Imagen

Estratégia de Investimento Semanal (25 de Março)

28.03.2022

Escrito por: Bankinter

Mudança de contexto de mercado, permite uma reação não precipitada e uma adaptação gradual.

 

Na semana passada começou a notar-se a dissociação favorável de Wall St. em relação à Europa: EuroStoxx-50 -0,9% vs S&P500 +1,8%. O saldo desta evolução deverá consolidar-se aos poucos, a favor da bolsa americana (2022 acumulado ES-50 -10% vs -4,7%). Na semana passada, o péssimo IFO alemão de março ajudou a ver mais clara esta situação: passou para a zona de “Desaceleração” a partir de “Boom” e a sua direção aponta para “Crise”… e isto tudo num único mês. Uma deterioração tão rápida como a do ZEW publicado na semana anterior: -90 pontos (-39,3 vs +54,3). Não há qualquer historial recente de uma deterioração tão rápida na confiança (dos negócios e económica) na Alemanha. E os PMIs europeus de março, publicados na semana passada, também mostraram uma deterioração, enquanto o americano melhorou ligeiramente. A separação a favor dos EUA deverá ganhar visibilidade progressivamente. Isto acontece porque a economia americana será menos afetada pela guerra, uma vez que parte de uma posição mais sólida do que a Europa: pleno emprego (Desemprego 3,8%), melhorias de produtividade (c.+2%) e expansão sólida (PIB +5,6%). Isto foi o que começámos a perceber na semana passada. 

:: Nesta semana, muitos dados macroeconómicos… mas sem surpresas.- Temos inflação e emprego dos dois lados do Atlântico. Em circunstâncias normais isto teria uma grande influência, mas não neste momento. A invasão da Ucrânia dirige o mercado. O resto é acessório, com exceção das taxas de juro. Como a deterioração da situação macroeconómica europeia é iminente, os bancos centrais têm pressa em subir as taxas de juro, antes que isto se perceba, uma vez que num contexto económico mais vulnerável não será tão fácil defender as subidas. A Noruega aumentou as taxas de juro (0,75%) na semana passada e quer seguir um caminho rápido. A Fed vai ganhando velocidade rapidamente. Parece cada vez mais provável uma subida de +50 p.b. em vez de +25 p.b. na sua próxima reunião a 4 de maio, para 0,75%/1,00%. E o BCE começa a sentir a pressão. Vamos ver o que faz na sua próxima reunião (14 de abril)… A profundidade e rapidez das subidas das taxas de juro, ainda não descontadas corretamente, e a evolução da guerra dirigem o mercado. O resto é acessório. O desfecho da guerra não será rápido (a nossa inclinação é para uma guerra de desgaste), mas as subidas das taxas de juro sim. Isto vai alterar o contexto progressivamente, dando tempo para reagir. O mercado ainda não descontou esta alteração. Por um lado porque os EUA vão aguentar melhor e por outro porque a alteração será progressiva, não imediata. Consistirá, conceitualmente (não tanto quantitativamente), em metade do crescimento, o dobro da inflação e os lucros empresariais postos em causa. Isto, em conjunto com as taxas de juro mais elevadas, não pode resultar em avaliações mais generosas, mas sim inferiores. As bolsas ainda não estão a descontar isto, mas as avaliações das empresas e dos índices serão atualizadas ao longo de abril e maio… e, aí, a sua reação poderá ser menos complacente. O fim das compras da Fed (março) e do BCE (junho) não será neutro para as bolsas. 

Em resumo, esta semana será um período de espera, com muitos dados macroeconómicos que terão pouca influência numas bolsas que deverão aterrar progressivamente, até uma estagnação, e depois com movimentos a conta gotas. Proteção melhor do que ambição.