10 Dicas para um 2024 mais verde

Portugal está no caminho certo para a sustentabilidade? Como é que cada um de nós pode ajudar? Muitas das nossas escolhas diárias têm um impacto importante no planeta. Aproveite este início de ano para começar a marcar a diferença. Por si, por todos e pelas novas gerações futuras.

O início de cada ano é uma época de renovação, de esperança e também um momento para refletir sobre o passado para definir objetivos para o futuro. Não é novidade que em termos ambientais o mundo está a enfrentar adversidades e incertezas significativas, que requerem mudanças rápidas e concretas. As alterações climáticas, a poluição e a perda de biodiversidade são ameaças que colocam o planeta em risco.

No entanto, também há sinais de esperança, que algumas boas notícias espelham. No ano passado, em Portugal, a produção renovável abasteceu 61% do consumo de energia elétrica, num total de 31,2 TWh, o valor mais elevado de sempre no sistema nacional, anuncia a REN – Redes Energéticas Nacionais. O país também melhorou, ainda que muito ligeiramente, no “Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPI) 2024”, divulgado na COP28, que coloca Portugal no 13.º lugar, uma posição acima daquela que ocupava no ano anterior. Em outubro, a Comissão Europeia (CE) apresentou, em Bruxelas, o relatório sobre o “Estado da União na Energia”, que revelou que o cabaz energético português integra 32% de energias renováveis, quando a média da União Europeia é de apenas 19%, e no cabaz da eletricidade o avanço nacional nas energias renováveis é ainda maior: 65% contra 39% da média europeia. Na mobilidade, a comercialização de automóveis elétricos continua a crescer. De acordo com a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, têm sido batidos todos os recordes de vendas. Em 2023, os 100% elétricos (BEV – battery electric vehicles) em conjunto com os híbridos plug-in (PHEV – plug-in hybrid electric vehicles) ultrapassaram, inclusive, os veículos de motor a combustão. Uma tendência que se acredita vir a aprofundar-se no futuro.


 

No entanto, também há desafios a superar: precisamos de reciclar mais embalagens para conseguir cumprir as metas relativas à gestão de resíduos urbanos. Segundo a Eletrão, entidade gestora de resíduos, dos cerca de cinco milhões de toneladas de resíduos produzidos, apenas um milhão é reciclado, outro milhão é valorizado energeticamente (queimado) e três milhões acabam em aterros quando podiam ser aproveitados.

Também o consumo de carne está em alta. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, em 2022, cada português ingeriu 118,5 quilogramas de produtos cárneos (cerca de 300 gramas por dia), um aumento de quatro quilos face ao ano anterior.

Já nas estradas, a circulação automóvel aumentou significativamente. Só nas autoestradas, segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), esse aumento superou, nos primeiros nove meses de 2023, os 10% face ao período pré-covid. Todos com uma pegada ecológica pesada, portanto.

Se está determinado a dar o seu contributo para tornar o seu impacto ambiental mais positivo, seguem-se algumas resoluções de Ano Novo ao seu alcance. Se cada um de nós fizer uma pequena mudança, todos poderemos fazer uma grande diferença.

Reduza o seu consumo de energia.

Desligue as luzes quando sair de uma sala/quarto, bem como os aparelhos quando não estiverem a ser usados. Lembre-se: aquele pequeno avisador colorido de modo stand-by de uma televisão pode consumir 2 a 5 watts/hora. No final do mês, estes consumos, no seu conjunto, podem representar até 10% da sua fatura de eletricidade. Imenso, não é? Instale sensores de movimento para desligar as luzes automaticamente e opte, em qualquer dos casos, pelas lâmpadas mais económicas.

Aposte na energia renovável.

É uma fonte limpa e sustentável que pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A maioria dos fornecedores nacionais já comercializam eletricidade 100% verde. Confira se o seu é um deles. Se tem uma vivenda, considere a instalação de painéis solares, podendo, inclusive, tornar-se um pequeno produtor e vender depois eletricidade à rede.

