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Estratégia de Investimento Semanal (3 de Abril)

03.04.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Rumo à tranquilidade. Semana curta, com emprego americano. Saldo final plano ou ligeiramente negativo. OPEP nervosa.” 

:: A semana passada fechou março de forma bastante positivo, com a inflação de quinta e sexta-feira, tal como a nossa estimativa: UE +6,9% de +8,5% (embora a subjacente +5,7% de +5,6%), Alemanha +7,4% de +8,7% e Deflator do Consumidor dos EUA (PCE; fev. neste caso) +5,1% desde +5,4% (subjacente inalterada em +4,7%). Antes disto, o tom já tinha melhorado substancialmente à medida que se tornou claro (como tínhamos estimado, também) que a mini crise bancária foi rapidamente ultrapassada, sem mais contágios, uma vez que os bancos afetados (SBV, Credit Suisse...) enfrentavam problemas individuais, mas nada que pudesse ser elevado a global ou sistémico. Os resultados positivos em ambas as frentes permitiram que o trimestre terminasse com um bom saldo (S&P500 +7%; Nasdaq-100 +20,5%; ES-50 +13,7%), com os semicondutores a destacarem-se positivamente (SOX +27,6%), o que temos vindo a recomendar repetidamente (link para a nossa nota) e continuaremos a insistir. E os saldos semanais foram também positivos, apesar das incertezas e problemas: +3,5%, +3,2%, +4,5% e +3,5%, respetivamente. E não se pode dizer que as obrigações estão baratas (T-Note 3,52%; Bund 2,31%; B10A Espanha 3,31%...), mas também não estão claramente caras e, com as curvas invertidas e algumas subidas de taxas de juro pendentes (3/4 de maio), é mais provável que, quando os bancos centrais terminarem o seu trabalho,estas ganhem inclinação, o façam por uma subida limitada na yield dos prazos mais longos em vez de cairem ainda mais as de curto prazo. Isto dá algum conforto quanto às perspetivas das yields nos próximos meses. O mercado está a recuperar dos sustos e a evoluir razoavelmente bem.

:: Esta semana terá apenas 4 dias efetivos (sexta-feira é um feriado "total" e segunda-feira, 10 de abril, a Europa está fechada, mas não Wall St.) e será caracterizada por: (i) O emprego americano continuará a mostrar uma solidez quase desconfortável para a Fed (terça-feira JOLTS, quarta-feira Inquérito ADP e sexta-feira Taxa de Desemprego e Criação de Emprego Não Agrícola), o impacto será neutro ou ligeiramente negativo para as bolsas, embora seja contraintuitiva. (ii) A consolidação de um contexto menos tenso e mais calmo, com o reconhecimento de que os problemas bancários são individuais, pontuais e não podem ser extrapolados ao sistema bancário, nem podem ser globalizados. Estas duas referências (uma macro e outra conceptual) colocam-nos diante de uma semana que deve ser tranquila, sem complicações, com um ganhos de confiança... mas sem estímulos especiais. Só a OPEP complica um pouco o início da semana cortando a produção em 1,16M b/d a partir de maio, aumentando o corte acumulado para 3,36M b/d ou 3,7% da produção total. O petróleo sobe aproximadamente +5% e isso é negativo para as bolsas, mas não é dramático. Ainda falta um mês para as próximas reuniões da Fed e do BCE, a 3 e 4 de maio, respetivamente, é demasiado cedo para que as estimativas de resultados das empresas melhorem substancialmente e a guerra na Ucrânia continua adormecida, em segundo plano, enquanto nada de estranho acontecer. 
Podemos ter alguns dias mais monótonos e ligeiramente em baixa, após as recentes subidas, mas, de vez em quando, a tranquilidade não é má. Pode representar outra oportunidade de tomar posições a preços um pouco mais atrativos.

Obrigações: “Inflação e volatilidade em baixa.” 

A yield das obrigações está a afastar-se dos mínimos anuais porque a minicrise bancária parece ter sido resolvida e a procura de ativos seguros está a diminuir (T-Note EUA 10A a 3,50% e Bund alemão a 2,30%). Este é um movimento natural, acompanhado pela recuperação do setor bancário na bolsa . Além disso, os spreads de crédito estão a estabilizar e a volatilidade está a distanciar-se dos máximos (Move Index ~140 vs 198 em 15/março). 
Mais importante ainda, as obrigações são suportadas porque: A inflação recua, as subidas de taxas de juro estão a aproximar-se do fim e os bancos centrais estão a suavizar o tom da mensagem. De facto, o IPC da UE caiu para 6,9% em março(vs 8,5% ant.) com o Deflator de Consumo de fev. nos EUA (chave para a Fed) a 5,1% (vs 5,4%ant.). Esta semana, o Emprego dos EUA está em foco (JOLTS/Nº de empregos na terça-feira) e Taxa de Desemprego (sexta-feira).
Intervalo (semanal) Estimado T-Note: 3,50%/3,60%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,30%/2,40%.

Divisas: “O dólar mantém-se após a decisão da Fed.” 

Euro-Dólar (€/USD).– As principais referências da semana centram-se na frente do emprego. O inquérito ADP de quarta-feira mostrará um bom ritmo de criação de emprego no setor privado (210k). Na sexta-feira veremos o relatório completo do mercado de trabalho, com criação de emprego a 240k, desemprego a 3,6% e salários +4,3% a/a. Estes dados fortes poderão ajudar o dólar a recuperar. Intervalo estimado (semana) 1,070/1,090. 
Euro-Libra(€/GBP).– Sem grandes catalisadores para além dos dados finais do PMI para deslocar a linha , acreditamos que a tendência para a semana deve ser lateral. Intervalo estimado (semana): 0,872/0,884. 
Euro-Franco Suíço (€/CHF).- A macro está centrada na Suíça, onde a inflação abrandou e o PMI Ind. e a Taxa de Desemprego seguirão o exemplo. Tudo isto deverá apreciar o franco face ao euro esta semana. Intervalo estimado (semana): 0,975/1.000. 
Euro-Iene (€/JPY). - Após a desvalorização do iene na semana passada, como resultado do último aumento de taxas de juro na Europa, esperamos que a possibilidade de um aumento de taxas de juro no Japão vá apreciar a moeda. Intervalo estimado (semana): 142,0/146,0. 
EUR-Yuan (€/CNH).- Após a desvalorização do Yuan da semana passada, esperamos que um bom PMI Serviços Caixin (Quinta-feira) se junte ao bom PMI Industrial da semana passada e ajude a apreciação da moeda. Intervalo estimado (semana): 7,30/7,50.