Como educar para o ambiente pode ajudar a proteger o futuro do planeta

Como educar para o ambiente pode ajudar a proteger o futuro do planeta

24.01.2025

Escrito por: Ideias que Contam

O Dia Mundial da Educação Ambiental, celebrado a 26 de janeiro, desafia-nos a refletir sobre como estamos a cuidar da nossa casa global. Portugal está a fazer o seu caminho para transformar consciências e garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações através de múltiplas iniciativas que aqui lhe damos a conhecer. Mas será que estamos a fazer o suficiente?

Não há como ignorar. Aquecimento global a acelerar as mudanças climáticas, como fenómenos meteorológicos extremos; poluição do ar e dos oceanos; perda de biodiversidade; aumento da população mundial e escassez de água e de outros recursos; transição energética e gestão de resíduos… Estes são alguns dos desafios climáticos e ambientais a enfrentar hoje e no futuro. Perante este cenário, é fundamental formar cidadãos conscientes e ativos desde cedo, sendo neste contexto que surge a educação ambiental como um processo contínuo que deve envolver toda a sociedade, incluindo as organizações, não só para compreender as ameaças como também para saber agir e solucionar problemas. Coisas tão simples como reduzir o uso de plástico ou proteger a floresta já fazem a diferença.

Portugal tem vindo a desenvolver um conjunto de ações, nomeadamente em escolas, autarquias, instituições e empresas que promovem a consciência ambiental e incentivam a participação de todos na construção de um futuro mais sustentável. Vamos conhecer algumas delas.



 

ESCOLAS QUE MOSTRAM QUE É POSSÍVEL FAZER MAIS E MELHOR.

Já reparou numa bandeira verde à porta de algumas escolas? Isso significa que aderiram ao programa internacional Eco-Escolas e que estão comprometidas com o ambiente, desde a reciclagem até à poupança de energia. O Eco-Escolas, desenvolvido pela Foundation for Environmental Education e promovido em Portugal pela ABAAE (Associação Bandeira Azul de Ambiente e Educação), pretende encorajar comportamentos sustentáveis e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido pela escola no âmbito da Educação Ambiental para a Sustentabilidade.

Outro programa da mesma fundação implementado em Portugal também pela ABAAE é o Jovens Repórteres para o Ambiente (JRA), que pretende contribuir para o treino do exercício de uma cidadania ativa e participativa, enfatizando a vertente do jornalismo ambiental junto de crianças e jovens entre os 11 e os 21 anos. As inscrições tanto podem ser através da escola como individualmente, a partir dos 15 anos (JRA Freelancer).

MONITORIZAR E PROTEGER OS RIOS E RIBEIRAS LOCAIS.

Sabia que pode "adotar" um troço de rio? A ideia é simples: juntar pessoas para monitorizar e proteger os rios e ribeiras locais como forma de ligação à natureza e perceber o impacto que temos na água que usamos.

O Projeto Rios é uma iniciativa ibérica de voluntariado ambiental coordenada, ao nível nacional, pela ASPEA (Associação Portuguesa de Educação Ambiental), que incentiva à adoção de 500 metros de rios ou ribeiras por grupos locais organizados. Recorrendo a uma metodologia de observação simples, mas rigorosa, de fácil aplicação e desenvolvimento, esses grupos assumem a responsabilidade de vigilância e proteção do troço escolhido, contribuindo assim para a melhoria ambiental dos recursos hídricos, em geral, e para promoção de ações de melhoria do troço, em particular. Os grupos do Projeto Rios realizam duas monitorizações de rio por ano, uma na primavera e uma no outono e, ainda, uma ação de melhoria no rio. 

 

CIDADANIA ATIVA APOIADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO.

Já visitou algum Centro de Ciência Viva? São 21, estão espalhados um pouco por todo o país e constituem espaços de divulgação de educação científica, ideais para aprender mais sobre ciência e ambiente de uma forma divertida e prática. Os projetos pedagógicos que desenvolvem têm, na generalidade, cariz ambiental, de que são exemplo, entre outros: o FoodSHIFT Pathways, programa europeu que pretende promover uma mudança sustentável dos sistemas alimentares através de alterações comportamentais relativas às preferências individuais, hábitos de consumo e estilos de vida; o NEB-LAB, baseado no conceito de Open Schooling e que envolve cinco projetos de ecorrenovação de edifícios educativos, um deles o Pavilhão do Conhecimento — Centro Ciência Viva, em Lisboa; o BlueLightS, outro projeto que pretende reforçar as aptidões e competências das crianças e jovens europeus para que possam contribuir para uma resiliência e sustentabilidade “azuis” (rios e mares); e o H2tALENT, que visa estabelecer um "vale do hidrogénio" no Alentejo para contribuir para a estratégia nacional de transição energética de Portugal.

Apanhar lixo na praia

 

EXPLORAR A NATUREZA E APRENDER SOBRE A SUA PROTEÇÃO.

Porque não reservar um dia de lazer para visitar um centro dedicado à sensibilização ambiental? Uma possibilidade é o Centro Ecológico Educativo do Paul de Tornada, uma zona húmida com aproximadamente 50 hectares localizada nas Caldas da Rainha. O espaço, gerido pelo GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente) está situado junto à Reserva Natural Local do Paul de Tornada. O centro oferece atividades educativas para todas as idades, promovendo o contacto direto com a natureza e destacando a importância da preservação dos ecossistemas. Funcionando como um espaço de receção e interpretação da reserva, são ali organizados workshops, visitas guiadas e ações de voluntariado ambiental.

