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Cuidados com o Sol

24.08.2022

Escrito por: Ideias que Contam

Sol no verão: o que deve fazer para se proteger? 
 
O verão já vai longo, mas nunca é tarde para falarmos do sol e lembrar os cuidados a ter para proteger a pele dos seus efeitos.
 
O tempo quente convida a férias, a passeios, a praia. Como está calor, cobrimo-nos menos e, por isso, a pele está mais exposta aos raios solares. Devemos, assim, ter cuidados acrescidos nesta época do ano para mantermos a pele saudável.
 
Conhecer (bem) o sol…
É fonte de vida e de energia, e acompanha-nos desde que nasce até que se põe. Ao longo do dia emite radiações com mais ou menos intensidade consoante as horas, que é conveniente saber distinguir. São de três tipos e cada uma tem efeitos diferentes na nossa pele.
 
 
Raios infravermelhos. São os responsáveis pela radiação térmica, ou seja, pelo calor que o sol emite. Os infravermelhos (IV) são invisíveis e dividem-se em IVA, IVB e IVC. Devido ao seu longo comprimento de onda, conseguem penetrar na pele em profundidade, mas não têm efeitos nocivos sobre a saúde: apenas nos aquecem o corpo (e tantas vezes a alma também). Apesar disso, há protetores solares com filtros para este tipo de radiação.
 
Raios ultravioletas. Divididos por UVA, UVB e UVC, são considerados os mais perigosos. A atmosfera (camada de ozono) absorve por completo os UVC, bem como 90% dos UVB. Em contrapartida, os UVA pouco são filtrados, razão pela qual chegam em maior quantidade à superfície terrestre. Estes dois últimos tipos consideram-se, por isso, os mais nocivos para a saúde, sobretudo os UVA, que penetram mais fundo e tanto atingem a epiderme como a derme, enquanto os UVB atingem somente a epiderme, isto é, a camada mais superficial. São os principais causadores de envelhecimento precoce, sardas, manchas, cancro e até cegueira. A boa notícia é que os protetores solares, quando bem usados, conferem uma boa proteção contra estes dois tipos de radiação
 
Luz visível. Esta radiação é aquela que vemos a olho nu. Abrange vários espectros de luz, entre eles o violeta e o vermelho, que conseguem penetrar profundamente na pele, ou seja, até à camada de gordura. Esta luz também potencia a pigmentação, favorecendo o aparecimento de manchas e a produção de radicais livres, provocando alterações nas células que, por sua vez, aceleram o fotoenvelhecimento. Existem cremes protetores com filtros para diminuir as consequências da luz visível.
 
De acordo com a Direção-Geral de Saúde, os efeitos da radiação UV sobre a saúde humana dependem da quantidade e tipo de radiação que atinge a superfície terrestre. As faixas A e B representam, pois, as radiações com mais implicações. Os principais efeitos negativos dos UV traduzem-se ao nível da pele (cancro), dos olhos (cataratas) e do sistema imunitário (imunossupressão). A proteção é, por isso, fundamental, sobretudo nos dias e horas em que a radiação está mais intensa. 
 
Mas é preciso destacar, também, as vantagens da exposição solar. A sensação de bem-estar físico e mental, o estímulo à produção de melanina, com consequente bronzeamento da pele, o tratamento de icterícia e a síntese de vitamina D – que contribui para o aumento da absorção de cálcio e fósforo dos alimentos, para o fortalecimento dos ossos, para a função imunitária e para a formação de células sanguíneas – são alguns dos benefícios. 
 
… e conhecer bem a sua pele
O número de horas que a nossa pele pode estar exposta ao sol sem ter reações adversas é limitado. Denomina-se capital solar e não deve desperdiçar-se. Os efeitos nocivos das radiações ultravioletas sobre a pele vão-se acumulando a partir do momento em que nascemos. Se desde a juventude se apanha sol sem controlo, mesmo que se pare depois de atingir o limite, ao chegar à idade adulta é quase certo o aparecimento de manchas escuras e de efeitos degenerativos. O número aproximado de horas a que uma pessoa pode estar exposta ao sol sem correr riscos tem que ver com o seu fototipo cutâneo. 
 
