As melhores dicas para uma noite bem dormida (sem andar às voltas na cama)

As melhores dicas para uma noite bem dormida (sem andar às voltas na cama)

28.12.2023

Escrito por: Ideias que Contam

A dinâmica acelerada da vida quotidiana e as exigências profissionais podem levar a uma redução do tempo dedicado ao repouso, o que, por sua vez, pode afetar a saúde e o bem-estar. Saiba como funciona o sono e conheça seis formas para o atrair 
 
Dormir não é apenas uma necessidade básica, mas também um recurso vital que permite ao nosso corpo e à nossa mente recuperarem do desgaste diário e prepararem-se para enfrentar a jornada seguinte com boa disposição e resistência física.
 
Aliado poderoso da saúde física e mental, o sono traz inúmeros benefícios: regenera as células, regula o metabolismo, contribuindo para a manutenção de um estilo de vida saudável, e ajuda o cérebro a processar informações, a consolidar memórias e a aprender, o que se revela importante para a capacidade cognitiva. No entanto, o sono precisa de algum tempo para desencadear essas e outras vantagens. Os especialistas são unânimes em afirmar que são necessárias sete a nove horas para que esses processos biológicos essenciais ocorram de forma completa e eficaz.
 
Estaremos, então, a tirar partido deste recurso fundamental? Evidências sugerem que os portugueses podem não estar plenamente conscientes da importância do sono. 

O que dizem os números

Um inquérito da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) mostra que mais de metade (52%) dos inquiridos assume não dormir bem, com 75% a descansar menos de sete horas por noite e 19% menos de seis horas. No que diz respeito ao impacto dos hábitos de sono no dia seguinte, 24% dos inquiridos dizem acordar sempre ou frequentemente cansados e 51% referem sonolência diurna excessiva. 
 
Também a Samsung divulgou recentemente o seu maior estudo sobre a qualidade do sono com base na análise de 716 milhões de noites de utilizadores da app Samsung Health a partir do smartwatch da marca. Nos dados recolhidos entre junho de 2021 e maio de 2023, e com 7h10, os portugueses estavam no limite essencial das sete horas recomendado pela National Sleep Foundation. No entanto, o tempo de vigília durante o sono aumentou significativamente, o que leva a um declínio na eficiência do período de descanso. Este indicador é um dos prioritários ao analisar a sua qualidade, visto que é monitorizado através do cálculo do rácio entre o tempo real de sono e o total passado na cama todas as noites. Contas feitas, em Portugal, a eficiência do sono encontra-se nos 87,76%.

O que influencia o sono e como é que este funciona

Certamente já ouviu falar em relógio biológico ou ritmo circadiano. É um fenómeno natural que ocorre em todos os seres vivos, desde plantas, animais e seres humanos. Este ciclo interno, comandado por um grupo de células localizadas no hipotálamo, uma região do cérebro, tem a duração aproximada de 24 horas e regula os processos fisiológicos, comportamentais e psicológicos do nosso organismo. O sono é um dos principais processos controlados pelo relógio biológico que “carregamos” no nosso interior. As referidas células produzem uma hormona chamada melatonina, sobretudo à noite e diminuindo durante o dia, a qual ajuda a ajustar o sono que, todavia, também é influenciado por outros fatores, de que são exemplo a exposição à luz e à atividade física. 
 
Em concreto, o ciclo do sono é um processo complexo que se repete a cada 90 a 120 minutos durante a noite. Divide-se em duas fases principais que se vão alternando durante todo o período de repouso.
 
A primeira chama-se não-REM (Rapid Eyes Movement) e caracteriza-se pelo estágio inicial do sono, em que se dá uma redução da atividade cerebral e muscular. Segue-se um cada vez maior aprofundamento do sono, primeiro com redução da frequência cardíaca e respiratória e depois com redução significativa da atividade muscular e cerebral.
 
A segunda fase do ciclo do sono, REM, caracteriza-se por um aumento da atividade cerebral, movimentos oculares rápidos e relaxamento muscular, sendo nesta fase que ocorrem os sonhos.

As consequências das noites mal dormidas

Vale a pena refletirmos sobre como percebemos o sono, reconhecendo-o como uma pausa necessária e ao mesmo tempo como uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios do dia a dia. 
A falta de sono pode influenciar a nossa saúde e bem-estar geral. Os principais sintomas incluem: fadiga e menor resistência física, capacidade de concentração e de atenção diminuídas, irritabilidade, problemas de memória, aumento do risco de doenças crónicas (obesidade, diabetes, cardíacas, depressão) e de acidentes (de automóvel, de trabalho e outros).

Boa higiene de sono: como implementar

O despertador toca de manhã e quantas vezes olhamos para ele, com um olho aberto e o outro fechado, desejando ter dormido mais?
 
Uma boa noite de sono pode estar ao alcance de todos. Com a ajuda da Sociedade Portuguesa de Pneumologia elaborámos estas sugestões práticas para uma higiene do sono eficaz.
- Dê prioridade ao sono, procurando dormir as horas necessárias (7 a 9 horas no adulto);
- Seja consistente, mantendo um horário de dormir regular;
- Prepare o sono antes de se deitar, promovendo um ambiente calmo e tranquilo ao final do dia, limitando a exposição à luz e ao ruído. Atenção também à temperatura do quarto, que não deve estar nem muito frio nem demasiado quente, e às roupas da cama. Importa sentir-se confortável;
- Dispense a utilização do smartphone, computador ou tablet e outros dispositivos eletrónicos antes de dormir, evitando motivos de distração e a luz azul emitida por estes equipamentos;
- Mantenha um estilo de vida ativo e faça exercício físico regular;
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas e com cafeina antes de ir para a cama. Além disso, não fume, nem ingira refeições muito pesadas.
 
Se apesar das medidas de higiene do sono tem dificuldade em adormecer ou manter o sono, se acorda cansado ou sonolento durante o dia e se ressona e apresenta paragens respiratórias durante o sono, é essencial procurar ajuda médica. Há tratamentos que ajudam a superar as dificuldades.
 
Ao reconsiderar os nossos hábitos, podemos melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, a qualidade de vida. Valorizar o que dormimos é uma abordagem positiva e construtiva a um estilo de vida saudável. Bons sonhos.