Os Carnavais (em Portugal) que não vai mesmo querer perder

Os Carnavais (em Portugal) que não vai mesmo querer perder

09.02.2024

Escrito por: Ideias que Contam

O país tem uma grande tradição carnavalesca com origens muito antigas. Todos os anos, várias localidades vestem-se de cor, brilho e alegria para comemorar esta festa popular que encanta miúdos e graúdos. Se gosta de “brincar” ao Carnaval, este artigo é para si.

Tradição e folia estão prestes a unir-se num dos maiores espetáculos populares anuais. De norte a sul de Portugal, passando pelas ilhas, máscaras, música, dança e sátira vão invadir ruas e avenidas, colorindo o país com alegria e entusiasmo. Uma festa para todos os gostos e idades que permite que cada um se expresse de forma única e criativa. Um hino à liberdade, à diversidade e à inclusão.
A tradição carnavalesca terá tido início no século XI, por influência da Igreja Católica durante a instituição das celebrações da Semana Santa, que era precedida por um período rigoroso de 40 dias de jejum, conhecido como a Quaresma. 
Nos três dias que antecediam esse período de penitência e abnegação, as comunidades uniam-se para celebrar os seus costumes e tradições, envolvendo-se numa festa grandiosa que ocorria nos denominados “dias gordos”, especialmente na terça-feira. Durante este tempo, a troca de presentes, os banquetes, que se estendiam desde a manhã até à noite, e a eleição lúdica de um rei eram práticas habituais.
No entanto, a sua origem poderá ser muito mais antiga, derivando dos festivais pagãos da antiguidade da passagem do inverno para a primavera.
Na época do Renascimento, surgiram os bailes de máscaras e a introdução das tão características fantasias.
Ao longo do tempo, o Carnaval tornou-se uma festa popular com diferentes tradições em cada país e região, e Portugal não foge à regra. Conheça os Entrudos mais emblemáticos portugueses e deixe-se contagiar pelo espírito festivo da quadra.

Loulé

Segundo a autarquia de Loulé, o Carnaval desta cidade algarvia tem o mais antigo corso do país. Data do início do século XX, mais concretamente 1906, aquele que é conhecido entre os louletanos como o primeiro Carnaval “civilizado”. Duas décadas mais tarde, já a “Batalha das Flores” — nome dado ao Carnaval devido ao facto de os seus carros alegóricos se apresentarem, ornamentados com muitas flores de papel — era famosa em todo o país. Este ano, entre 11 e 13 de fevereiro, o desfile dos carros alegóricos, os grupos de samba, de bailarinas, os cabeçudos e os gigantones vão de novo dar um colorido especial à avenida José da Costa Mealha. O tema é “À Descoberta dos ODS” e pretende promover os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas”. A grande novidade é o surgimento do 18.º ODS, aprovado pela “assembleia geral dos foliões louletanos”: a promoção da brincadeira e dos eventos sustentáveis. A organização promete não faltarem os ingredientes que tanto agradam aos visitantes que, ano após ano, escolhem Loulé como destino da folia.

 

Loures

As primeiras edições do Carnaval de Loures, no início do século XX, eram caracterizadas por um espírito crítico e satírico. As cegadas, manifestações de teatro popular de rua, eram um dos pontos altos. Após a Segunda Guerra Mundial, estes festejos entraram em declínio e só voltaram a recuperar o fulgor na década de 70. Em 1989, foi declarado de interesse público, o que contribuiu para o seu crescimento e afirmação. Os desfiles de carros alegóricos são um dos seus pontos fortes e reúnem centenas de figurantes, que animam as ruas da cidade com danças e músicas.

 

Este ano, o Carnaval de Loures visita o “Mundo do Espetáculo”. O sábado, dia 10, arranca com um passeio motard pela freguesia e uma “invasão” foliona pelas ruas do centro de Loures e só à noite são dadas as boas-vindas aos reis, seguidas de baile e muita música noite dentro. Nos dias que se seguem há “Baile Trapalhão” e desfiles, para, no dia 14, ser feito o “Cortejo Fúnebre do Enterro” e a “Leitura do Testamento do Rei Momo”, terminando em apoteose com fogo de artifício.

Madeira

O Carnaval da Madeira de 2024 promete, mais uma vez, dias e noites mágicas nas avenidas. Nestes dias, um por toda a ilha da Madeira, há cor, brilho, criatividade e alegria.
Dois dos muitos eventos icónicos a que poderá assistir são “Grande Cortejo Alegórico”, no sábado, dia 10, que transforma a avenida do Mar, no coração do Funchal, num grande “sambódromo”, com cerca de 1500 foliões a vestir trajes exuberantes carregados de cor, pedras, plumas e muito glamour, e o “Cortejo Trapalhão” de terça, dia 13, uma marcha satírica carregada de herança cultural que representa o que era feito originalmente na primeira metade do século XX.
As festividades começam na quarta-feira antes do Entrudo e a diversão prolonga-se até àquele que é conhecido pelo “Enterro do Osso”, uma tradição que dita o final das festividades, no sábado seguinte ao Carnaval. Em todos os concelhos do arquipélago há pequenos cortejos e festas temáticas. A festa prolonga-se até dia 18.

 

Ovar

As primeiras referências ao Carnaval vareiro na imprensa remonta ao século XIX, mas estas festas populares serão certamente mais antigas. Depois de passar por várias fases, com altos e baixos, na década de 80 do século passado o samba toma conta dos festejos. Em 2013, é criada a aldeia do Carnaval para concentrar, num único espaço, os locais de trabalho dos 20 grupos de Carnaval e quatro escolas de samba. Dois anos mais tarde, são recuperados os tradicionais bailes de máscaras e o afamado traje de dominó, um dos personagens clássicos da commedia dell’arte italiana.