Quando os raios solares atingem a pele, os melanócitos da camada basal (que separa a epiderme, parte mais superficial da pele, da derme, mais profunda) começam a produzir uma proteína escura, a melanina, e a enviá-la para as células epidérmicas, a fim de as proteger. Mas existe outra melanina, chamada vermelha ou feomelanina, que não tem efeitos protetores. Todos possuímos diferentes quantidades destes dois tipos de melanina, o que explica os diferentes fototipos cutâneos existentes e a necessidade de usar filtros solares de índice de proteção adequados a cada um. 
 
Mas o que é trata este fototipo e como saber qual é o seu?
O fototipo é uma escala que classifica o grau de resistência natural da pele à exposição solar e a sua capacidade para bronzear sem queimar. Foi desenvolvida em 1976 pelo dermatologista norte-americano Thomas B. Fitzpatrick e compreende seis grupos.
 
 
Fototipo 1. “Queimo-me sempre. Nunca fico moreno.” Esta é a principal “queixa” dos louros e dos ruivos de pele branca, normalmente com sardas e olhos azuis. Sendo uma pele intolerante ao sol, podem bastar dez minutos de exposição num dia típico de verão para queimar. Recomenda-se o uso de barreiras físicas e de um fator de proteção (SPF, da sigla em inglês, ou FPS, da sigla em português) com um índice superior a 50.
 
Fototipo 2. “Queimo-me quase sempre. Quase nunca me bronzeio.” Isto acontece aos louros médios e aos ruivos de pele dourada e olhos verdes ou cor de mel. Quinze minutos de sol de verão direto na pele podem ser o suficiente para queimar. Índice mínimo de proteção recomendado: 50.
 
Fototipo 3. “Quase nunca me queimo. Quase sempre fico moreno.” É o caso dos castanhos médios, louros escuros e morenos claros de pele muito branca e olhos azuis. Serão precisos cerca de 20 minutos de exposição aos ultravioletas para queimar. Índice mínimo de proteção recomendado: 30.
 
Fototipo 4. “Quase nunca me queimo. Fico com frequência bronzeado.” Os castanhos-escuros de pele dourada e os morenos de pele também dourada respondem desta maneira. Podem aparecer sardas. Mais de 30 minutos ao sol no verão podem provocar queimaduras.  Índice mínimo de proteção recomendado: 20.
 
Fototipo 5. “Nunca me queimo. Fico sempre moreno.” A pele das pessoas de pele morena escura e olhos e cabelos também escuros ou preto responde desta forma. Raramente aparecem sardas. Serão precisos uns 45 minutos ao sol, no verão, até poder queimar. Índice mínimo de proteção recomendado: 20.
 
Fototipo 6. “Não me queimo e nunca fico morena (porque já o sou).” Esta é a situação das pessoas com pele, olhos e cabelo escuros. Nunca aparecem sardas. Minutos até queimar sob os raios ultravioleta estivais: 60. Índice mínimo de proteção recomendado: 15.
 
Como se proteger
Para saber quais as horas mais seguras para a exposição solar, a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo lançou há anos o conceito de “relógio solar” com o nome “Sombra aumentada, hora apropriada”. Traduzido para a prática, consideram-se as horas mais perigosas das 12 às 16 horas, havendo perigo intermédio das 11 às 12 e das 16 às 17.  As horas apropriadas são de manhã, antes das 11, e de tarde, depois das 17 horas.
 