Use mais transportes públicos ou modos suaves de transporte.

A mobilidade urbana é um dos grandes desafios a enfrentar. Se anda todos os dias na estrada já certamente deu conta de cada vez haver mais carros a circular… e também parados em grandes filas. A alternativa, sobretudo nas grandes cidades, é o recurso aos transportes públicos ou, em percursos curtos, aos modos suaves e sustentáveis como a bicicleta ou andar a pé.



 

Se não pode mesmo dispensar o automóvel, então opte pelos elétricos.

Se está a pensar trocar de carro em 2024, considere a compra de um 100% elétrico. Têm cada vez maior autonomia e a rede de carregamento continua em permanente expansão, prevendo-se que este ano chegue aos dez mil pontos. Por outro lado, quer viva numa moradia ou num condomínio, há soluções de carregamento adaptadas a cada necessidade para poder fazê-lo em sua própria casa.


 

Coma menos carne.

Já certamente ouviu falar de que produção de carne, sobretudo bovina, está identificada como impulsionadora do aquecimento global. Entre os vários fatores desencadeantes está o metano (gás de efeito estufa) que emite o elevado consumo de água e a pressão sobre a terra. Reduzir o seu consumo traduz-se, obviamente, numa diminuição do seu impacto ambiental. A que consumir deve ser proveniente de animais criados em sistemas de produção sustentáveis e que têm em conta o bem-estar animal.


 

Recicle e composte.

A reciclagem, que permite transformar resíduos em novos produtos, e a compostagem, que transforma produtos orgânicos em adubo, ajudam a reduzir a quantidade de resíduos que vão para aterros sanitários. Insista no hábito de separar os resíduos e de os transportar para os devidos ecopontos, consoante o material de que são feitos. Por outro lado, diminua a quantidade de resíduos produzidos por si, comprando produtos com menos embalagens e evitando as de uso único, como certos plásticos e alumínios usados, por exemplo, em refeições take-away.
 

Faça compras conscientes e informadas.

Avalie sempre o que adquire numa perspetiva do ciclo de vida, optando por produtos duráveis, para evitar o desperdício. Analise também as possibilidades de reciclagem dos materiais. É o caso de aparelhos eletrónicos, da moda, do mobiliário, entre outros. Dê preferência a empresas que seguem práticas de produção sustentáveis. Informe-se sobre os impactos sociais e ambientais das suas escolhas.
 

Diga sim ao turismo responsável.

Escolha destinos que promovam práticas sustentáveis. Que práticas são estas? Para saber mais sobre esta temática, conheça os guias lançados pelo Turismo de Portugal que são uma ferramenta útil para as empresas do setor, mas que podem interessar também ao público em geral. Depois, parta à descoberta de um país eco-friendly que espera por si. Consulte o Índice de Viagens Sustentáveis 2023 da Euromonitor International, onde a Europa domina. Portugal está em 16.º lugar e Lisboa em nono.

Participe em iniciativas de limpeza e preservação ambiental.

Se tem tempo para se dedicar ao voluntariado, junte-se a grupos locais ou participe em iniciativas de limpeza de praias, de parques e de florestas, bem como de plantação de árvores e outras. Além de contribuir para um ambiente mais limpo, estas ações ajudam a preservar ecossistemas locais e sensibilizam para a importância da conservação.


 

Promova desafios sustentáveis online.

Utilize as redes sociais para fomentar práticas sustentáveis. Crie um grupo e desafie os seus amigos, por exemplo, a reduzir o uso de plástico, a plantar árvores ou a adotar uma semana de alimentação vegetariana. Isso não só desperta consciências como também envolve a comunidade online na adoção de comportamentos mais ecológicos.

 

Que cada uma destas “resoluções” conscientes seja uma semente plantada para um futuro mais ecológico e sustentável. Vamos, em conjunto, construir 2024 onde a esperança num planeta saudável se torne cada vez mais real.