Estratégia de Investimento Semanal

Estratégia de Investimento Semanal (4 de agosto)

07.08.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Semana com poucas referências. Digestão da descida do rating dos EUA e fim da campanha de resultados. Descanso bem-vindo”

A semana passada foi marcada pela descida inesperada do rating dos EUA por parte da Fitch, de AAA para AA+.
Verificou-se também o protagonismo de uma vaga de resultados empresariais que, na ausência da referida má notícia, teriam dado suporte às bolsas. 82% das 417 empresas do S&P500 que publicaram surpreenderam pela positiva, e o saldo total corresponde a uma descida média do EPS de -7,1%, comparativamente aos -8,9% estimados no início da campanha de um trimestre que já se esperava que fosse o mais fraco do ano. O movimento da Fitch, que copia a alteração aplicada pela S&P em 2011 e que é razoável dada a deriva da dívida pública nos EUA, fez subir a rentabilidade das Obrigações do tesouro< americanas em +13p.b., para os 4,05%, e as do Bund +7pb para os 2,55%. Foi a desculpa perfeita para uma salutar concretização de mais-valias em bolsas com acumulação de saldos avultados e que no primeiro semestre do ano subiram em 5 dos 6 meses. Também foram relevantes a subida de +25p.b. do BoE para os 5,25% e uns indicadores do Emprego americano que proporcionam sinais esperados de arrefecimento. Com desfechos previstos, tiveram pouco impacto numa semana que termina com saldos negativos nos índices principais (EuroStoxx50 -3%, Ibex35 -3,3%, S&P500 -2,3%, Nasdaq 100 -3%).
 
Durante esta semana não houve quase referências relevantes, com a exceção da inflação americana na quinta-feira.
Com aumentos mensais esperados de +0,2% tanto na Taxa Geral como na Subjacente, o IPC subiu para os +3,3% a partir dos +3,0% e a taxa Subjacente manteve-se nos +4,8%. Resultados que não são negativos, mas que serão provavelmente insuficientes para que as bolsas “descansem” de alguma forma. A volatilidade subiu ligeiramente, a temporada de resultados chegou ao seu fim e muitos indicadores na China continuaram a mostrar sinais de debilidade, o que poderá continuar a penalizar alguns setores, como o dos produtos de luxo, ou países com fortes relações comerciais como a Alemanha. As yields das obrigações continuarão a apreciar-se, salvo se houver alguma surpresa positiva com a inflação americana.
O fundo do mercado continua em terreno positivo. A nossa tese da aterragem suave das economias, comparativamente ao cenário de recessão, é cada vez mais adotada pelos bancos centrais e pelos bancos de investimento. Nos próximos meses, deixaremos para trás as subidas das taxas de juro e o pior trimestre do ano. Alguns riscos, como os dos bancos regionais americanos, continuarão a diminuir. Ainda que com menos convicção, continuamos com a expetativa/esperança de que se verifique uma salutar correção acumulada nas bolsas, durante as próximas semanas, de cerca de -5% (referência S&P500), o que nos permitiria aumentar a exposição a ações em mais 5% em todos os perfis de risco, como temos vindo a anunciar. Este aumento seria consequência dos aumentos implementados em novembro, de forma vigorosa, e em abril, de forma mais marginal, e que nos permitiram desfrutar das generosas valorizações dos índices.
 
Obrigações: “Cuidado com o IPC dos EUA.”
A rentabilidade/yield a 10 anos nos EUA, agora nos 4,00%, alcançou níveis que não se viam desde nov. 2022 com o Bund alemão >2,50% (vs 2,45% em julho). O risco de recessão recuou, a volatilidade subiu e o mercado interiorizou o golpe da Fitch à dívida americana (descida do rating de AAA para AA+). Os Bancos Centrais (BC) subordinam a tomada de decisões às informações macroeconómicas, e por isso o mais importante agora é confirmar que a Inflação está a progredir no caminho certo e esclarecer a intenção dos BC na reunião mais importante do verão: A reunião em Jackon Hole de 24 a 26 de agosto. Por agora, o mercado espera que a Fed e o BCE gozem de um descanso em setembro (taxas estáveis), com uma probabilidade > 80% e > 70%, respetivamente. Esta semana, a subida esperada do IPC dos EUA (quinta-feira) monopolizará a atenção. Intervalo (semanal) estimado obrigações do tesouro americanas: 4,00%/4,15%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,50%/2,60%.

 

Moedas: “O IPC americano poderá subir ligeiramente”.
Euro-Dólar (€/USD). – Na quinta-feira conheceremos o IPC americano correspondente ao mês de julho. Poderá subir ligeiramente até +3,3% YoY vs +3,0% anterior, com a taxa subjacente a manter-se nos +4,8%. Se assim for, manter-se-á a possibilidade de uma nova subida das taxas por parte da Fed em setembro e, consequentemente, o dólar poderia valorizar-se. Intervalo estimado (semana): 1,085/1,105. Euro-Libra (€/GBP). – O mais relevante será a publicação do PIB britânico preliminar do 2T (+0,2% estimado e anterior). Um registo sólido permitiria prever uma atitude dura por parte do BoE e daria impulso à libra. Intervalo estimado (semana): 0,856/0,869. Euro-Franco suíço (€/CHF): Semana de escassas referências macro na Suíça (só conheceremos a taxa de desemprego na quinta-feira). Com a perspetiva de uma nova subida das taxas de juro na próxima reunião do SNB, esperamos que se mantenha a atual tendência de valorização. Intervalo estimado (semana): 0,953/0,968. Euro-Yen (€/JPY). – Depois de o BOJ ter flexibilizado o controlo da curva das taxas de juro, o câmbio tem-se mantido numa faixa estreita. Assim continuará, exceto no caso de um mau IPC nos EUA, o que valorizaria o iene. Intervalo estimado (semana): 153,0/155,0. Euro-Yuan(€/CNH). – Semana marcada pela abundância de dados macro na China, que deverá continuar a mostrar a debilidade do ciclo económico. Deveríamos assistir a uma tendência de desvalorização do yuan. Intervalo estimado (semana): 7,88/7,98.