Há, por outro lado, mais formas de conhecer o índice ultravioleta em cada dia. Para esse efeito, pode consultar o sítio do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) por localidade e hora. Depois, verifique o número apresentado no símbolo “UV”. Quanto mais alto, maior o risco. Assim, valores abaixo de 2 representam baixo risco; de 3 a 5, risco moderado; 6 e 7, alto; 8 a 10, muito alto; acima de 11, o risco é extremo.
 
Mais prática ainda é a aplicação SunSmart Global UV. No primeiro dia de verão deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou esta app para ajudar as pessoas a protegerem-se das radiações nocivas e do cancro de pele, uma vez que foram diagnosticados, no mundo, em 2020, mais de 1,5 milhão de casos deste tipo de carcinoma, sendo que 120 mil pacientes morreram da doença. 
 
“As evidências científicas mostram que a sobre-exposição aos raios UV é a principal causa do cancro de pele. Portanto, é vital para as pessoas saberem quando e como se devem proteger”, disse, em comunicado, Maria Neira, diretora do Departamento de Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde da OMS. “Encorajamos todos a usar a aplicação para se protegerem a si próprios e aos seus filhos, e a fazer da sua consulta um hábito diário.”
 
Nas palavras de Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a aplicação “é um grande exemplo de ciência ao serviço da sociedade, pois usa dados das estações de UV e meteorológicas de cada país para fornecer leituras precisas e específicas do índice UV de cada local”.
 
A aplicação mostra quais são os períodos do dia em que é mesmo necessário aplicar um filtro solar, e está disponível gratuitamente nas lojas Apple Store e Google Play, funcionando em todos os smartphones. É uma iniciativa conjunta da OMS, da OMM, do PNUMA (Programa da ONU para o Meio Ambiente) e da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
 
Para além do uso de protetores solares adequados ao seu fototipo cutâneo e das questões horárias, tome também nota dos conselhos da Sociedade Portuguesa de Dermatologia, sobretudo se se encontra de férias ou está a planeá-las até ao final do verão.
 
 
1. A melhor proteção solar ainda são as barreiras físicas. Por isso convém usar vestuário e acessórios adequados: t-shirts de malha apertada, calções, chapéu, óculos de sol (de preferência com lentes que filtram os UV), etc.
 
 
2. Não queira bronzear-se logo nos primeiros dias de maior exposição. Deve, antes, fazê-lo gradual e progressivamente. Não haver pressa é a chave e, se tem a pele clara com dificuldade em bronzear, não “force”, pois obter um bronzeado ligeiro à custa de “escaldões” repetidos poderá ter, a prazo, um preço demasiado elevado.
 
 
3. Não se esqueça de andar sempre munido de protetor solar. Aplique-o 15 a 30 minutos antes da exposição ao sol, repetindo a aplicação de duas em duas horas, ou após o banho. Lembre-se de que deve ser utilizado de forma sensata, com o objetivo de reduzir os efeitos negativos da exposição aos raios UV, e não para permitir permanecer mais horas ao sol sem queimar. Além disso, o uso de protetor solar não pode ser dispensado mesmo com o tempo nublado, pois as nuvens não filtram a radiação ultravioleta. Proteja também lábios, orelhas, dorso das mãos e dos pés, locais que ficam muitas vezes esquecidos e, por isso, mais sujeitos a lesões.
 
 
4. Quantas vezes não adormeceu na praia ao som das ondas? Pois bem, saiba que dormir ao sol é uma causa frequente de queimaduras, por vezes graves.
 
 
5. Atenção aos medicamentos que está a tomar: informe-se com o seu médico, pois alguns, de uso comum, como antibióticos, anti-hipertensores, anti-inflamatórios e outros podem ser fotossensibilizantes, levando a desencadear uma reação de tipo queimadura ou alergia na pele exposta ao sol.
 
Agora que sabe (quase) tudo sobre o sol e a pele, goze o resto do verão com toda a tranquilidade e sem escaldões. Se tem crianças, redobre os cuidados. Proteja-se – e não se esqueça de se hidratar!