Estratégia de Investimento Semanal (10 de novembro)

Estratégia de Investimento Semanal (10 de novembro)

13.11.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Inflação americana em retrocesso, obrigações contidas e bolsas a estabilizar.”

Manter a calma e não se deixar levar pelo medo teve a sua recompensa.- Na semana passada, as bolsas consolidaram depois das fortes subidas da semana anterior. Nas últimas 10 sessões, o S&P 500 avança +7,2%, Nasdaq 100 +9,5% vs. EuroStoxx 50 +4,6%. Manter a estratégia enviesada para a bolsa americana, especialmente para tecnologia, está a ser correto. Sem grandes eventos, a calma nas obrigações foi a chave para prolongar o bom tom. Apesar de uns comentários hawkish (duros) de Powell (Fed) e da subida da taxa diretora do RBA (banco central Austrália), as yields continuam abaixo dos seus limites de “risco”. Em concreto: T-Note 4,64% vs 5,00%; Bund 2,71% vs 3,00%; O10A italiana 4,57% vs 5,00%; O10A espanhola 3,76% vs 4,00%. Também ajudaram a geopolítica, o facto da guerra de Israel não escalar e a melhoria da campanha de resultados americana. O EPS médio do S&P 500 não é exuberante, mas ganha distância face ao estimado: +3,8% vs. -0,7%. No contexto melhora, e as bolsas ganham confiança. :: A referência-chave é o IPC dos EUA, na terça-feira.- Esta semana temos muita macro, múltiplas declarações de banqueiros centrais e os últimos movimentos da campanha de resultados empresariais. O mais importante será o IPC americano. Estima-se um retrocesso importante da taxa geral, +3,3% em outubro desde +3,7% anterior, enquanto a subjacente permanecerá ancorada em +4,1%. Qualquer resultado próximo a +3,0% ajudará a Fed a sentir-se cómoda no seu atual “modo pausa” e a que a yield do T-Note permaneça abaixo do temido 5%. O IPC britânico também ajudará a conter as obrigações. Poderá retroceder até +4,7% desde +6,7%, apoiado pela moderação do preço do gás. Outro fator a vigiar será o consumo americano. Publicar-se-ão as Vendas a Retalho, que, em princípio, enfraquecerão (-0,3% desde +0,7%), e empresas como Walmart, Target ou Home Depot anunciarão resultados. Serão um bom preâmbulo para testar a campanha de compras de Natal, para a qual a NRF antecipa um crescimento de +3%/+4% (vs. +5,4% em 2022). Não são níveis maus, mas tampouco generosos. É quase o melhor desenvolvimento no contexto atual. Um resultado forte levaria a pensar numas taxas de crescimento futuras demasiado elevadas, que poderão incomodar a Fed. Convém recordar que o consumo representa cerca de 70% do PIB americano. Depois, saberemos o ZEW de Expetativas alemão, a confirmar a sua tendência de melhoria; a segunda estimativa do PIB da UE sem grandes alterações face ao dado preliminar e a Produção Industrial americana a abrandar desde o mês anterior. Em conjunto, se tudo sai conforme o guião estimado, o lógico é esperar uma semana lateral, no pior dos casos. O fundo de mercado melhorou e as bolsas subirão à mínima oportunidade. A curto prazo, a sessão apresenta-se fraca. As bolsas deverão descansar depois das fortes subidas de sexta-feira, nos EUA, um crescimento anémico das compras no Dia dos Solteiros chinês (+2,1% vs. +2,9% o ano passado) e a revisão da perspetiva do rating dos EUA por parte de Moody’s (para negativa desde estável; mantém AAA). Veremos.

Obrigações: “O IPC americano marca o rumo.”

As obrigações movem-se ao compasso da Inflação e dos banqueiros centrais. O IPC marca o rumo, mas os bancos centrais regulam a mensagem se a yield sobe ou desce demasiado. Quando a yield sobe, endurecem-se as condições de financiamento e Powell/Fed suaviza a mensagem se o T-Note americano a 10A ronda os 5,0% (out.), mas quando se aproxima de 4,5% (9/nov.) lança sinais de alerta (subir mais as taxas de juros é uma possibilidade). O mais importante: (1) a queda nos preços da energia pressionam a Inflação (bom para as obrigações). De facto, o preço do petróleo Brent acumula uma queda >16,0% desde máximos, apesar das guerras, e (2) a economia perde inércia, especialmente na UE, por isso, o mercado dá por garantido que terminaram as subidas de taxas de juros. Esta semana, a atenção foca-se na melhoria prevista do IPC dos EUA (terça-feira). Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,58%/4,68%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,65%/2,75%.

Moeda: “A chave está no IPC dos EUA.”

EuroDólar (€/USD)
O tom duro de Powell, na quinta-feira, e a rebaixa de Moody´s da perspetiva do rating têm pouco impacto. Esta semana, o foco está no IPC de outubro dos EUA. Espera-se que a Taxa Geral retroceda umas décimas, mas a Subjacente permanecerá estável. Vendas a Retalho e Produção Industrial desacelerarão. Tudo isso deverá ser ligeiramente apreciador para o euro. Int. est. (semana): 1,063/1,075.
 
EuroLibra (€/GBP)
O foco da semana estará nos dados de emprego e inflação. A desaceleração em salários (+7,4% vs 8,1% ant.) e o retrocesso no IPC (IPC Subjacente +5,8% vs +6,1% ant.) relaxarão a pressão sobre o Banco de Inglaterra para endurecer a sua política monetária, e a libra poderá debilitar-se. Int. est. (semana): 0,871/0,881.
 
Eurosuizo (€/CHF)
A inflação final, a revisão do PIB e a Produção Industrial na UE não deverão ser capazes de mover o câmbio. Esperamos uma semana mais de lateralidade. Int. est. (semana): 0,958/0,970.
 
EuroYen (€/JPY)
O Yen poderá perder terreno esta semana, com Preços Industriais e Exportações a enfraquecer, e possível contração do PIB japonês: -0,4% 3T est. (t/t anualizado). Todos eles, argumentos contra possíveis subidas de taxas de juros por parte do BoJ. Int. est. (semana): 161,0/163,0.
 
EuroYuan(€/CNH)
Na China, saberemos resultados positivas de Vendas a Retalho (+7,0% a/a) e Produção Industrial (+4,5%), assim como os resultados conhecidos do Dia dos Solteiros, que deverão apoiar uma certa apreciação do yuan. Int. est. (semana): 7,74/7,84.