Mora e trabalha em Lisboa? Conheça as opções para se deslocar de forma sustentável

Mora e trabalha em Lisboa? Conheça as opções para se deslocar de forma sustentável

21.09.2023

Escrito por: Ideias que Contam

Menos trânsito e poluição, redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e comportamentos mais saudáveis e sustentáveis resumem as vantagens da mobilidade ativa, também denominada de mobilidade suave ou mobilidade não monitorizada, que suporta as deslocações com pouco ou nenhum impacto no planeta. Na capital há bicicletas, trotinetas e muitas vias cicláveis para descobrir.
 
Nos anos 80 do século passado, entre os cerca de 800 mil habitantes da capital, sete em cada dez lisboetas usava os transportes públicos para se deslocar. Em 2017, a realidade era praticamente inversa. A população de Lisboa rondava os 500 mil habitantes, mas a quantidade de carros que diariamente entrava na cidade era superior a 350 mil, o que significa que cerca de 46% das pessoas optavam pelo transporte privado para as deslocações do dia a dia. Um cenário que se mantém atual e que é também um desafio para os municípios, uma vez que a tendência se repete um pouco por todo o país e mesmo em cidades de menor dimensão. Reduzir as emissões de GEE, reforçar as opções sustentáveis e contribuir para a melhoria da saúde dos habitantes são as prioridades das estratégias de mobilidade de muitas cidades nacionais. 
 
Mas de que forma podem os habitantes das cidades, nomeadamente de Lisboa, tirar verdadeiro partido das opções de mobilidade disponíveis? As opções na capital são já diversas – trotinetas elétricas, bicicletas e vias pedonais conjugadas, claro, com os transportes públicos –, mas ainda estão limitadas ao centro da cidade e a algumas zonas específicas, o que reduz o potencial de utilizadores. Já para quem chega de fora da cidade, estacionar nas entradas de Lisboa e, a partir daí, utilizar a rede de transportes públicos e/ou as bicicletas ou trotinetas (se disponíveis) pode ser uma alternativa. No entanto, também aqui ainda faltam opções de estacionamento a preços acessíveis e boas ligações entre as diferentes modalidades de transporte.
 

Reduzir 28% de carros é a meta para 2030

A introdução da mobilidade ativa em Lisboa continua a ser um “trabalho em progresso”, apesar de as primeiras ciclovias da cidade remontarem a 2001 e da criação da rede ter começado a “explodir” em 2009. Contudo, só quase dez anos mais tarde surgiu a primeira ciclovia considerada verdadeiramente utilitária – na Avenida da República  – por ligar zonas de empresas e de serviços. Hoje, a Rede de Ciclovias de Lisboa é muito mais ampla, atingindo as fronteiras limítrofes da cidade em vários pontos distintos. 
 
A introdução das bicicletas partilháveis GIRA veio igualmente acelerar a utilização de meios alternativos de mobilidade suave, uma componente de peso no projeto MOVE Lisboa (estratégia da Câmara Municipal para a mobilidade 2030). Já a introdução de trotinetas elétricas na cidade de Lisboa teve início em 2018 e contou com 11 operadores/prestadores de serviço diferentes. Atualmente estes operadores não atingem a meia dúzia, muito devido às polémicas levantadas com a má utilização destes equipamentos. 
 
Além das alternativas anteriores, a Câmara Municipal de Lisboa teve em curso um programa de apoio à compra e reparação de bicicletas elétricas, que terminou no final de 2022, destinado aos utilizadores que pretendiam adquirir e manter o seu próprio meio de transporte, que contou com um valor superior a 100 mil euros. 
 

Pedalar desde tenra idade

O incentivo à utilização de bicicletas para as deslocações na capital não se resume, contudo, a quem pedala para o trabalho ou para a universidade. Para incutir este prazer aos mais novos, o município, em parceria com algumas juntas de freguesia, tem em curso o Programa Municipal de Comboios de Bicicletas que já transporta quase duas centenas de crianças. Nestes comboios, as crianças são acompanhadas por monitores com quem fazem o percurso entre o ponto de partida (normalmente a junta de freguesia) e a escola, e o inverso. 
 
Nas escolas, um outro programa – Lisboa sem Rodinhas – incentiva igualmente a utilização deste meio de transporte e ensina os mais novos a dar “as primeiras pedaladas”. Para os mais crescidos, algumas juntas de freguesia têm disponíveis cursos de aprendizagem para que ninguém fique para trás. 
Já para que nada falhe ao nível da manutenção, existe em Lisboa uma rede informal de cicloficinas onde podem ser feitas pequenas reparações gratuitas, mas que servem igualmente de pontos de partilha de experiências e de ensinamentos. 
Agora que já ficou com vontade de pedalar à descoberta da cidade e, quem sabe, de mudar por completo a sua forma de transporte diária, não esqueça as regras de segurança e fique com algumas dicas importantes para uma circulação sem stresse:
 
- Travões e pneus em bom estado são essenciais para viagens em segurança. Antes de sair de casa verifique as condições da bicicleta. Se utilizar uma bicicleta partilhável, confirme sempre o seu estado geral;
- É importante utilizar sempre as ciclovias. Fora destes locais, nomeadamente nos passeios e zonas pedonais só é possível a circulação a menores de 10 anos;
- Não se esqueça de usar os piscas quando mudar de direção ou de utilizar os braços para mostrar para onde vai;
- As luzes dianteira e traseira são obrigatórias à noite. Se estiver nevoeiro, acenda-as também;
- O uso de capacete não é obrigatório mas é recomendável;
- Com o piso molhado tenha em atenção as travagens;
- No inverno não se esqueça de usar agasalhos adequados e luvas;
- Use as mudanças de forma inteligente, antecipando a sua necessidade especialmente nas subidas;
- Respeite os sinais de trânsito.
 
73%
das ruas de Lisboa são planas ou com inclinação inferior a 5%.
 
69%
das deslocações na capital são inferiores a 5 km e feitas de carro.
 
28%
Meta da redução do uso de automóvel privado em Lisboa.
 
30%
Em 2017, esta era a percentagem de viagens feitas de bicicleta ou a pé em Lisboa.
 
150 km
Rede ciclável construída ou em construção na capital.
 
138%
Aumento da utilização de bicicletas em Lisboa entre 2017 e 2020.
 
Fontes: IMOB/INE, CML