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KERING - Resultados 2024 mistos: vendas um pouco melhor, mas BNA cai -62%.
11.02.2025
Escrito por: Equipa Research Bankinter Portugal
KERING (Vender; P. Objetivo: 235€; Fecho: 244,2€; Var. Dia: +1,1%; Var. Ano: +2,5%)
Resultados 2024 mistos: vendas um pouco melhor, mas BNA cai -62%, mais do que o estimado. Gucci continua fraca, embora as outras marcas melhorem. A demissão do Diretor Criativo de Gucci mantém aberto o reposicionamento de Gucci e a falta de visibilidade. Baixa o dividendo em -57% até 6€.
Principais resultados comparados com o consenso de Bloomberg. Receitas 17.194M€ (-12%) vs. 17.015M€ (-13,0%) esperado; Margem Bruta 12.681M€ (Margem 73,8%) vs. 12.603M€ esperado (Margem 74,1%); EBIT Recorrente 2.554M€ (-46%) vs. 2.484M€ (-48%) esperado; BNA 1.133M€ (-62%) vs. 1.312M€ esperado (-56%). Em termos comparáveis, as vendas caem -12% vs. -11,6% esperado. No 4T estanco: 4.390M€ vs. 4.240M€ esperado, -12% em termos comparáveis vs. -13,3% esperado. Por marcas (em termos comparáveis) no 4T: Gucci -24% vs. -22% esperado, Yves Saint Laurent -8% vs. -10,2%, Bottega Veneta +12% vs. +4,9%, Outros -4% vs. -12%, Kering Eyewear +10% vs. +6,1%. Por geografias, Europa -8%, América do Norte -15%, Japão +3%, Ásia -30%, Restantes -2%. A Geração de Cash Flow livre ascende a 1.400M€ vs. 1.692M€ esperado e a Dívida Líquida aumenta até 10.500M€ (vs. 8.500M€ em 2023). O grupo irá propor um dividendo de 6€ (-57%) vs. 14€ em 2023 e 2022). Link para os resultados (em inglês).
Opinião do Bankinter
Gucci continua fraca no 4T, com uma queda, em termos comparáveis, de -24% (vs. -22% esperado e -25% no 3T), mas o resto das marcas melhoram. Saint Laurent cresce +8%, revertendo a tendência negativa dos trimestres anteriores do ano, e Bottega Veneta ganha tração (+12% vs. +5% no 3T). Por áreas geográficas, destacam-se as quedas na Ásia (-24%), EUA (-9%) e Europa (-8%). Um contexto complicado une-se a mudanças nas equipas criativas e diretoras, além de um repensar das vendas grossistas (-22%). O grupo já antecipou um EBIT de 2.500 M€ em 2024, que alcançou 2.312M€ (-50%). Isto implica uma redução da Margem EBIT de -10p.p. até 14,9%. Gucci continua sem recuperar o favor dos consumidores. O grupo continua a tentar reposicionar Gucci e a elevar o mix de marcas com a compra de 30% de Valentino, mas os avanços são mais lentos e custosos do que o previsto. As margens continuarão tensionadas pelas mudanças executadas e um contexto desfavorável, especialmente na China. A redução da geração de Cash Flow Livre força uma redução do dividendo por ação. O potencial de melhoria dependerá da velocidade de recuperação de Gucci, com escassa visibilidade. Após uma queda na bolsa de -41% nos últimos 12 meses, os múltiplos de avaliação são atrativos (PER 25 de 17,3x e EV/EBITDA de 9,4x), mas os ricos são elevados e a visibilidade escassa. Em fevereiro, o grupo demitiu o Diretor Criativo de Gucci, Sabato de Sarno, no cargo desde janeiro de 2023. Anterior designer de Valentino e Dolce & Gabana, apresentou a sua primeira coleção em setembro de 2023, que chegou às lojas em fevereiro de 2024. O objetivo era reposicionar a marca-estrela do grupo, que representa 45% do total das vendas e 63% do EBIT, após vários trimestres dececionantes, mas o desempenho foi negativo. Gucci manteve uma tendência decrescente nos trimestres desde o início da comercialização das coleções de Sarno (-26% no 3T24, -19% no 2T24 e -18% no 1T24). As outras marcas do grupo recuperam brilho, mas o despedimento de de Sarno abre a incógnita de quem assumirá a sua função e se conseguirá recuperar o favor dos consumidores de Gucci, de um perfil mais aspiracional e ligados às tendências de moda. Mantemos a recomendação Vender.