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Estratégia de Investimento Trimestral - 4.º Trimestre 2021

04.10.2021

Escrito por: Bankinter Portugal

A recuperação encontra-se bem encaminhada, embora não isenta de riscos. Isso nunca acontece. Mas estes diminuíram durante o terceiro trimestre de 2020.

 

 

Não estamos a viver nenhuma “normalização”, mas sim a recuperação do ciclo económico após um “evento de impacto” exógeno à própria evolução da economia global, como defendemos nos piores momentos de 2020.

A atitude e as mensagens transmitidas pela Fed e o BCE, quase que permitem excluir a possibilidade de estarem a cometer um erro de precipitação. Apenas reduzirão estímulos de forma extremamente gradual e apenas se o ciclo económico continuar a ser “fiavelmente expansionista”, sobretudo em termos de emprego. E “atrasar os tempos” no que diz respeito aos bancos centrais, significa que não atuarão reduzindo os estímulos de forma preventiva, mas sim reativa, mesmo que isso se faça à custa de ser ligeiramente mais tarde. Isto é muito importante para a tranquilidade do mercado.

Começa a verificar-se que a subida da inflação é transitória. A inflação americana diminuiu pela primeira vez em agosto desde +5,4% até +5,3%. Não é muito, mas é um sinal animador. Sobretudo porque a Taxa Subjacente, que é a taxa de tendência a longo prazo, caiu nada menos do que 3 décimas até +4,0%. Continua a ser “muita inflação”, mas dá razão à Fed. A inflação europeia ainda está a subir, até níveis ligeiramente superiores a 3%, mas a posição do BCE é a mesma: a subida é transitória. E provavelmente a realidade de setembro/outubro irá mostrar que também tem razão. E se a Fed e o BCE mantiverem a sua credibilidade, o mercado ficará mais tranquilo.

As valorizações atualizadas das bolsas continuam a ser sólidas e atrativas, de maneira que a nossa Estratégia de Investimento continua a ser pró-bolsas. O ciclo económico global está a ganhar impulso e fiabilidade, os bancos centrais estão a acertar em tudo e se alguma coisa mudar do seu lado será para reagir de forma ainda mais dovish, a China está a entrar no seu próprio labirinto, mas o mercado considera-a um caso à parte e, até certo ponto, começa a ser ignorada, enquanto que os resultados empresariais continuam a melhorar ainda mais rápido do que o esperado. Pela primeira vez, a revisão dos resultados esperados na Europa é superior ao restante. Tudo isto proporciona um apoio fiável às avaliações das bolsas, levando a revisões geralmente em alta da nossa parte… apesar de utilizarmos, como sempre, os pressupostos exigentes, particularmente no que respeita às taxas de juro (yield das obrigações a 10 anos) e aos spreads.

O atual ciclo expansionista da economia e dos mercados irá prolongar-se no tempo. Não será tão breve como alguns temem. Os governos estão cada vez mais fracos na sua gestão sobre a economia, tendo sido substituídos pelos bancos centrais, cuja prioridade prática passou de um controlo rigoroso da inflação para passar a tutela do crescimento económico e do emprego. E esta mudança parece ser tão estrutural como tranquilizadora. Para nós, quase todas as peças deste complexo puzzle encaixam, mas provavelmente enfrentamos mais alguns meses de bolsas mais lentas e com obrigações sob alguma pressão (aumento gradual das suas yields), o que nos leva a insistir numa estratégia mais seletiva, mais centrada em nomes concretos do que em setores, mais stockpicking do que antes.