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Estratégia de Investimento Semanal (8 de Abril)

11.04.2022

Escrito por: Bankinter

Começa o reality check: revisões em baixo da macro e lucros, com as taxas de juro a subir rapidamente.

 

Na semana passada, as bolsas recuaram o que tinham avançado na semana anterior: +/-2%. Começou a ser visível que a deterioração da macro é iminente e a Fed deixou claro (as atas da reunião de março, o próprio Bullard…) que não só vai subir as taxas de juro de forma mais profunda e rápida do que estava descontado, mas também que a redução do seu balanço começará já em maio. Isto é, que o seu programa de compra de ativos (obrigações) já terminou em março e que o processo de venda dos que comprou e agora tem no seu balanço (cerca de 9Bn$ para um PIB de c.22Bn$) começará em maio. A reversão do fluxo de fundos - de injetar para drenar - vai alterar muitas coisas que o mercado já começou a notar. Do mesmo modo, percebe-se a mudança de tom dos indicadores macro, embora ainda de forma incipiente. E o prémio de risco mais alto, devido à invasão da Ucrânia, e o agravamento da inflação derivada do mesmo. O spread 2-10 anos americano é a referência a monitorizar, porque já brinca com o risco: entra e sai do terreno negativo de acordo com o tom da sessão, avisando de que o contexto pode estar a mudar relativamente ao ciclo económico. Por isso, na semana passada as bolsas perderam, de forma quase idêntica, os avanços da anterior. Lógico. E demasiado bem têm aguentado.

:: Inflação americana indesejável na terça-feira, BCE delicado na quinta-feira e progressiva fragilidade dos resultados empresariais.- Hoje, arrancamos com um resultado da 1.ª volta das eleições em França que parece antecipar uma vitória de Macron, o que reduzirá a tensão no mercado europeu. A 2.ª e decisiva volta será no dia 24. A inflação na China, publicada esta madrugada, parece outra vez de outro planeta e, por isso, pouco credível: só +1,5%, mas sem influência positiva porque o CSI-300 recuou um -2,7%. Hoje não há mais nada relevante. O interessante começa amanhã: ZEW alemão (Sentimento Económico) que deverá ser ainda mais negativo e inflação americana surpreendentemente elevada (+8,4% vs +7,9%), tendo em conta que a economia americana deveria ser menos sensível ao encarecimento das matérias-primas, derivado da invasão da Ucrânia, e uma vez que é energeticamente autossuficiente, assim como a nível de cereais e outros produtos agrícolas básicos. Mas, parece que não. Podemos vir a ter uma inflação tão elevada como a europeia e o mercado pode responder de forma razoável ou mal. Na quarta-feira, subida das taxas de juro na Nova Zelândia e no Canadá. E, na quinta-feira, reunião do BCE. Deverá confirmar que o programa de compras terminará em junho e reforçar (ou não, mas o mais provável é que sim) a expetativa de que no final do ano a taxa de depósito será de 0% vs -0,50%.Ao mesmo tempo, teremos a publicação de resultados e/ou expetativas empresariais com movimentos em baixa. Na Europa, a LVMH e a Hermés publicarão as vendas do 1T, ainda sólidas, mas com perspetivas em baixa para os próximos trimestres. Não podemos esquecer que o mercado russo “desapareceu”… E os bancos americanos publicarão os resultados do 1T a partir de quarta-feira, com possíveis recuos de -35%. De acordo com o WSJ, 28% dos economistas preveem recessão em 6 meses.

Acreditamos que o mais provável seja que o “reality check” já tenha começado na semana passada e continue nesta. Não é nenhum drama, mas sim uma mudança de contexto que devemos gerir de forma diferente, de forma mais prudente. Veremos se isto é confirmado pelos resultados empresariais do 1T e as expetativas, a inflação americana e o BCE esta semana.