Imagen

Prioridade: reduzir o consumo de água

25.07.2022

Escrito por: Ideias que Contam

Até 2030, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 700 milhões de pessoas sejam forçadas a migrar devido à escassez de água. Na Europa, Portugal está entre os países mais ameaçados pelas alterações climáticas, que desenham um futuro cada vez mais seco para o país.

 

Nos últimos anos, têm sido cada vez mais frequentes e prolongadas as situações de seca extrema um pouco por todo o território nacional. O risco extremo de escassez de água no território, até 2040, é uma realidade que não deve ser ignorada. Neste cenário, cada pessoa teria apenas 25 litros de água por dia. Mas as consequências já se fazem sentir: entre o final de 2021 e os primeiros meses de 2022, Portugal voltou a registar escassez de água em mais de 60% do território continental. A questão que se levanta é como resolver o desafio da disponibilidade de recursos hídricos a médio e longo prazo. 

Portugal está entre os países com melhores indicadores da qualidade da água da rede pública, mas a população está também entre aquelas que mais água engarrafada consome. Este consumo é 14 vezes superior ao de países como a Suécia, oito vezes mais do que na Dinamarca e cinco vezes mais do que o holandês. 

A água canalizada é, por isso, um recurso importante que importa valorizar. Neste sentido, o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), que esteve em consulta pública até 12 de maio, define um conjunto de investimentos prioritários para aumentar a qualidade do serviço. Os cerca de 13,8 mil milhões de euros investidos nos últimos 20 anos não terão sido, de acordo com os especialistas, suficientes para garantir a sustentabilidade dos sistemas de água e saneamento. 

 

O cidadão utilizador-pagador

Uma das propostas passa pelo investimento, até ao final da década, de cerca de 6,6 mil milhões de euros para, por exemplo, recuperar o atraso no financiamento da manutenção das redes. A nível nacional, estima-se que cerca de 30% da água das redes municipais seja desperdiçada, quer por via de roturas nas redes quer pela falta de cobrança desses consumos. Contudo, este investimento poderá implicar, avisam os peritos do PENSAARP 2030, um aumento da fatura da água que pode atingir os 50%. O objetivo passa por adotar o conceito do utilizador-pagador, de forma a responsabilizar a população para um consumo mais regrado deste recurso, cada vez mais escasso. O impacto será sentido sobretudo pelos consumidores que vivam em municípios cuja água é vendida abaixo do preço de custo. Estes aumentos deverão recair sobre o consumo de água, assim como sobre o tratamento de esgotos. 

Ainda assim, refere o plano estratégico, Portugal continua a estar entre os países europeus que cobram tarifas mais baixas, tendo em conta o PIB per capita. Tendo em conta que cada português consome, em média, 186 litros de água por dia, é urgente reduzir o consumo para evitar em breve consequências graves e diretas. A missão de salvaguardar este importante recurso convoca todos os intervenientes – decisores e população –, de forma a garantir que as próximas gerações também conseguirão ter uma vida saudável, sustentável e com água disponível.

Recorra ao nosso vídeo e siga as dicas e conselhos práticos que podem ajudá-lo a poupar o recurso mais precioso da Humanidade.