Estratégia de Investimento Semanal (3 de novembro)

Estratégia de Investimento Semanal (3 de novembro)

07.11.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Processo reconstrutivo lento e normalização depois de 2 semanas de tensão. Valeu a pena esperar e pensar.”

A semana passada foi a melhor de 2023 para o S&P500 (por agora): +5,9%.- Valeu a pena esperar as 2 semanas anteriores para ter informação suficiente antes de tomar qualquer decisão. O mercado reverte para algo parecido à normalidade, embora num contexto ainda “recebido com alfinetes”, vulnerável. O melhor é que as abordagens menos duras de BCE e Fed, as inflações mais em baixa do que o esperado (+2,9% UE…) e a debilidade da recente macro europeia (PIB +0,1%...) forçaram quedas das yields das obrigações, afastando-as das suas fronteiras de perigo: T-Note 4,59% vs 5,00%; Bund 2,66% vs 3,00%; a 10A italiana 4,44% vs 5,00%; a 10A espanhola 3,71% vs 4,00%... Isto permite que as recentes recuperações sejam mais fiáveis, que o fundo do mercado ganhe confiança. Isso é o realmente importante. Isso e que o saldo dos resultados do 3T comece a melhorar, depois de um arranque misto: com 405 empresas publicadas do S&P500, o EPS é +3,2% vs -0,7% esperado. O fim das subidas de taxas de juros parece confirmar-se, a guerra em Israel não se estende e agora tudo será mais lento, mas melhor. :: Esta semana é escassa de referências potentes, deverá consolidar a recuperação da semana passada.- As 2 guerras abertas (Ucrânia e Israel) derivarão conflitos de longo prazo com os quais o mercado conviverá resignadamente, enquanto não se estendem. A geoestratégia converte-se em mais uma variável a monitorizar e interpretar. Enquanto a guerra em Israel não escalar, devemos concentrar-nos nos fatores convencionais e previsíveis: ciclo económico, inflação e taxas de juros incluídos, assim como os resultados corporativos. Analisemos rapidamente o conjunto. O ciclo é francamente sólido nos Estados Unidos, mas vulnerável e frágil na UE. No Japão, aceitavelmente bom e entre os emergentes há de tudo, mas geralmente fraco. O que mudou para melhor, nas 2 últimas semanas, especialmente na semana passada, foram as abordagens menos duras de BCE e Fed, as inflações mais baixas do que o esperado e a debilidade na recente macro europeia. Essa combinação permitiu que as yields das obrigações caíssem, beneficiando as avaliações das bolsas. A fiabilidade deste processo, que acreditamos que se confirmará ao longo das próximas semanas, é determinante para a normalização agora em marcha. A melhoria dos resultados corporativos do 3T apoiarão este processo. Elevamos a perspetiva. Depois de um 2023 de benefícios mais ou menos planos, tanto americanos como europeus, em 2024 e 2025 acelerarão para o contexto de +12%/+15%, no primeiro dos casos, e para +7%/+8%, no segundo. Não é um ritmo brilhante, mas suficientemente bom. Principalmente com inflações em baixa, taxas de juros estáveis ou com perspetivas de se moverem também em baixa e crescimentos económicos entre generosos (EUA) e vulneráveis, mas suficientes (UE). Não esquecer que as bolsas acabam por fazer o que os benefícios empresariais fazem. Considerando tudo isto, esta semana as bolsas deverão consolidar a recuperação da semana passada. Apenas alguma declaração desafortunada de algum conselheiro de algum banco central e/ou a provável (60%/40%) subida de taxas de juros, amanhã, na Austrália, poderá debilitar o mercado. Valeu a pena esperar, assim confirmamos os nossos níveis de exposição recomendados entre 30% (Defensivo) e 80% (Agressivo). Quem se deixou levar pelo medo já estará arrependido. Tenhamos sempre presente que investir não é especular.

Obrigações: “O contexto começa a ser pró-obrigações.”

O mercado dá por garantido que o ciclo em alta nas taxas de juros terminou. A Fed mantém os Fed Funds em 5,25%/5,50% e vigia de perto o impacto macro do endurecimento nas condições de financiamento. O BoE repete em 5,25%, Norges Bank (Noruega) em 4,25% e Brasil acumula 3 descidas consecutivas de taxas de juros (12,25% vs 12,75% ant.). Neste contexto, aumenta a vontade de investir (yield em baixa) e a volatilidade tende a baixar, embora continue em níveis elevados. O mais importante é: (1) a Inflação avança em boa direção e (2) o mantra dos bancos centrais “taxas de juros altas durante bastante tempo” é sinónimo de rentabilidade/yield atrativa a médio prazo. Esta semana, a atenção foca-se nas declarações dos banqueiros centrais (Lagarde, Lane e Villeroy do BCE, e Powell e Bostic da Fed). Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,55%/4,65%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,65%/2,75%.

Moeda: “O dólar é desvalorizado depois da decisão da Fed.” EuroDólar (€/USD).

A Fed cumpriu o esperado ao fazer, novamente, uma pausa, manteve as taxas de juros sem alterações em 5,25/5,50% e deixa a porta aberta a todas as possibilidades ao manter uma abordagem dependente de dados. O efeito foi de desvalorização para o dólar, ao diluir-se as expetativas de uma subida de taxas de juros. Para esta semana, esperamos um aumento da volatilidade e um comportamento lateral. Int. est. (semana): 1,065/1,080. EuroLibra (€/GBP).– O BoE mantém as suas taxas de juros sem alterações em 5,25% como esperado, debilitando a libra. Esta semana, o foco está na Produção Industrial e o PIB 3T23. Este poderá entrar em negativo t/t, mantendo a pressão sobre a libra. Int. est. (semana): 0,865/0,874. Eurosuizo (€/CHF): A inflação europeia moderou-se mais do que o esperado (+2,9% desde +4,3%), enquanto a suíça se manteve em +1,7%. Perante a falta de referências importantes desta semana, continuará a tendência de valorização do euro. Int. est. (semana): 0,958/0,973. EuroYen (€/JPY).– Depois das quedas posteriores à reunião do BoJ da semana passada, acreditamos que esta será uma semana lateral no EuroYen. Na frente macro, há poucas referências e apenas destaca o Relatório Tankan (quarta feira). Int. est. (semana): 159,9/161,1. EuroYuan(€/CNH).– Com os principais bancos centrais em “modo pausa”, a referência da semana para o câmbio são os preços na China. Voltará o receio da deflação e a possibilidade de estímulos por parte do PBoC. O yien deverá ser valorizado. Int. est. (semana): 7,73/7,82.