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Estratégia de Investimento Semanal (27 de Março)

27.03.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Fraca ou plana, fruto do que acontecer com os bancos e, acima de tudo, com a inflação na sexta-feira.” 

A semana passada ofereceu saldos positivos para as principais bolsas , até sexta-feira, quando as tensões nos bancos se reacenderam ao saber-se que o DoJ(Departamento de Justiça dos EUA) também está a investigar o Credit Suisse/UBS por suspeita de terem ajudado oligarcas russos a evadir assanções pela invasão da Ucrânia e o Deutsche Bank foi afetado (caiu -15%). Isto fez do final da semana negativo, com os bancos europeus a cair 
drasticamente. Alguns dias antes, Yellen (Tesouro dos EUA) tinha feito algumas declarações inoportunas e desnecessárias, negando a extensão da garantia de depósito de 100% ao setor de uma forma generalizada. O facto é que a semana foi condicionada, mais uma vez, por notícias adversas para os bancos, o que impediu a continuação de recuperação na sexta-feira. Contudo, a tecnologia continuou a funcionar como ativo de refúgio e o Nasdaq-100subiu +2% durante a semana (+0,3% na sexta-feira).

:: Nada realmente relevante até à inflação europeia e americana (PCE) na sexta-feira, salvo que os bancos continuem a ser castigados.

A referência mais importante esta semana é a inflação europeia na sexta-feira. Será a leitura de março, mês a partir do qual deverá beneficiar de um substancial "efeito de base", visto que os aumentos significativos aconteceram a partir de março de 2022, uma vez que a invasão da Ucrânia iniciou-se a 24 de fevereiro de 2022. Espera-se que diminua para +7,2% desde +8,5%, mas as nossas estimativas apontam para uma queda maior. Também na sexta-feira será 
publicado o Deflator do Consumo Privado dos EUA (PCE), agora a +5,4% (+4,7% Subjacente). Neste caso são dados de fevereiro, pelo que não devemos esperar grandes melhorias, embora se espere que caia para +5,1%, mas mantendo a Subjacente a +4,7%. Portanto, temos 4 dias pela frente quase sem nenhuma referência capaz de mover realmente o mercado (embora hoje o IFO alemão seja publicado, neste contexto terá pouco impacto). Isto significa que os próximos 4 dias estão, na prática, sujeitos às hipotéticas notícias sobre os bancos que possam vir a sair. Na ausência destas, as bolsas deverão tender a recuperar ligeiramente. Yellen (US Treasury) continuará a tentar esclarecer as declarações desnecessárias que fez na semana passada, nas quais, sem ganhar nada com isso, afirmou que a garantia de depósitos não será válida para todo o sistema bancário. Que erro dizer isso! Especialmente porque está ciente de que, quando a situação de um banco se tornar irreversível, terá de o fazer para evitar um contágio irracional.

::Esta quarta-feira (29 de março) publicamos a nossa Estratégia de Investimento 2T 2023 que mantemos pró-mercado (bolsas e obrigações), apesar da mini-crise bancária e mesmo que, por causa disso, algumas questões evoluam mais lentamente. Se esta perda de dinamismo afetar as bolsas, não é um problema. O início do ano foi demasiado rápido e corrigir os excessos é bom. A inflação diminuirá gradualmente ao longo dos próximos 12/18 meses, os bancos centrais terminarão o ciclo de subidas das taxas de juro por volta de maio/junho, o contexto macroeconómico será redinamizado na segunda metade do ano, as estimativas de lucros das empresas melhorarão em 2024 (principalmente nos EUA), as obrigações recuperarão na segunda metade do ano, e a economia dos EUA assistirá a uma recuperação, também na segunda metade do ano. As obrigações estão de volta às carteiras, uma vez que oferecem rentabilidades razoavelmente atrativoas e as valorações da bolsa são suficientes, embora não generosas, mas irão melhorar quando, a partir de junho, o primeiro fluxo de caixa livre (FCF) considerado seja o de 2024 e não o de 2023. Sugerimos a sua leitura, mesmo que seja na diagonal.

Obrigações: “Pressão inflacionista, novamente.” 

As obrigações têm uma base sólida e desempenham o seu papel como um ativo de refúgio quando existe incerteza macro/taxas de juro/mercado porque: (1) o ciclo de subida de taxas de juro está a chegar ao fim e (2) a instabilidade gerada pela banca regional americana e a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, convidam a um aperto das condições financeiras. A Fed sobe as taxas de juro +25pb para 4,75%/5,0%, mas o diagrama de pontos/ perspetivas dos consultores reflete um nível para os Fed Funds de 5,0%/5,25% em 2023 e 4,25%/4,50% em 2024. Lagarde (BCE) defende que o objetivo principal é travar a inflação, mas evita comprometer-se com novas subidas de taxas de juro. Esta semana o IPC da UE e o Deflator de Consumo dos EUA/PCE (ambos na sexta-feira) ditarão o rumo. Estimativa intervalo (semanal) de T-Note: 3,35%/3,50%. Yield do Bund (semanal) intervalo estimado: 2,10%/2,25%

Divisas: “O dólar mantém-se após a decisão da Fed.” 

Euro-Dólar (€/USD).– Na quarta-feira passada, a Fed enviou uma mensagem "dovish" assinalando que as taxas de juro poderiam estar próximas de máximos após o aperto das condições de crédito devido à turbulência no sistema financeiro. Isto, juntamente com o esperado recuo no PCE esta semana, apoia o deslizamento contínuo do dólar. PCE a desacelerar para 5,1% (5,4% ant.) com o Subjacente estável a 4,7%. Intervalo estimado (semana) 1,070/1,084. 

Euro-Libra(€/GBP).– Após uma reunião do BoE na semana passada, na qual não houve surpresas, esperamos uma semana de estabilidade na taxa de câmbio da libra. Além disso, não haverá referências macro relevantes. Intervalo estimado (semana): 0,870/0,887. 

Euro-Franco Suíço (€/CHF).- Espera-se que o IPC europeu para março seja moderado acentuadamente (+7,2% de esp. a/a vs. +8,5% ant.) quando comparado com o primeiro mês após a invasão da Ucrânia. Tendência lateral na travessia. Intervalo estimado (semana): 0,975/1.000. 

Euro-Iene (€/JPY). - A agitação no setor financeiro incentiva o iene como porto seguro. Excluindo as componentes mais voláteis, a inflação continua a  acelerar em fevereiro e exerce pressão sobre o novo Governador do BoJ no sentido de aperto monetário. Intervalo estimado (semana): 139,0/143,5. 

EUR-Yuan (€/CNH).- Espera-se que o PMI Industrial desta semana apresente poucas alterações em relação aos 51,6 de fevereiro. Depois do Yuan apreciado na semana passada, esperamos que se obtenham alguma toma de lucros. Intervalo estimado (semana): 7,30/7,40.