Carnavel em Portugal

 

Este ano, os foliões já andam na rua com exposições, caminhadas, concertos e outros eventos distribuídos por vários espaços um pouco por toda a cidade. O “Grande Corso” sai no domingo, 11, e na terça, 13, às 14h30, mas logo no dia 9 há a célebre “Noite da Farrapada”, um desfile noturno e espontâneo no centro da cidade em que todos podem participar.
Os foliões vão passar por vários locais da cidade, como as praças Galinhas, do Chafariz Neptuno, da República, o Jardim César, o Mercado Municipal e o Parque Júlio Dinis.

Podence

É na aldeia de Podence, em Macedo de Cavaleiros, que os Caretos saem à rua pelo Carnaval. Uma tradição ancestral que mistura elementos profanos, mágicos e religiosos, que se caracteriza por homens fantasiados com máscaras rudimentares feitas de couro ou lata e com vestes coloridas (vermelho, preto e amarelo), cuja presença se faz anunciar pelo som dos chocalhos que trazem à cintura e ao ombro. Entre domingo gordo e a terça-feira de Carnaval, chocalham, gritam e amedrontam, saltando e correndo desenfreadamente pela aldeia. Em 2019, o ritual do “Entrudo Chocalheiro”, como também é conhecido, entrou na lista de representantes do Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

 

O programa deste ano prevê, nos quatro dias de folia, caminhadas, animações de rua, concertos, desfiles, noites gastronómicas, entre muitas outras atividades, terminando com a tradicional queima do Entrudo, que marca o fim das festividades.
Reproduzindo um ambiente festivo que conduz o público a um tempo e rituais ancestrais, o Carnaval de Podence difere dos cortejos carnavalescos característicos das zonas urbanas, sendo por isso considerado o Carnaval mais autêntico de Portugal.

 

Sesimbra

A pitoresca vila do distrito de Setúbal recebe este ano os já tradicionais desfiles organizados por escolas de samba e grupos de axé, que vão percorrer a marginal no domingo e na terça-feira com mais de mil participantes e milhares de foliões. No dia 12 de fevereiro, segunda-feira, a tarde é dedicada ao famoso desfile de palhaços que o ano passado reuniu perto de 10 mil mascarados. Há ainda espaço para as cegadas, constituídas por homens e cantadas em verso ao estilo das antigas canções de escárnio e maldizer e acompanhadas por guitarras portuguesa, o teatro popular satírico originário das zonas mais rurais do concelho, as famosas cavalhadas, um costume das zonas rurais que tem acompanhado várias gerações em que os participantes de  todas as idades demonstram a sua perícia a cavalo, de  bicicleta ou de mota, e o “Enterro do Bacalhau”, que, com muito humor, percorre a vila de Sesimbra na noite da Quarta-Feira de Cinzas e encerra os festejos todos os anos. 

 

No Carnaval de Sesimbra é ainda famoso o cortejo de fantasias de palhaço, que este ano assinala 25 anos. Tudo começou com uma brincadeira entre amigos, que decidiram organizar uma concentração de fantasias de palhaço para animar a tarde da segunda-feira, antecipando a folia de uma das melhores noites do Carnaval de Sesimbra. Com o passar dos anos, o sucesso da iniciativa foi crescendo, atingindo o seu auge em 2023, com o número recorde de 10 mil participantes, conquistando definitivamente o título de maior desfile de palhaços do mundo. 

 

Sines

A tradição carnavalesca nesta cidade do litoral alentejano e o seu reconhecimento nacional remonta às primeiras décadas do século XX. Uma notícia surgida na “Folha de Sines”, datada de 15 de fevereiro de 1926 dava conta dos festejos em honra de um rei e de uma rainha. Ao longo dos anos, foi evoluindo (terá sido o primeiro a exibir um corso noturno), amadureceu e modernizou-se e das exíguas ruelas da nossa vila, transferiu-se para as largas avenidas, muito por vontade e pela garra de “figuras” da terra que tudo fizeram para fazer do Carnaval de Sines um verdadeiro espetáculo. Abre no dia 9 com o “Carnaval dos Pequeninos” e a “Noite da Matrafona” e a chegada dos reis está prevista para o dia seguinte. Depois há DJ, concertos, desfiles, enfim, muita animação até à Quarta-Feira de Cinzas com o “Enterro do Entrudo”.

Carnavel em Portugal

 

Torres Vedras

A primeira referência conhecida ao Carnaval em Torres Vedras remonta a 1574. Trata-se de uma queixa apresentada por um morador contra uns jovens que “corriam o galo” no dia de Entrudo. Só no início do século XX os festejos de rua começaram a ganhar mais expressão e já com sátira social e política. Surgiram o corso, os carros alegóricos, as batalhas de flores e as figuras dos reis do Carnaval (que remontam aos modelos carnavalescos franceses e italianos), a tradicionais matrafonas (homens vestidos de mulher) e os cabeçudos. Seguiram-se uma série de inovações que colocam o Carnaval de Torres no mapa turístico ao ponto de em 2019 ter sido distinguido com a menção honrosa de Mérito Turístico 1.º grau, atribuída pelo Governo português.

Carnavel em Portugal

 

O tema deste ano é o “Carnaval do Futuro” e o dia 9 de fevereiro dá o tiro de partida para cinco dias de desfiles e festas até quarta-feira, o dia do enterro. O evento marca o encerramento das comemorações do centenário do Carnaval de Torres Vedras.

 


A festa popular do Carnaval comemora as tradições alegres, divertidas e criativas com entretenimento para as várias idades, unindo gerações, através das festas, desfiles e cortejos. Celebre a rica herança cultural portuguesa de norte a sul entregando-se à magia do Carnaval de 2024!