonina, a hormona do sono? Um défice desta hormona pode causar insónias, fadiga e irritabilidade. Além disso, pode também ter efeitos negativos nos seus olhos, como fadiga ocular, danos na retina e maior probabilidade de formação de cataratas. Proteger-se implica, por exemplo, diminuir o tempo de exposição aos ecrãs, manter uma distância de segurança e ativar o filtro de luz azul dos aparelhos que tenham esta funcionalidade ou usar as configurações de luz noturna. Na hora de ir para a cama, evite usar os dispositivos até uma hora antes, para não se distrair das razões por que se deitou: dormir.
 
3. Já pensou que as redes sociais podem ter um efeito contrário ao objetivo para que foram criadas? De facto, são ótimas para rever amigos e familiares, estabelecer novos contactos, partilhar experiências e aceder a informação, mas, em contrapartida, o seu uso excessivo pode contribuir para problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão e baixa autoestima, especialmente devido à comparação social, ao ciberbullying, a comportamentos viciantes e à difusão de informação falsa. 
Moderação é a palavra-chave.
 
4. Contra o sedentarismo, pausas ativas. Que significa isto? Se tem de fazer uso prolongado dos dispositivos, não fique sentado o dia todo. Levante-se com regularidade, faça exercícios de alongamento (pescoço, pernas, braços e tronco) mas, sobretudo, mexa-se.
 
5. Se é daqueles que tem por hábito comer sentado ao computador, está na hora de acabar com esse péssimo costume. Os prejuízos para a saúde são vários, nomeadamente, promove o sedentarismo e incentiva a comer fast-food e outros alimentos menos salutares, aumentando o risco de obesidade e de outras doenças inerentes, já para não falar em más posturas, tensão muscular, stresse e solidão. Aproveite o momento das refeições para se afastar do computador, cozinhar comida saudável se estiver em casa, alimentar-se convenientemente, passear e socializar.
 
6. Organize-se! Outra ideia a pôr em prática é estabelecer uma rotina digital e respeitá-la. Isto é, defina momentos específicos do dia para verificar e responder a emails, aceder a redes sociais e desenvolver outras atividades online. Reserve o final do dia para as relações interpessoais, seja com amigos e família, e para descansar. Lembre-se de que praticamente até ao virar do milénio era isso que acontecia.
 
7. Se nada resultar, então o melhor é dar um tempo e desligar-se mesmo, não por completo, que seria impossível, mas pelo menos daqueles maiores “ladrões” de tempo como são as redes sociais, os jogos, os streamings em excesso (não, não estamos a dizer que deixe de ver a sua série preferida na Netflix) e outros. Desconecte-se, sobretudo, durante as refeições, quando conduz e antes de dormir, promovendo, por sua vez, tarefas offline, como ler um livro, conversar com os amigos, brincar com os filhos, exercitar-se ao ar livre e dedicar-se ao seu hobby favorito.
 
Como vimos, o uso consciente dos recursos tecnológicos reflete-se no nosso físico e mente, nas relações sociais e na produtividade. Ao adotar práticas de uso equilibrado do digital vai certamente observar melhorias em diferentes áreas da sua vida real.