Estratégia de Investimento Semanal (6 de outubro)

Estratégia de Investimento Semanal (6 de outubro)

09.10.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Impacto limitado. Não alteramos a estratégia, salvo escalada do conflito. A geopolítica manda, novamente.”

Na semana passada, a volatilidade foi a nota dominante, num contexto que continua marcado pelas elevadas yields das obrigações.

As referências macro da semana passada centravam-se, especialmente, no emprego (JOLTS, ADP, Taxa de Desemprego e Criação de Emprego) e o mercado moveu-se ao ritmo dos resultados que iam sendo publicados. A máxima continuou a ser “quanto melhor, pior” e a força dos dados fez com que, durante a semana, chegassem a alcançar níveis de referência como 4,9% na T-Note ou 3,0% no Bund (níveis de 2007 e 2011, respetivamente). Por sua vez, as bolsas, neste contexto, viram-se afetadas pela volatilidade e apresentaram um saldo misto no acumulado da semana (ES-50: -0,7% e S&P500: +0,5%).


A incerteza geopolítica marca a semana. Além disto, a referência macro da semana será o IPC dos EUA, na quinta-feira.

A semana será marcada pela tensão geopolítica provocada pela declaração de guerra de Israel, após os ataques de Hamas, este fim de semana. Os futuros têm vindo a baixar (S&P-500: -0,7% e ES-50: -0,4%). O petróleo sobe +3,5% na abertura e a volatilidade eleva-se significativamente.
A situação supõe um evento geopolítico de primeira ordem, mas, de momento, de segunda ordem para o mercado. Mas dependerá de como evolua nos próximos dias/semanas. Potencialmente, tudo isto pode alterar a abordagem da nossa estratégia, embora, para já, continuaremos à espera para ver como se desenvolverá e até que nível escala.
A curto prazo, as primeiras implicações que esperamos em relação aos setores são: impacto positivo em empresas de defesa e petrolíferas e subida de Petróleo e Volatilidade (+5%?). Também podemos ver impacto positivo nas obrigações.
Para além disso, o que é mais importante. Destacamos as seguintes questões para esta semana: hoje, não teremos a referência do mercado americano das obrigações, já que permanecerá fechado devido ao feriado de Cristóvão Colombo, embora todas as bolsas abram. Em relação a aspetos destacáveis, os dados mais relevantes não virão até a segunda metade da semana. Conheceremos: (i) as Atas da Fed (quarta-feira, 19:00h), (ii) o IPC dos EUA (quinta-feira, 13:30h) e (iii) por último, na sexta-feira, serão publicados os resultados de alguns grandes bancos americanos.

As Atas da Fed dar-nos-ão mais detalhes sobre os posicionamentos dos membros do FOMC em relação a futuros movimentos da política monetária. Na quinta-feira, conhecer-se-á a referência macro mais relevante da semana: IPC dos EUA de setembro. Espera-se que continue a retroceder, embora de forma muito ligeira (Geral +3,6% vs +3,7% ant. e Subjacente +4,1% vs +4,3% ant.). Por último, esta semana começa a temporada de resultados do 3T de 2023, nos EUA. Ao longo da semana, algumas empresas relevantes publicam resultados, como Pepsico (terça-feira) e Delta Airlines (quinta-feira). Embora seja a partir de sexta-feira que a temporada comece realmente a ganhar tração com números de JP Morgan, Citi e Wells Fargo, entre outros.

 

Obrigações: “As obrigações ganham atrativo.”

Após a correção das últimas 5 semanas (yield em alta/preço em baixa), as obrigações ganham atrativo. A volatilidade está em níveis elevados, mas o sentimento de investimento deverá melhorar porque: (1) aumenta a procura de ativos-refúgio devido à geopolítica (Israel/Palestina), (2) o binómio rentabilidade/risco é interessante, especialmente na secção curta/média das curvas de taxas de juros (< 3A). Como referência, a yield a 2A, nos EUA, agora em 5,0%, está em níveis de 2006, a 2A alemã (3,10%) ronda máximos anuais (vs 2,73% em dez. 2022) e (3) a Inflação avança em boa direção e as perspetivas a longo prazo mantêm-se estáveis. Esta semana é intensa em declarações de banqueiros centrais (Lagarde/BCE, Bostic, Kashkari…/Fed), mas a chave está na melhoria prevista do IPC, nos EUA (quinta-feira). Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,70%/4,80%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,80%/2,90%.


Moeda: “O dólar acentuará o seu caráter de valor-refúgio.”

EuroDólar (€/USD):

O dólar fará valer o seu caráter de valor-refúgio perante o aumento das tensões geopolíticas e valorizar-se-á esta semana. Além disso, quinta-feira, publica-se o IPC dos EUA (set. +3,6% a/a esp. vs. +3,7% ant.), a Taxa Subjacente e as atas da Fed da reunião de 20-set. Int. est. (semana): 1,055/1,075.

EuroLibra (€/GBP):

A principal referência macro da semana é o PIB de agosto, que recuperará até +0,2% desde -0,5% ant. Esta melhoria poderá questionar a última decisão do BOE (21 set.) de manter taxas de juros em 5,25% em vez de as subir (como esperava o mercado) e favorecer a libra. Int. est. (semana): 0,858/0,869.

Eurosuizo (€/CHF):

A inflação suíça recuperou (+1,7% a/a) e trouxe uma apreciação do franco, na semana passada. Esperamos o movimento contrário esta semana, perante a falta de referências e as expetativas de que o SNB continue a manter taxas de juros. Int. est. (semana): 0,955/0,975.

EuroYen (€/JPY):

Semana sem referências relevantes para o câmbio. Os PPI darão novas amostras de desaceleração dos preços, no Japão, e diminuem as expetativas de uma mudança na política monetária do BoJ. O Yen continuará a enfraquecer. Int. est. (semana): 157,4/158,75.

EuroYuan (€/CNH):

As receitas por turismo na semana festiva foram um pouco melhores do que o esperado, o que deverá dar trégua ao yuan. Esta semana o IPC e a Balança Comercial marcarão a tendência. Int. est. (semana): 7,65/7,75.