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Estratégia de Investimento Semanal (16 de Agosto)

16.08.2022

Escrito por: Bankinter

"O importante até Jackson Hole já passou. Após 4 semanas de subida, é a vez de alguma consolidação. "

 

 

:: O IPC americano surpreendeu favoravelmente. Desceu mais do que o esperado, para +8,5%, em junho vs +8,7% estimado vs +9,1% anterior. A Taxa Subjacente repetiu, contra todas as previsões, os +5,9% vs +6,1% esperado. As expetativas de subidas da Fed diminuem e o cenário central para a próxima reunião de 20/21 de setembro passa a ser uma subida de +50 p.b. vs +75 p.b. anteriormente. Apesar desta redução da inflação em julho, Daly (S. Francisco), arrefeceram a interpretação positiva do mercado, antecipando taxas de juro de 4%, ou superior, no final de 2023. Tentam assim evitar que um otimismo excessivo dos mercados financeiros contrarie o endurecimento seguido pelas condições monetárias para travar uma inflação que ainda se encontra muito longe do objetivo de 2%. O saldo da semana é ligeiramente altista para as ações e as obrigações que, após a euforia inicial, recuperaram os níveis prévios ao dado da inflação nos EUA. O Dólar perdeu força, ajudado também pelo alívio da tensão geopolítica em Taiwan. A volatilidade reduziu-se significativamente e o mercado parece ter entrado finalmente em modo verão.

:: Esta semana será bastante intensa na frente macro, mas o importante já passou. Na Europa, o indicador de expetativas alemão ZEW (terça-feira) e o IPC final da UE (quinta-feira) deverão continuar a traçar um cenário de desaceleração da atividade e tensões nos preços; pelo contrário, nos EUA, a Produção Industrial (terça-feira), as Vendas a Retalho (quarta-feira) e o Indicador Avançado (quinta-feira) apontam para uma recuperação da atividade em julho; embora o índice NAHB (preços da habitação) e o Empire Manufacturing da Fed de Nova Iorque tenham surpreendido em baixa na segunda-feira (ver Contexto). Na Ásia, a China desceu inesperadamente as taxas de juro após um conjunto de dados fracos. Esta fragilidade aumentou a esperança de que a Fed, como aconteceu com o banco central chinês, não tenha de chegar tão longe como preveem alguns dos seus membros. Por isso, as yields das obrigações desceram, dando um impulso às bolsas. Isto, em conjunto com os resultados empresariais do 2T melhores do que o esperado, foi o que fez melhorar o tom do mercado.

Na frente empresarial, publicam os principais retailers americanos (Walmart, Home Depot, Target). Permitirão testar a solidez do consumo e como avaliamos consumidores e os distribuidores as pressões nos preços. A Walmart já antecipou para final de junho os seus resultados do 2T e desceu os guidances do ano. Após o pré-anúncio e as quedas no ano, que variam entre -10% Walmart e -27% Target, grande parte da deterioração das perspetivas já foi acolhida pelas cotações, mas é difícil que estas empresas tragam boas notícias num contexto de desaceleração da procura e pressão nas margens. Com estes dados, chega ao fim a temporada de publicação de resultados. Com 456 empresas do S&P500 já publicadas, o EPS médio do 2T aumentou +7,7% vs +4,1% esperado. O saldo foi bom, mas baixaram as estimativas para os próximos trimestres. Espera-se um avanço do EPS médio de +4,5% no 3T e de +6,1% no 4T, face os +10,5% e os +11,3% respetivamente esperado a meados de junho.

:: Assim, sem grandes catalisadores até à reunião dos banqueiros centrais em Jackson Hole (25/27 de agosto), e após 4 semanas consecutivas de subidas, prevemos que esta seja de alguma consolidação nas bolsas e baixa atividade em plena época estival. É hora de um descanso de verão.