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Estratégia de Investimento Semanal (13 de Março)

13.03.2023

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “SVB resolvido, ao que parece. Recuperação de partida, mas cuidado com a inflação americana e o BCE.” 

:: A semana passada esteve condicionada em baixa desde quinta-feira à noite devido aos problemas do Silicon Valley Bank (SVB), que acabou intervencionado, e o receio de contágio (improvável). Previamente, Powell (Fed) tinha fixado ligeiramente em alta a perspetiva sobre as taxas de juro máximas (pouco mais de 5,60%) nas suas comparências semestrais perante o Senado (terça-feira) e o Congresso (quarta-feira), com prejuízo para as ações e obrigações. É provável que tenha usado uma abordagem mais dura só para o caso da inflação não ceder entre março e junho (o período-chave) e isso, em combinação com o pleno emprego e um ciclo económico mais sólido do que o esperado,levasse a Fed a subir as taxas de juro além dos 5,25/5,50% já descontados. Contudo, o mais provável é que a inflação volte a ceder a partir do registo de março (que será publicada na segunda semana de abril) e isso não seja necessário. Em resumo, a coincidência de um banco americano com problemas (embora seja pequeno e não convencional porque o seu foco é financiar start-ups) com o aviso de Powell relativamente a um possível endurecimento da política monetária só podia ter como resultado uma tendência de baixa superior ao esperado.

:: Esta semana parece estar neutralizada a ameaça do SVB, teremos outro teste à inflação americana (terça-feira) e outra subida das taxas de juro do BCE (quinta-feira).

O Silicon Valley Bank (SVB) foi intervencionado e os clientes podem dispor dos seus depósitos. Não se trata de um “resgate”, mas sim de uma solução privada. Contudo, a Fed ativou uma liquidez de emergência para que os depositantes possam dispor dos seus fundos  (mesmo os que ultrapassam o valor legalmente garantido) enquanto gere a sua venda a outro banco. De facto, o HSBC comprou a filial britânica do SVB. Esta rápida solução permitirá que hoje NY recupere após 2 sessões de fortes quedas. Parece que o problema foi resolvido a tempo e o contágio é pouco provável. Após a recuperação de hoje, amanhã a inflação americana poderá ser uma desilusão (+6,0% esperado, de +6,4%), como já aconteceu a 24 de fev. com o Deflator do Consumo ou o PCE Deflator (+5,4% vs +5,0% esperado vs +5,3% anterior), e na quinta-feira será necessário enfrentar um BCE que vai voltar a subir 50 p.b. (para 3,00/3,50%), mas que provavelmente não dirá nada sobre a decisão para a sua próxima reunião no dia 4 de maio (+25 p.b. ou +50 p.b.). A inflação americana que vai ser publicada amanhã é de fevereiro, pelo que não devemos esperar uma moderação, uma vez que ainda compara com meses de 2022 prévios à invasão da Ucrânia e, por isso, prévios aos grandes aumentos dos preços. Isto significa que o verdadeiro teste para a inflação (americana e europeia) será entre abril e julho, quando sejam publicados os registos de março/junho. Foi nestes meses quando aconteceram as maiores subidas da inflação. Especialmente, em março de 2022: +2,4% e +3,0% na Europa e nos EUA, respetivamente, em termos de variação mensal. Assim, os registos de março (que serão publicados em abril) são os primeiros que vão mostrar (ou não) a descida da inflação devido ao “efeito espelho”. E esta previsível melhoria é a que deverá permitir que o BCE e a Fed adotem uma predisposição menos beligerante com as taxas de juro. 
Ao mesmo tempo, isto permitirá uma melhoria do tom do mercado. Nessa altura, o mais normal será que o assunto do SVB já esteja esquecido e sem consequências graves e que, rapidamente, os lucros empresariais comecem 
a melhorar. Tudo isto deverá acontecer a meados de abril. Entretanto, esta semana o mercado deverá recuperar e, a seguir, continuará a sofrer um pouco. Continuamos a interpretar esta situação como uma oportunidade para nos posicionar com preços ligeiramente mais atrativos tendo em vista dez. de 2023 e até de 2024/25. Devemos ter paciência mais algumas semanas. E é só isso.

Obrigações: “Mercado com altos e baixos.” 

As obrigações tentam encontrar o equilíbrio. A queda do SVB acrescentou incerteza e volatilidade. As rentabilidades a curto prazo caíram, antecipando uma política monetária menos agressiva, provocando uma inclinação da curva, uma vez que os prazos são mais afetados pelas expetativas da inflação. Esta situação dificulta o trabalho da Fed e o mercado debate sobre quais serão os seus próximos movimentos. No plano convencional, esta semana a atenção estará centrada nos dados da inflação americana (+6,0% esp.) e na reunião do BCE (+50 p.b.). Assim, veremos um mercado de obrigações volátil e errático, pelo menos até que se vão resolvendo as incertezas. A 22 de março teremos a reunião da Fed. Este será o momento da verdade, uma vez que as obrigações são muito sensíveis às mudanças nas perspetivas das taxas de juro. Intervalo (semanal) estimado obrigações do tesouro americanas: 3,65%/3,80%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,45%/2,70%.

Divisas: “Duas referências, IPC americano e a reunião do BCE” 

Euro-Dólar (€/USD) -. O Euro recuperou posições no final da semana, após um dado do desemprego americano que aumentou a expetativa de um movimento de subida mais suave da Fed vs a expetativa na reunião de quinta-feira do BCE. De qualquer forma, o dado da inflação de fevereiro nos EUA será outra vez fundamental para o Dólar. Intervalo estimado (semana): 1,063/1,08. 
Euro-Libra (€/GBP).– Semana com escassas referências macro no Reino Unido . Após as subidas da semana passada, não descartamos ver alguma consolidação. Intervalo estimado (semana): 0,878/0,892. Euro-Franco Suíço (€/CHF): Após uma semana de valorização do Franco Suíço, devido ao aumento das pressões inflacionistas, esperamos que esta tendência mude após a prevista subida das taxas de juro de +50 p.b. do BCE (Taxa de Depósito 3,0%) nesta quinta-feira. Intervalo estimado (semana): 0,97/1,00. 
Euro-Iene (€/JPY).- O BoJ manteve inalterada a sua política monetária, como era esperado. Esta semana, é a vez do BCE, que se espera que aumente +50 p.b. Já descontado, não deverá afetar o câmbio, que se deverá manter num intervalo de cotação curto. Intervalo estimado (semana): 142,7/145,5. 
Euro-Yuan (€/CNH).- O BCE deverá subir, mais uma vez, as taxas de juro +50 p.b., numa semana onde a macro chinesa deverá melhorar. Além disso, o novo Primeiro-ministro (Li Qiang) mostrou-se a favor do setor privado na sua estreia pública. O Yuan deverá valorizar. Intervalo estimado (semana): 7,20/7,35.