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Estratégia de Investimento Semanal (27 de Junho)

28.06.2022

Escrito por: Bankinter

"Mercado em escada... a descer. As recuperações temporárias não mudam nada. Sintra, inflação e macro fraca."

Na semana passada a recuperação foi mais generosa do que o razoável porque Powell (Fed) não cometeu nenhum erro no Senado nem no Congresso, tendo respondido de forma construtiva a tudo, mas reafirmou a mensagem contra a inflação. E o mercado acreditou. Comprou a zona comprida da curva de obrigações (isto é, as obrigações a mais longo prazo) com uma descida das yields, o que favoreceu as avaliações das bolsas (taxas exigidas inferiores) e permitiu uma recuperação. Mas quando as bolsas recuperam com base na interpretação positiva de inputs negativos, as recuperações não se consolidam. As obrigações foram compradas porque o mercado interpretou que as subidas das taxas de juro da Fed serão profundas e rápidas, conseguindo controlar a inflação e que, a seguir, começará a descer as taxas de juro. Contudo, esta interpretação ignora uma consequência absolutamente decisiva: que antes de chegarem essas teóricas descidas das taxas de juro “no dia a seguir”, é provável que as bruscas subidas das taxas coloquem a economia americana em pseudo-recessão ou mesmo em recessão. Isto nos EUA, onde a economia é mais sólida e as subidas das taxas de juro já começaram. Mas, na Europa, o BCE está muito atrasado: ainda não começou a subir as taxas de juro e, além disso, pretende que a subida da reunião de 21 de julho seja de apenas 25 p.b. (a de 8 de set. já será de 50 p.b.) e ainda não conseguiu chegar a acordo internamente para definir como será feito o reinvestimento dos vencimentos do PEPP e o alegado “mecanismo anti-fragmentação”. As subidas não encaixam neste contexto…

:: Esta semana temos o Fórum de Sintra dos bancos centrais até quarta-feira, a inflação europeia e americana (PCE) e um conjunto de indicadores macro de vários tipos, que deverão ser fracos. Os bancos centrais só podem reafirmar a sua determinação para combater a inflação, mesmo que isso desacelere seriamente a economia. Por isso, deverá voltar a ponderar-se a possibilidade de uma recessão… mesmo que Bullard afirme que é um receio exagerado. A inflação europeia deverá subir ligeiramente (+8,3% vs +8,1%?) e é difícil que a americana recue (PCE +6,3%), o que levará as yields das obrigações a longo prazo a subir parte do que desceram na semana passada. E os resultados do 2T de 2022 do S&P500 começarão a ser publicados no início de julho (Salesforce e HP publicam já na quinta-feira). Os resultados não serão especialmente maus (EPS médio esperado +4%/+5%), mas as perspetivas para os trimestres seguintes poderão sofrer uma revisão em baixa significativa e isto vai afetar as avaliações das bolsas. O mercado ainda não descontou esta situação. As bolsas poderão perder aos poucos os ganhos da semana passada e a última fase do ajuste, na qual nos encontramos agora, poderá prolongar-se ao longo do verão, em vez de acontecer em junho/julho, como esperávamos que acontecesse. As recuperações agora não são boas.