O que pode fazer para prevenir e enfrentar incêndios rurais?

O que pode fazer para prevenir e enfrentar incêndios rurais?

04.08.2023

Escrito por: Ideias que Contam

O que podemos fazer para prevenir e enfrentar incêndios rurais?

Os incêndios são um flagelo que se repete todos os anos no nosso país. Preveni-los é responsabilidade de todos e, caso aconteçam à nossa volta, há que estar preparado para enfrentá-los. Saiba como.
 
É verão e o calor faz-se sentir. As previsões meteorológicas em Portugal apontam para a continuação de tempo quente, mas, para já, e segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as temperaturas estão dentro dos valores normais para a época. Uma boa notícia para quem está de férias ou, simplesmente, para quem quer dar uns mergulhos refrescantes no mar, ou refugiar-se à sombra do arvoredo.
No entanto, não podemos esquecer que Portugal é um país de risco no que a incêndios diz respeito. Nos últimos dois anos, de acordo com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os incêndios rurais consumiram cerca de 138 mil hectares, o valor mais elevado desde 2017. Este ano, os dados provisórios até 1 de agosto mostram uma área ardida em espaços rurais superior a 10.500 hectares e mais de 5 mil ocorrências.
 

MAIS FLORESTA, MENOS CARBONO

As florestas constituem um dos principais recursos naturais do nosso país, além de serem habitat de muitas espécies animais, algumas protegidas, de que são exemplo o lince e o lobo ibéricos. A sua preservação impacta positivamente na saúde humana, além de ser essencial para o desenvolvimento rural e urbano, contribuindo para a qualidade de vida das populações, para a economia e, claro, para o ambiente. De acordo com estimativas do Global Forest Resources Assessment 2020 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as florestas do mundo armazenam aproximadamente 662 gigatoneladas de carbono, tendo contribuído, nas últimas três décadas, para remover cerca de um quarto das emissões anuais globais de dióxido de carbono (CO2), ajudando a mitigar os efeitos das alterações climáticas no planeta. No nosso país, e apesar da intensidade de fogos anuais que devastam as nossas árvores e que emitem dióxido de carbono para a atmosfera, as florestas também atuam como sumidouros de carbono. Segundo a Associação ZERO, em 2020, retiraram quase 7 milhões de toneladas de CO2 do ar. 
 

VERÃO: PREVENÇÃO REFORÇADA

Em Portugal, os meios de combate aos incêndios rurais da Proteção Civil estão em alerta durante todo o ano, com maior reforço durante o verão, face ao tempo mais quente e seco, para além do vento, fatores que propiciam o rápido aparecimento e alastramento de fogos.  
No site do IPMA, é possível acompanhar o Perigo de Incêndio Rural (PIR) no continente, com cinco níveis de alerta (Reduzido, Moderado, Elevado, Muito Elevado e Máximo) em cada zona do país. Perante cada um destes níveis, a nossa atuação pode fazer a diferença, seguindo as medidas preventivas da Proteção Civil. Para além destas medidas, nos dias de risco de incêndio "Muito Elevado" e "Máximo", é proibido:
 
Fazer queima de amontoados sem autorização ou sem comunicação prévia;
Fazer queimadas extensivas sem autorização;
Utilizar fogo para a confeção de alimentos em todo o espaço rural, salvo fora das zonas críticas e nos locais devidamente autorizados para o efeito;
Fumigar ou desinfestar em apiários, exceto se os fumigadores tiverem dispositivos de retenção de faúlhas;
Usar moto roçadoras, corta-matos e destroçadores. Evite o uso de grades de discos.
 

E SE SE DEPARAR COM UM INCÊNDIO?

Se se deparar com um incêndio, deve seguir os cinco conselhos Portugal Chama, a campanha que apela à ação de toda a sociedade portuguesa contra os incêndios rurais e que tem a chancela da República Portuguesa:
 
Se estiver próximo de um incêndio, comece por ligar para o 112, a linha nacional de emergências. Se não correr riscos e estiver vestido com roupa adequada, tente extinguir pequenos fogos com pás, enxadas ou ramos. Entretanto, deve evitar a exposição ao fumo, tapando a boca e o nariz com um pano húmido. Deve, também, proteger o corpo das chamas e do calor, com vestuário seco e comprido. Com a chegada das corporações de bombeiros e de outras forças de socorro, siga as instruções e não prejudique a ação destes profissionais.
 
Se vir o incêndio a aproximar-se de casas, nomeadamente da sua, avise os vizinhos, regue as paredes, telhado e até 10 metros à volta de casa, feche portas, janelas e outras aberturas, além de correr as persianas ou portadas. Retire mobiliário, lonas ou lenhas próximas da habitação e, caso tenha condições de segurança, desligue e retire as botijas de gás para um local seguro, afaste o que possa arder junto às janelas e coloque toalhas molhadas nas frestas. Se não correr perigo, apague pequenos focos de incêndio com água, terra ou ramos verdes.
 
Se ficar cercado pelo fogo, dirija-se para um abrigo ou refúgio coletivo, caso exista essa possibilidade. Se não houver, procure uma zona preferencialmente plana, com água ou pouca vegetação. Respire junto ao chão, se possível através de um pano molhado, para evitar inalar o fumo, cubra a cabeça e o resto do corpo, utilizando um lenço húmido, e proteja a cara do calor e dos fumos.
 
Se estiver dentro da habitação e ficar confinado, mantenha a calma. Deve afastar cortinas e sofás que estejam junto às janelas, fechar portas, janelas e outras aberturas que possibilitem a entrada de faúlhas para o interior, colocando toalhas molhadas nas frestas. Não se aproxime das paredes e procure abrigo nas divisões do extremo oposto ao lado por onde o incêndio se está a aproximar. Espere que o fogo passe e, posteriormente, verifique a existência de focos de incêndio na envolvente da habitação e no seu telhado.
 
Se o perigo aumentar e tiver de ser evacuado, não entre em pânico e cumpra as indicações das autoridades. Ajude as crianças, idosos e pessoas com limitações de mobilidade, sem perder tempo a recolher objetos desnecessários e sem voltar atrás, levando apenas consigo um “kit de evacuação” que deve manter sempre a postos (sobretudo se vive em locais de risco) e que consiste num estojo de primeiros socorros, medicação habitual, água e comida não perecível, produtos de higiene pessoal, uma muda de roupa, rádio, lanterna e apito, dinheiro, lista de contactos de familiares e amigos (telemóvel ou outro) e documentos de identificação. Feche as portas e janelas à medida que for saindo, não se esqueça dos animais de companhia e dirija-se rapidamente ao local de abrigo ou refúgio coletivo mais próximo indicado pelas autoridades.
 
Agora que já sabe como atuar para prevenir ou enfrentar um incêndio, mantenha sempre perto de si os números essenciais: além do 112, o 808 200 520 corresponde ao serviço de atendimento SOS Ambiente e Território da GNR. Porque Portugal Chama por si, por todos.