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Estratégia de Investimento Semanal (19 de Setembro)

20.09.2022

Escrito por: Bankinter

 

 

 

Bolsas: “Interiorizando um contexto de taxas de juro mais duras e sem fatores previsíveis de mudança. Fed na quarta-feira.”
 

A semana passada mudou com a inflação americana de terça-feira, cuja Taxa Subjacente aumentou (+6,3% vs +5,9%), como receávamos… mas ainda mais do que o esperado (+6,1%). A Taxa Geral recuou ligeiramente (+8,3% vs +8,5%), mas menos do que o esperado (+8,1%), pelo que foi impossível fazer uma leitura construtiva a partir de qualquer perspetiva. Isto reforçou a mensagem mais dura que Powell (Fed) tem vindo a transmitir desde a reunião de Jackson Hole, no final de agosto, e acabou com as esperanças que restavam de que não fosse tão grave. Na terça-feira, também foi publicado um ZEW alemão (Sentimento Económico) mau e pior do que o esperado (- 61,9 vs -59,5 esperado vs -55,3 anterior), que começa a aproximar-se dos péssimos níveis da Crise Financeira. Isto é, pior do que na pandemia de 2020. Assim, a mensagem foi devastadora para as bolsas, que recuaram categoricamente na terça-feira (S&P500 -4,3%) e que não conseguiram levantar a cabeça no resto da semana, incluindo na sexta-feira, com a agravante da Quádrupla "hora da bruxa". Contudo, as obrigações aguentaram melhor, sobretudo na Europa; ligeiramente pior nos Estados Unidos, com a yield das obrigações do tesouro americanas a subir cerca de 10 p.b., para 3,47%. O Euro não teve qualquer reação de destaque, mantendo-se perto da paridade com o USD. Em resumo, sensação de bloqueio perante um contexto mais duro de taxas de juro sem previsões de quando poderá mudar.

:: Nova subida das taxas de juro da Fed em versão dura e eleições em Itália no domingo, com provável subida da yield das obrigações.

As principais referências desta semana são a Fed na quarta-feira e as eleições italianas no domingo, cujos desfechos mais prováveis não ajudarão o mercado. Já começou o ajuste para interiorizar as taxas de juro mais altas (Fed quase 5% e BCE quase 3%, por exemplo?) e há uma incerteza absoluta sobre quando vão voltar a descer, o que implica ações mais baratas e obrigações a sofrer com yields mais altas. Com as eleições em Itália no domingo 25, o spread das obrigações italianas com o Bund aumentou para cerca de 230 p.b. e vai continuar a aumentar nos próximos dias (YIELD B10A 4,04%) antes das eleições, porque Meloni (partido Irmãos de Itália) é a ala mais dura e pode ser eleita Primeira-Ministra. Em princípio, a fronteira perigosa é ultrapassar os 250 p.b., o que não está longe (228 p.b. agora). Com este nível, era suposto o BCE fazer alguma coisa... Isto significa tensões na Europa, a acrescentar às que vão surgir quando nos encontremos de frente com outra abordagem dura da Fed na quarta-feira: diagrama de pontos de posicionamento dos conselheiros em níveis superiores (em junho 11 dos 18 colocavam o máximo entre 3,50/4,00% e agora passaram para 4,50% ou 5,00%, por ex.) e estimativas macro com aumento da inflação e PIB a descer, o mais provável... além de +75 de subida (+100 p.b. é menos provável, mas não descartável), para 3,00/3,25%. Com a situação de Itália e a Fed, nesta semana será muito difícil uma recuperação das bolsas, nem mesmo simbólica. Até que a inflação não mostre sinais de melhoria, o que permitirá à Fed ser menos hawkish/dura, nada vai mudar. E para isso ainda falta algum tempo.