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O que é o Investimento Socialmente Responsável? É mais rentável?

11.11.2021

Escrito por: Ideias que Contam

O Investimento Socialmente Responsável (ISR ou SRI, sigla em inglês) está a ganhar popularidade. Por isso, partilhamos consigo a visão do Departamento de Análise do Bankinter sobre o que é o Investimento Socialmente Responsável e em que tipos de ativos investe.

 

Em que consiste um Investimento Socialmente Responsável? 

Um Investimento Socialmente Responsável tem em consideração aspetos que vão além dos puramente financeiros, como os fatores ambientais, sociais e de governo corporativo. 

 

Fatores ambientais

Refere-se a aspetos relacionados com questões ambientais, tais como a gestão de água, a qualidade do ar, a gestão da energia e a biodiversidade. 

 

Fatores sociais

Analisa assuntos internos das Empresas como a Diversidade, Direitos Humanos, questões sanitárias, condições de trabalho ou de segurança.

 

Fatores de Governo Corporativo

Estuda a gestão da empresa, a independência do Conselho de Administração, a remuneração dos quadros diretivos, a estratégia fiscal, a relação com os Acionistas, a gestão do risco, a ética empresarial, o comportamento competitivo ou a corrupção. 

 

Porque é que um Investimento Socialmente Responsável é importante? 

Estamos perante um novo universo de investimento e a sustentabilidade está claramente a mudar o mercado que conhecemos. Determinados aspetos como as alterações climáticas, a poluição ou as condições de trabalho são, felizmente, aspetos que influenciam diretamente as decisões que tomamos. Trata-se de poder satisfazer as nossas necessidades atuais sem comprometer as necessidades futuras

Do nosso ponto de vista, não se trata apenas de uma moda passageira, mas sim de uma mudança estrutural que se manterá ao longo do tempo. Na verdade, o crescimento é exponencial. Inicialmente, este tipo de investimento teve grande aceitação por parte do público mais jovem, mas progressivamente está a ser introduzido na sociedade e já não responde apenas à exigência de um grupo específico. 

Para além disso, a regulamentação desempenhará um papel importante no futuro deste setor. Existe ainda alguma incerteza quanto à forma como será regulamentado. Confirma-se a existência de um Plano de Ação para cumprir os objetivos do Acordo de Paris (2015), nomeadamente reduzir o aquecimento global e promover um sistema financeiro sustentável. A médio prazo, a União Europeia irá propor mais investimentos sustentáveis e, cada vez mais, as decisões de investimento serão tomadas de acordo com os critérios ESG (ambientais, sociais e de governo corporativo).

Em suma, é apenas uma questão de tempo até que este tipo de investimento seja o padrão no universo dos investimentos. Esta tendência será impulsionada pela regulamentação e pela consciência social.

 

Evolução do Investimento Socialmente Responsável

Para o desenvolvimento deste tipo de investimento contribuíram 3 fatores fundamentais: 

1. A criação, em 1999, do Índice de Sustentabilidade do Dow Jones. Primeiro Índice Global a introduzir critérios de sustentabilidade.

2. A apresentação, pela ONU, dos seis princípios do Investimento Socialmente Responsável. Estes princípios, designados por UNPRI (Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas), foram desenvolvidos por um grupo de investidores institucionais e promovidos pela própria ONU. Há mais de 1.400 signatários que operam em mais de 50 países. 

3. Em 2015 foram introduzidos 17 objetivos pelas Nações Unidas, assinados por 193 países, que se comprometeram com o seu cumprimento até 2030. Estes objetivos visam acabar com a pobreza, proteger o planeta e eliminar as desigualdades. 

 

 

O Investimento Socialmente Responsável é mais rentável? 

Foram realizados vários estudos para analisar este impacto. Um dos mais famosos chama-se "From the Stockholder to the Stakeholder: How Sustainability can drive financial outperformance", realizado pela Universidade de Oxford e pela Arabasque Partners. O estudo conclui, a partir da análise de 200 casos, que as práticas prudentes têm um impacto positivo no resultado dos investimentos. Adicionalmente, afirma que em 80% dos casos o preço das ações é beneficiado pela implementação de práticas sustentáveis. 

Um outro estudo, realizado pela Universidade de Hamburgo e pelo Deutsche Bank, conclui que existe uma forte correlação entre a introdução de critérios ESG e um melhor comportamento financeiro por parte das empresas. Por outro lado, as empresas com melhores resultados em fatores ambientais, sociais e de governo corporativo tendem a ter níveis de risco mais baixos e, portanto, menos incumprimentos, o que contribui positivamente para o custo da sua dívida. Para além disto, os Conselhos de Administração e os Acionistas, envolvidos na sociedade e nos princípios ESG, criam valor a longo prazo.

Por conseguinte é aceitável considerar que, num horizonte temporal de longo prazo, é possível obter rendibilidades elevadas e respeitar os fatores ambientais, sociais e de governo corporativo.