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Estratégia de Investimento Semanal (8 de Agosto)

08.08.2022

Escrito por: Bankinter

"Inflação EUA. Melhorou o tom do mercado, mas não está isento de riscos. Menos tensão em Taiwan?"

 

 

SEMANA PASSADA: os resultados empresariais melhores do que o estimado (Paypal, Moderna, Maerks, SocGen.) e os bancos centrais firmes na sua luta contra o nível dos preços (Austrália, Brasil, Índia e Inglaterra subiram as taxas de juro) permitiram uma terceira semana seguida de avanços tanto na Europa (EuroStoxx-50 +0,5%) como nos EUA (S&P +0,4% e Nasdaq-100 +2,0%). O mercado mostrou-se complacente apesar de vários atores desestabilizadores: 

(i) A tensão geopolítica entre os EUA e a China aumentou após a visita de Nancy Pelosi (Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA) a Taiwan. A China respondeu com exercícios militares na zona. 

(ii) A macro refletiu alguma fragilidade. Os PMIs chineses encontram-se perto da já está em contração (49,9). 

(iii) Daly, Mester e Evans (Fed) insistiram em que a Fed vai manter a tendência restritiva na política monetária até controlar a inflação (Mester referiu até uma Taxa de Referência de 4,0%). Por tudo isto, a semana foi de subida nas bolsas e de valorização para o Dólar.

ESTA SEMANA a referência com mais destaque será:

(i) a Inflação americana. Particularmente caso confirme uma perda de inércia (+8,7%e YoY) comparada com os +9,1% de julho. Algo que pode acontecer devido à descida do preço do petróleo em julho (Brent -4,0%, WT -7,0%). Contudo, o mercado estará atento para ver o que acontece com a Taxa Subjacente, que poderá aumentar para +6,1% vs +5,9%, num contexto de subida dos salários (+5,2% em julho). Além disso, a Criação de Emprego Não Agrícola da semana passada nos EUA aumentou (+528K), acima da média anual (475K), e a Taxa de Desemprego baixou uma décima, para 3,5%. Isto abre o caminho para que a Fed continue o seu processo de endurecimento da política monetária para controlar a inflação. O resto dos indicadores macro terão muito menos impacto. Entre eles, publica-se a Produtividade Não Agrícola nos EUA, com especial foco nos Custos Unitários do Trabalho. Na Europa, A Confiança do Investidor Sentix vai voltar a desacelerar, num contexto de Inflação, endurecimento das condições monetárias e efeito de riqueza negativo (obrigações e ações). 

(ii) Resultados empresariais. Têm sido um dos principais catalisadores do mercado nas últimas semanas, porque, em termos gerais, foram melhores que o estimado. De facto, o aumento médio do EPS é de +7,6% vs +4,1% esperado no início da temporada. Contudo, a sua influência desaparece porque chegamos à reta final. Faltam empresas como a RWE, a E.ON, a Daimler ou a W. Disney. 

(iii) A tensão geopolítica deverá diminuir, mas é um fator a monitorizar, uma vez que a China reiniciou os exercícios militares. 

(iv) O Senado americano aprovou a lei, proposta por Biden, centrada nas alterações climáticas e na reforma fiscal e da saúde. 

Em resumo, enfrentamos uma semana com poucas referências macro, exceto pelo IPC americano, e empresariais. Isto poderá levar a uma correção do mercado após os recentes avanços. E isto pode levar a descidas moderadas em jornadas com elevada volatilidade e pouco volume de contratação. Esta semana, caso se confirmem as descidas, pode ser a altura ideal para adotar posições, mas de forma muito gradual. Como explicávamos no Relatório Semanal da passada segunda-feira, os principais fatores que afetam as bolsas (obrigações e resultados), mostram um tom mais atrativo: yield das obrigações a descer e resiliência dos resultados. Isto permite colocar os níveis de entrada razoáveis do S&P 500 entre os 4.000 e os 4.200 pontos (vs 3.400-3.700 anterior). Assim, na semana passada aumentámos a exposição às ações (entre +5% e +10% em todos os perfis). Além disso, adotamos mais exposição nos EUA, devido a uma economia mais resistente do que o esperado, e em tecnologia.