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Estratégia de investimento semanal (11 de Março)

14.03.2022

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Separação americana. Informações da guerra e bancos centrais. Não se trata de acertar, mas sim de proteger.”

A semana passada foi melhor graças a 4ª e 6ª feira, com um saldo positivo na Europa (ES-50 +3,7%), embora isso não tenha acontecido em Wall St. (S&P500 -2,9%), cuja avaliação dos acontecimentos costuma ser mais objetiva. Recuperação na quarta-feira, após Zelensky (Pres. da Ucrânia) ter dito que estava disposto a falar sobre a Crimeia e o Donbass e ter refreado as suas expetativas de fazer parte da NATO. E na sexta-feira uma situação parecida, mas menos intensa, após o Kremlin (Putin?) ter afirmado que “existem algumas mudanças positivas nas conversas com a Ucrânia”. Depois de um mercado partido durante vários dias, os caçadores de pechinchas entraram como se tudo estivesse resolvido. Mas isto não é verdade. Ou, pelo menos, é precipitado pensar assim. Na quarta-feira, o BCE não só não foi mais suave, como se mostrou mais decidido a ser progressivamente mais duro, antecipando a redução das suas compras de dívida. Esta abordagem é necessária para evitar transmitir à Rússia que a Europa está a ser afetada pela invasão da Ucrânia, o que poderia ser uma prova de alguma fragilidade político-estratégica. Além disso, também será melhor assim para o mercado, uma vez que manter indefinidamente medidas artificiais e/ou a taxas de depósito negativa (-0,50%) tem graves contraindicações estruturais. A semana passada foi mais do que digna tendo em conta as circunstâncias.

Qualquer que seja o desfecho do conflito bélico, vamos sofrer ainda mais inflação e ter menos crescimento, especialmente na Europa.
Neste momento já não é possível nenhum desfecho bom para a economia. São todos maus, em maior ou menor medida, uma vez que levam a uma inflação superior à que já tínhamos (duplo dígito simples?) e a um menor crescimento económico (redução do comércio), em ambas as frentes de forma semiestrutural (18 meses?). Especular sobre os desfechos bélicos mais prováveis permite posicionar-se relativamente aos prazos de resolução do conflito e isso vai definir o alcance dos danos esperados sobre a economia e o mercado, mas tendo sempre presente que estes serão graves independentemente do desfecho. Acreditamos que os 2 desfechos mais prováveis são: (i) Acordo negociado num prazo entre 4 e 12 semanas, com a perda da Ucrânia de parte do seu território (faixa Este da fronteira com a Rússia mais a Crimeia?). (ii) Conflito aberto durante meses ou anos, levando a uma guerra de guerrilhas, que trará um profundo desgaste e empobrecimento da Rússia e a destruição de grandes zonas da Ucrânia, especialmente a Este do rio Dnieper. Por isso defendemos que qualquer desfecho terá graves consequências económicas globais através dos preços e, em particular para a UE, cujo crescimento económico será proporcionalmente mais afetado (além da inflação). A prioridade continua a ser proteger em vez de acertar. Ainda é cedo para uma mudança para melhor e os danos ainda não estão quantificados.

A Fed deverá subir as taxas de juro na quarta-feira e o BoE na quinta-feira. Isto é importante porque significa que os bancos centrais americano e europeu continuam a avançar mais ou menos com as suas estratégias de saída, evitando assim transmitir à Rússia que a Europa e os EUA estão a ser afetados pela invasão da Ucrânia, o que poderia ser visto como um sinal de fragilidade político-estratégica. Além disso, também será melhor assim para o mercado, uma vez que manter indefinidamente medidas artificiais e/ou taxas de referência forçadamente baixas pode trazer graves problemas estruturais. Em resumo, as informações da guerra vão continuar a dirigir o mercado e os EUA e UK vão subir taxas de juro, mas isso não será necessariamente negativo.