Estratégia de Investimento Semanal (29 de setembro)

Estratégia de Investimento Semanal (29 de setembro)

03.10.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Estabilização após a reação exagerada. Recuperação graças à contração das yields. Sexta-feira, emprego americano.”

A semana passada foi de sofrimento, em parte irracional, típico de uma reação exagerada.

A digestão do mantra “taxas de juros superiores durante um período prolongado” completou-se de forma brusca, embora a semana se ajustasse ao padrão que tínhamos estimado: melhor no final do que no princípio. As bolsas recuperaram na quinta e sexta-feira. Uma redução superior à esperada da inflação alemã (+4,5% desde +6,1% vs +4,6% esperado), na quinta-feira, serviu de acionador para que o mercado se saísse melhor depois de segunda, terça e quarta-feira realmente más, em que tivemos a sensação de que os traders de obrigações se propuseram a romper determinados níveis para experimentar se o mercado se deixava afetar por um receio infundado e poder recomprar, depois, mais barato. Em parte, ganharam. Mas, só em parte. Conseguiram elevar a yield da obrigação a 10A espanhola até, aproximadamente, 4%, mas apenas durante umas horas, e não conseguiram elevar a da homóloga italiana até 5%, nem o Bund até 3%... que pareciam ser os seus objetivos mais ambiciosos. A inflação alemã de sexta-feira bloqueou de seguida esse movimento e a francesa de 1ª hora de sexta-feira surpreendeu positivamente (repetiu em +4,9% em vez de recuperar até +5,1%, que era o esperado), impedindo uma segunda tentativa de ataque a esses níveis-chave. No final de sexta-feira, o Bund relaxou até, aproximadamente, 2,85% desde 2,92%, a obrigação a 10A espanhola regressou a 3,95% e a italiana deixou de ameaçar a 5%, ao mover-se desde 4,90% até 4,75%. Esse processo de reversão de yield em baixa graças às boas inflações permitiu que as recuperações das bolsas fossem de uma determinada dimensão (>+1%), na sexta-feira, embora Nova Iorque enfraquecesse no final da sessão. Desde esse momento, começamos a regressar a uma normalidade que nunca deveríamos ter abandonado.

Esta semana deverá completar-se a normalização, com redução da yield das obrigações e recuperação de bolsas.

Temos 5 dias de calendário convencional e isso deverá permitir que se consolide a recuperação de quinta e sexta-feira passadas. Repetirão taxas de juros a Austrália (terça-feira), Nova Zelândia (quarta-feira) e Índia (sexta-feira). Embora não sejam bancos centrais altamente influentes, contribuirão para reforçar a ideia de que as subidas de taxas de juros ou terminaram ou resta apenas um pequeno ajuste. O mais destacável desta semana é o emprego americano, com JOLTS (ofertas disponíveis), na terça-feira, Variação ADP Emprego Privado, na quarta-feira, e Taxa de Desemprego e Criação de Emprego, na sexta-feira. Mas, acreditamos que, na prática e nesta ocasião, a sua influência é reduzida, porque os resultados serão continuístas, confirmando a boa saúde do mercado de trabalho americano, algo que já se sabe de sobra e que o mercado tem, absolutamente, interiorizado. Por isso, o mais importante será observar se o mercado recupera a autoconfiança depois dos dados da inflação da semana passada, dando, assim, por terminado o mini-episódio de ataque às yields das obrigações da semana passada. Esta é a chave para as bolsas, porque, se as yields se elevam, as valorizações das bolsas sofrem. E deverá resolver-se em positivo, porque, em vez de enfrentar problemas relevantes, o mercado carece de estímulos imediatos. Isso não é grave, mas deve conduzir a uma fase atónica, de espera, de consolidação, talvez um pouco errática, mas não de retrocessos. Isto é o podemos comprovar esta semana…

 

Obrigações: “Semana de estabilização de rentabilidades.”

Continuou a volatilidade no mercado de obrigações. Tanto a yield a 10A, nos EUA, como o Bund voltaram a marcar níveis máximos desde 2007 e 2011, respetivamente, mas a moderação da inflação na Europa (+4,3% em setembro vs +5,2% anterior) e do PCE subjacente nos EUA (+3,9% em agosto vs +4,3% ant.) devolveu alguma calma. A digestão da mensagem dada pela Fed e o BCE de “taxas de juros mais altas durante mais tempo” dará lugar a uma semana de estabilização da yield das obrigações, em que a atenção estará no emprego americano. Espera-se que os dados continuem a mostrar alguma continuidade (Criação Emprego Não Agrícola 170K esp. vs 187K ant.; Taxa de Desemprego 3,7% esp. vs 3,8% ant.) e apenas uma surpresa positiva (maior força) pressionaria, novamente, as rentabilidades em alta. Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,52%/4,67%. Intervalo (semanal) estimado TIR do Bund: 2,77%/2,92%.


Moeda: “O dólar entra em um período de movimento lateral.”

EuroDólar (€/USD):

Semana com macro relevante: ISM Industrial e Serviços, Encomendas às Fábricas, Taxa de Desemprego e dados de emprego, mas não acreditamos que vá influenciar na evolução do dólar. Este entrou num movimento lateral após as recentes decisões de taxas de juros, que deverão prolongar-se nesta semana. Int. est. (semana): 1,055/1,070.

EuroLibra (€/GBP):

A revisão em alta do PIB do 2T (+0,6% vs +0,4% ant.) coloca em dúvida a decisão do BOE (21 de setembro) de manter taxas de juros em 5,25%, em vez de subi-las (como esperava o mercado) e favorece a libra. Esta semana veremos uma nova queda nos preços de residencial (-5,3% a/a), que interromperá a sua valorização. Int. est. (semana): 0,863/0,873.

Eurosuizo (€/CHF):

O câmbio permanece num intervalo estreito. Após um bom dado da inflação da UE, o IPC suíço recuperará esta semana, mas mantendo-se abaixo do 2% objetivo. Esperamos estabilidade no câmbio. Int. est. (semana): 0,955/0,968.

EuroYen (€/JPY):

A progressiva moderação de preços (confirmada com o dado do IPC de Tóquio, na passada sexta-feira) relaxa as expetativas de uma subida de taxas de juros a curto prazo. Neste contexto, a debilidade do Yen poderá alargar-se durante mais uma semana. Int. est. (semana): 157,4/158,75.

EuroYuan(€/CNH):

Esperamos um movimento lateral, numa semana em que a China permanecerá fechada devido à celebração da sua festa nacional. Int. est. (semana): 7,68/7,77.