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Estratégia de Investimento Semanal (1 de Agosto)

01.08.2022

Escrito por: Bankinter

"O tom do mercado melhorou. Subimos ligeiramente a exposição às Ações. Contexto não isento de riscos."

 

 

Melhorou o tom geral do mercado, mas não o da economia. Segunda semana consecutiva de subidas nas bolsas. O Eurostoxx-50 revalorizou +3,1% e o S&P 500 +4,3%, devido aos resultados empresariais que têm aguentado surpreendentemente bem e às previsões da inflação e das taxas de juro mais moderadas. Com a temporada de resultados empresariais bem encaminhada, já podemos dizer que bateram as estimativas no 2T: EPS médio do S&P500 +6,6% (2T de 2022;YoY) vs +4,1% estimado no início. Do lado dos bancos centrais, a Fed tem ganho credibilidade no combate à inflação, com uma atitude mais firme: subiu as taxas de juro mais +75 p.b., para o intervalo 2,25%/2,50%, como era esperado, e transmitiu mensagens de alguma tranquilidade ao mercado: (i) Não considera que a economia dos EUA esteja em recessão, apesar de ter recuado 2 trimestres consecutivos (QoQ); (ii) O mercado não deverá ter problemas para absorver a redução do balanço (47.500M$ por mês atualmente e 95.000M$ a partir de setembro). Assim, a yield das obrigações continua a descer. A das obrigações do tesouro americanas para 2,65% e a do Bund para 0,81%.

Começamos a aumentar a exposição às bolsas, mas de forma moderada. As duas principais variáveis que influenciam as bolsas (yields das obrigações e resultados empresariais) deslocaram-se, nas duas últimas semanas, para um cenário mais favorável, colocando os níveis de entrada razoáveis do S&P 500 entre 4.000 e 4.200 pontos (vs 3.400-3.700 anterior). Por isso, subimos a exposição às ações, ainda que de forma moderada (entre +5% e +10% em todos os perfis). Além disso, adotamos uma maior exposição nos EUA, concretamente em empresas tecnológicas.

O contexto não está isento de riscos, nomeadamente pelo lado das economias. A moderação da inflação será muito progressiva, os bancos centrais vão continuar a subir as taxas de juro e o crescimento económico será prejudicado. Assim, estes níveis de entrada incluem premissas ainda conservadoras (obrigações do tesouro americanas de 3,50% vs 2,70% atual e descidas dos EPS). É provável que isto leve a correções que aproveitaremos para adotar posições adicionais. Nesta primeira semana de agosto ainda teremos alguma atividade e volatilidade. A temporada de resultados aproxima-se do fim, com empresas como Lowes, Activision, Paypal, Fortinet e Airbnb, nos EUA, e Infineon, BMW, Maersk e Adidas, na Europa. Na frente macro continuaremos a ver sinais de deterioração nas principais economias. Destacamos o ISM Indústria e o emprego americanos.

Na Europa, teremos as Vendas Retalho da UE e a Produção Industrial da Alemanha. Do lado dos bancos centrais, teremos novas subidas das taxas de juro. É a vez do BoE, entre outros, com uma subida prevista de +50 p.b., para 1,75%. Também teremos intervenções de membros da Fed, como Evans, Bullard e Mester. Kashkari (Fed de Minneapolis) já fez alguns comentários com um tom hawkish este fim de semana: “Vão fazer tudo quanto for necessário para levar a inflação ao objetivo de 2%”. O mais normal será que as bolsas sofram alguma correção após o rally das últimas semanas. Será uma boa oportunidade para começar a adotar posições.