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Estratégia de Investimento Semanal (20 de Junho)

21.06.2022

Escrito por: Bankinter

"Semana de aterragem e fixação, mas para já sem descolagem. Ainda falta algum ajuste pela frente."

Na quarta-feira da semana passada, o BCE e a Fed demonstraram que estão atrasados (mais o BCE do que a Fed). Por isso, as recuperações exageradas de quarta-feira, após a reunião de emergência do BCE e a subida de 75 p.b. da Fed ransformaram-se em quedas ainda mais acentuadas do que as subidas. Que o BCE tenha afirmado que evitará a fragmentação das condições de financiamento na UE é melhor do que nada, mas sem mais detalhes serve de pouco e prejudica a sua credibilidade. Poderia ter dito isso na sua reunião de 9 de junho. E, para além de subir 75 p.b. em vez de 50 p.b., a Fed reviu significativamente em baixa as suas estimativas de crescimento e em alta as da inflação. Os seus conselheiros colocaram as suas estimativas das taxas de juro muito mais altas do que antes (Dez. 2022: 3,25%/3,5% vs 1,75%/2,0% anterior). Powell conseguiu explicar-se bem, mas uma aceleração no último momento das subidas das taxas de juro reduz ligeiramente a fiabilidade da Fed, e o novo cenário macro descrito é entre razoável e mau. A probabilidade de recessão aumentou porque a sua mensagem foi: taxas de juro mais altas mais rápido, menos PIB e mais inflação. É precisamente o que nós temos vindo a defender há meses que iria acontecer, pelo que nos antecipámos com uma redução da exposição desde fevereiro. Subir muito rápido as taxas de juro dificilmente reduzirá, numa primeira fase, uma inflação que ainda é 
basicamente da oferta (mais à frente será possível que aconteça porque a inflação começará a ser da procura), para já vai reduzir o crescimento, introduzindo sérios receios de recessão. Lembramos que o PIB do 1T americano foi -1,5% e que 2 registos negativos consecutivos representam formalmente uma recessão. Por isso, as recuperações são pouco fiáveis, incluindo a de sexta-feira que foi comedida.

:: Esta semana poderá ser menos dura, de estabilização ou, a título de orientação, com +/-1%.Os b.c. reagiram tarde às circunstâncias, em vez de se anteciparem, e assim é pouco provável que consigamos sair rapidamente do Bear Market. Contudo, pode ser que já não nos falte muito ajuste, isso vai depender da velocidade à qual aconteça (junho + julho?) e do sucesso dos b.c. no combate à inflação. Quanto mais demorarem a conseguir os primeiros resultados eficazes (isto é, um recuo de pelo menos 2 meses consecutivos), maior será a erosão dos resultados empresariais, dos rendimentos reais das famílias e, como consequência, o desconforto social. Como resultado, o mercado (ações e obrigações) refletirá esta situação até, após conseguir o objetivo pretendido, as perspetivas melhorarem. Os riscos desta semana são inferiores aos da semana passada porque não há reuniões de b.c. e a macro a publicar não parece potencialmente destrutiva. Powell (Fed) vai comparecer no Senado (quarta-feira) e no Congresso (quinta-feira) para dar explicações sobre as suas ações e a situação, algo que vai gerar tensão a meio da semana. A parte positiva é que acreditamos que será duro, mas também construtivo relativamente às perspetivas de sucesso das medidas da Fed e isto pode trazer estabilidade ao mercado. Insistimos em que este verão será “interessante” e que o importante é ver o que vamos encontrar em setembro, após a reunião em Jackson Hole (25/27 agosto). Nós já antecipámos este cenário, reduzindo muito, e a tempo, a exposição, tendo em conta a complacência generalizada de janeiro/março.