Estratégia de Investimento Semanal (18 de agosto)

Estratégia de Investimento Semanal (18 de agosto)

21.08.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Aproveitamos a correção para subir ainda mais a exposição à renda variável. Jackson Hole e NVIDIA continuarão a gerar volatilidade esta semana. ”

Semana passada de saldo negativo para bolsas.

Aos baixos volumes típicos de agosto, unem-se os medos de uma possível crise imobiliária e de crédito na China, e a possibilidade de uma subida adicional de taxas de juros nos EUA, onde o consumo continua sólido. Na China, a principal promotora, Country Garden, incumpriu no pagamento do cupão das suas taxas de juros, a filial norte-americana entrou em falência e a patrimonialista Zhongrong anunciou tensões de liquidez e bloqueou as devoluções e saídas de capital. De momento, é um problema isolado da China, mas poderá terminar por afetar o crescimento económico global. Por outro lado, nos EUA, tivemos novas provas da força do consumo, com Vendas a Retalho e resultados de Target, Walmart a bater expectativas, o que, unido às Atas da última reunião da Fed, que mostram alguns membros a favor de subir as taxas de juros, levaram a um aumento de volatilidade (VIX 17,3 vs 14,8 da semana anterior) e quedas gerais nas bolsas (S&P500 -2,1%, Nasdaq –2,6% e Eurostoxx50 -2,5%).

Jackson Hole e NVIDIA manterão a volatilidade mais elevada do que o habitual.

A principal referência esta semana será a reunião anual de bancos centrais em Jackson Hole (Wyoming; EUA), organizada pela Fed do Kansas sob o título “Mudanças estruturais na economia global”. Começará na quinta-feira com a chegada dos principais banqueiros centrais e prolongar-se-á até sábado. Chega num momento de máxima expectativa, com a inflação ainda em níveis elevados, moderando-se, mas ainda mais lentamente do que o desejável, e as economias a desacelerar, ainda que de forma suave, apoiadas por um mercado laboral forte. É apropriado, neste contexto, continuar a aumentar as taxas de juros ou seria melhor esperar para ver o impacto das subidas já realizadas? Esta questão será o foco do debate, e qualquer pista ajudará o mercado a posicionar-se nas próximas reuniões. O certo é que, no máximo, falta uma subida de taxas de juros por parte da Fed, e, nestes momentos, o mercado dá uma probabilidade de 89% em como NÃO subirá as taxas de juros em setembro.

A outra grande chave da semana será os resultados de NVIDIA. O fabricante de semicondutores triplicou o seu valor em bolsa até agora e já está entre as 10 maiores empresas cotizadas do mundo por capitalização. Prevê-se um EPS de 1,8$ no 2T 2023 (9 vezes os de 2T 2022), impulsionado pela forte demanda relacionada com a inteligência artificial, ainda que a atenção se foque nas guias para os próximos trimestres.
A frente macro ficará para segundo plano. Os PMI contribuíram com poucas novidades, sem mudanças significativas em agosto e ainda em zona de contração (<50), tanto na Europa como nos EUA, pelo menos na parte industrial.

Subimos a exposição aos fundos de investimento.

Cumprem-se novas previsões, que apontavam para uma correção em agosto e já alcança -5% até agora. É o ponto de entrada que nos fixámos, no início do verão, como oportunidade para aumentar a exposição e, além disso, dão-se as condições para o fazer. Mantêm-se os bons fundamentais de face ao final do ano, com inflação moderada, economia a abrandar de forma suave e os bancos centrais a finalizar o processo de subidas de taxas de juros. Por isso, subimos a exposição em todos os perfis: +10% nos perfis mais defensivos e +5% nos perfis mais dinâmicos. Desta forma, os níveis máximos de exposição vão desde 30% no perfil mais defensivo (vs 20% e 40% máximo) até 80% no mais agressivo (vs 75% anterior e 100% máximo).

Obrigações: “Chega a hora da verdade.”

A yield do 10 A, nos EUA, ronda os máximos anuais (4,30% vs 3,95% em julho) com o Bund alemão >2,64% (vs 2,47% em julho). As atas da Fed sobre a reunião de 24/25 de julho despertaram o medo de novas subidas de taxas de juros nos EUA, porque a maioria dos conselheiros estão preocupados com a Inflação (riscos em alta). Os cortes de produção de petróleo por parte da OPEP e o aumento do trânsito no verão podem ocasionar aumentos pontuais do IPC, mas o panorama macro não se altera substancialmente: (1) Powell deixou abertas todas as opções a 25 de julho (tomada de decisões em função dos dados) e (2) o mercado dá por garantido que a Fed não subirá as taxas de juros em setembro (probabilidade 89%). Esta semana, a chave está em esclarecer as pistas sobre a direção da política monetária, na reunião de banqueiros centrais, em Jackson Hole (24/26 de agosto). Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,30%/4,20%. Intervalo (semanal) estimada yield do Bund: 2,70%/2,60%.

Moeda: “Pouco movimento à espera de Jackson Hole.”

EuroDólar (€/USD). – Um tom mais duro do que o esperado das Atas da Fed e refúgio no dólar devido à situação precária na China pressionam o euro à descida. Prevemos uns dias de pouco movimento à espera da reunião de banqueiros centrais em Jackson Hole, nos finais da próxima semana. Intervalo estimado (semana): 1,083/1,093. EuroLibra (€/GBP). – O mais relevante será a publicação dos PMIs. Os registos da EU debilitaram-se menos do que os britânicos e poderiam servir de desculpa para que a libra se deprecie, após o seu recente fortalecimento. Intervalo estimado (semana): 0,850/0,863. Eurosuizo (€/CHF): Semana de escassas referências macro, na Suíça. Apenas conheceremos os dados de emprego (V). Com a perspetiva de uma nova subida de taxas de juros na próxima reunião do SNB, esperamos que continue a atual tendência apreciadora do franco. Intervalo estimado (semana): 0,952/0,963. EuroYen (€/JPY).– Perante uma semana escassa em referências relevantes, a chave estará em Jackson Hole e na mensagem dos banqueiros centrais. Não esperamos surpresas. O yen deverá continuar a depreciar-se. Intervalo estimado (semana): 157,1/159,4. EuroYuan(€/CNH).– Depois de um novo corte de taxas de juros por parte do PBoC, estarão expectantes pelo tom da mensagem em Jackson Hole. O yuan deverá apreciar-se durante a semana. Intervalo estimado (semana): 7,86/7,96.