 

FORMAR LÍDERES AMBIENTAIS PARA UM FUTURO MAIS SUSTENTÁVEL.

Sabia que os jovens podem participar em projetos que moldam a sua liderança ambiental? O Generation Earth é um programa desenvolvido em Portugal pela ANP|WWF (Associação Natureza Portugal), que capacita jovens através de formações, workshops e projetos práticos.
Parte integrante da rede internacional Generation Earth, este programa inspira os participantes a tomar medidas concretas em prol do meio ambiente, aprendendo sobre sustentabilidade, alterações climáticas e justiça ambiental. Os participantes têm a oportunidade de desenvolver competências como planeamento de projetos, comunicação e advocacy ambiental, sendo uma oportunidade única de se tornar um líder na luta pela preservação do planeta.

 

PLANTANDO FLORESTAS AUTÓCTONES, JUNTOS!

Sabia que pode contribuir para a recuperação de florestas em Portugal? A Floresta Comum, iniciativa promovida pela Quercus e pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), incentiva escolas, comunidades e cidadãos a plantar e cuidar de espécies nativas em todo o país. Até ao momento, e desde 2010, já plantou mais de 1,5 milhões de árvores e recolheu cerca de 117,5 milhões de rolhas de cortiça. Este programa oferece plantas gratuitamente, promovendo a reflorestação com árvores autóctones, como o carvalho e o sobreiro, essenciais para a biodiversidade e para o equilíbrio ambiental. O programa não só ajuda a restaurar áreas degradadas, mas também promove a consciência ambiental e a ligação emocional com a floresta. 

 

DESCOBRIR O MAR PARA PROTEGER O FUTURO.

A Escola Azul é um programa nacional que promove a literacia do oceano, envolvendo escolas e comunidades em atividades que ligam os participantes ao mar. Desde projetos sobre a conservação marinha e a pesca sustentável até ações para combater a poluição por plásticos, esta iniciativa estimula a curiosidade e o conhecimento sobre os oceanos. É uma oportunidade única para os jovens se tornarem embaixadores do mar, entendendo a sua importância para o planeta e o impacto dos seus comportamentos

 

CULTIVAR SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES.

As hortas pedagógicas, promovidas por escolas e municípios como Lisboa e Porto, incentivam as comunidades a criar espaços verdes urbanos. Estas hortas são utilizadas para ensinar práticas agrícolas sustentáveis, promovendo a alimentação saudável e o contacto com a terra. Além disso, ajudam a reduzir o impacto ambiental da urbanização e a criar uma maior consciência sobre a origem dos alimentos. Cultivar uma horta é uma forma simples e eficaz de aproximar as pessoas da natureza e de fomentar práticas ecológicas.

 

TRANSFORMAR O TRANSPORTE PARA MELHORAR O PLANETA.

A Semana Europeia da Mobilidade, promovida pela Comissão Europeia, é uma campanha anual que decorre entre 16 e 22 de setembro e incentiva a mobilidade sustentável. Com ações como o Dia Sem Carros e iniciativas que promovem o uso de bicicletas e transportes públicos, a campanha sensibiliza para a importância de reduzir as emissões de carbono. É um convite à reflexão sobre como nos deslocamos e como podemos contribuir para cidades mais verdes e saudáveis.

Cuidar do meio ambiente

 

EXPLORAR A MAGIA DOS CHARCOS TEMPORÁRIOS.

O Projeto Charcos com Vida, coordenado atualmente pelo CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental), é uma iniciativa que promove a criação e conservação destes pequenos ecossistemas, fundamentais para a biodiversidade. Os charcos temporários são refúgios para muitas espécies ameaçadas, mas muitas vezes passam despercebidos. Este projeto incentiva escolas e comunidades a explorar, preservar e criar charcos, promovendo atividades práticas e educativas que destacam a importância destes habitats.

 

A educação ambiental também chega às empresas

Cuidar do planeta é uma tarefa de todos, e as empresas em Portugal têm vindo a dar o exemplo ao investir cada vez mais em práticas ecológicas e educativas. Além de adotarem medidas para reduzir desperdícios e utilizar energias renováveis, muitas delas vão mais longe, desenvolvendo ações que impactam diretamente as comunidades. Estas incluem o apoio a campanhas de sensibilização ambiental em escolas, o desenvolvimento de programas de voluntariado corporativo (como a limpeza de praias e a plantação de árvores), a promoção da reciclagem e da economia circular, e até a criação de espaços verdes nas suas instalações. São gestos que mostram como pequenas e grandes organizações podem contribuir para um futuro mais sustentável.

 

Mas por que razão as empresas estão cada vez mais envolvidas na proteção do meio ambiente? Uma resposta está nas políticas ESG (ambiental, social e governança – em inglês, environmental, social, and governance), que se tornaram um pilar essencial para a sustentabilidade corporativa. As políticas ESG ajudam as empresas a medir e a melhorar o impacto das suas atividades no meio ambiente, na sociedade e na forma como se governam. 

A mudança começa em cada um de nós.

Desde separar o lixo a escolher produtos locais, tudo conta. Mas o mais importante é aprender e partilhar este conhecimento. Só assim conseguimos inspirar mais pessoas a fazerem o mesmo.
No fim de contas, cuidar do planeta, mais do que uma responsabilidade, é um privilégio. E neste Dia Mundial da Educação Ambiental, porque não pensarmos no que podemos mudar para melhor?