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Estratégia de Investimento Semanal (4 de Julho)

05.07.2022

Escrito por: Bankinter

"Semana com poucas referências. Sem motivos para cair, poderá ter movimentos a conta gotas. Fixação instável." 

Na semana passada a inflação continuou a mostrar a sua resistência, salvo uma ligeira melhoria na Alemanha e a taxa subjacente da UE, a Suécia subiu as taxas de juro, nos EUA a Confiança dos Consumidores recuou significativamente (98,7 vs 100,0 esperado vs 103,2 anterior) e o ISM Indústria foi uma grande desilusão (53,0 vs 56,1 vs 54,9). O fórum dos bancos centrais em Sintra não trouxe novidades e aumentou, ainda mais, o receio de uma recessão. As primeiras empresas a publicar resultados trimestrais apresentaram bons resultados, mas os guidances para os próximos trimestres trouxeram preocupação. Esta revisão em baixa generalizada das perspetivas para os resultados empresariais é, de facto, o próximo risco para o mercado e ainda não foi descontado. Já dissemos na segunda-feira que as recuperações temporárias não mudam nada e foi o que aconteceu.

:: Esta semana sentiremos o “peso da inação”.- A macro publicada será de intensidade média ou baixa e os resultados empresariais americanos não começam a ser publicados até à próxima semana. Além disso, hoje Nova Iorque está fechada. Como referências convencionais na frente económica teremos amanhã a previsível subida das taxas de juro na Austrália (+50 p.b., para 1,35%), que servirá para lembrar ao mercado a fraca determinação do BCE nos seus movimentos, e o emprego americano na sexta-feira, que é pouco provável que melhore. A Taxa de Desemprego deverá repetir os 3,6%, mas em ambos os registos os riscos de deterioração são crescentes. E o emprego é um indicador atrasado… Já vimos, nestas últimas semanas, como os indicadores intermédios (PMIs, ISM…) e avançados (índices de confiança) se têm deteriorado significativamente. A deterioração do ciclo global é já inegável. Por isso, esta semana, com relativamente pouca macro e ainda sem resultados empresariais, o mais lógico é que as bolsas não tenham motivos para cair mais. Na próxima semana já começamos a sério com os resultados empresariais, que serão acompanhados de frequentes revisões em baixa das expetativas para os próximos trimestres, e, na semana seguinte, além dos resultados, teremos a subida das taxas de juro do BCE. E a última de julho da Fed. Acreditamos que a fase final do ajuste das bolsas será em julho/agosto e que a orientação transmitida pelos bancos centrais reunidos em Jackson Hole, a 25/27 agosto, será fundamental para saber o que fazer a partir de setembro. Se tudo acontecer como prevemos, haverá oportunidade para o reposicionamento a preços suficientemente atrativos a partir de aqui, ou mesmo um pouco antes, caso o ajuste pendente for mais rápido. A nossa estratégia, dirigida para proteger em vez de acertar, continua adequada, porque o ajuste ainda não acabou: o S&P500 recuou em 11 das últimas 13 semanas, incluindo a semana passada. É provável que a invasão da Ucrânia se prolongue durante anos e a inflação demore a recuar, mais do que o previsto pelos bancos centrais.