O que permite a tecnologia 5G?

28.07.2022

Escrito por: Ideias que Contam

A nova geração móvel promete revolucionar a forma como vivemos, muito além do que todos podemos fazer nos nossos smartphones.

A nova tecnologia de quinta geração para redes móveis (5G) permite viagens ultrarrápidas pela internet e maior estabilidade na ligação dos dispositivos. Na verdade, as grandes vantagens da nova geração móvel são, sobretudo, três: maior velocidade de transferência de dados, menor latência e capacidade para conectar muitos dispositivos ao mesmo tempo. E cada uma destas dimensões permite alcançar avanços em várias áreas, da medicina à sustentabilidade, passando pelo urbanismo e pela economia, muito além daquilo que todos podemos fazer nos nossos equipamentos.

Estes são alguns exemplos de conquistas que já são, ou serão a curto prazo, possíveis nas nossas vidas:

Cirurgias à distância

A medicina será uma das áreas que mais pode beneficiar das capacidades da nova geração móvel, em particular pela muito baixa latência da rede. A latência na internet é o tempo de resposta entre o servidor e o dispositivo, que no 5G é extremamente baixo. Tão baixo que possibilita a realização de cirurgias à distância, com o cirurgião a dar as indicações que são, quase de imediato, recebidas e executadas pela máquina junto do doente. Em Portugal já existe um hospital ligado ao 5G , que neste momento utiliza a quinta geração móvel para a formação e treino dos seus profissionais através de realidade virtual e realidade aumentada.

Explosão das cidades inteligentes 

Explosão das cidades inteligentes


Associada às vantagens da baixa latência está, também, a maior capacidade para ligar muitos dispositivos em simultâneo – o 5G consegue ligar um milhão de equipamentos em apenas um quilómetro quadrado. Estas características permitem, por exemplo, impulsionar o crescimento das smart cities – ou cidades inteligentes, em português –, já que possibilitam a conexão de milhares de dispositivos de Internet das Coisas (Internet of Things, ou IoT, em inglês). Ou seja, dotar objetos físicos do dia a dia – como uma máquina de lavar roupa ou uma fechadura –, de capacidade de comunicação, via internet, entre si. Estes objetos conectados são ligados a uma rede, possibilitando não só o controlo remoto das suas funções como também a monitorização permanente e em tempo real. Daí que a solução seja conhecida como Internet das Coisas.

Entre os dispositivos podem estar sensores e câmaras para monitorização e gestão do tráfego urbano, gestão de redes de água ou de resíduos, mas também os sistemas de iluminação ou rega públicos. Estudos apontam para que em 2025 existam cerca de 75 mil milhões de dispositivos de IoT a funcionar em todo o mundo.

A par da maior automação – que pode estender-se à indústria, à agricultura ou aos edifícios – vem mais eficiência energética. Uma boa utilização dos recursos disponibilizados pela quinta geração móvel pode impactar, de forma positiva, as estratégias de sustentabilidade dos países, das cidades, das empresas e até das famílias.

Um estudo recente da associação empresarial GeSI – Global Enabling Sustainability Initiative refere mesmo que a tecnologia tem potencial para reduzir em 20% as emissões de carbono até ao final desta década. Projetos de gestão de resíduos urbanos são um exemplo de como a disrupção pode trabalhar em prol do ambiente, nomeadamente através de contentores de lixo indiferenciado que identificam, por via de um cartão pessoal, os resíduos recolhidos em determinado agregado familiar. Com o produtor de lixo identificado, as entidades gestoras conseguem saber o nível de produção de resíduos de cada família e cobrar as taxas de serviço adequadas, ao invés de aplicar uma taxa universal ou associada ao consumo de água potável, como acontece hoje em Portugal. Ao mesmo tempo, torna-se mais fácil tratar os resíduos e evitar o seu encaminhamento indiscriminado para aterros. Além de tudo isto, o consumo energético do 5G é 90% mais eficiente, por unidade de tráfego, do que as gerações anteriores.

Uma indústria mais forte 

Uma indústria mais forte


A importância da reindustrialização da Europa, assunto que motiva alertas e discussões políticas há vários anos, ficou ainda mais visível com as consequências da pandemia e do conflito na Ucrânia nas cadeias de abastecimento. Para que a União Europeia consiga aplicar a estratégia que definiu para o sector no velho continente, o 5G poderá vir a ser um aliado relevante. Isto porque a rede de telecomunicações poderá ser usada para automatizar, de forma mais fácil e mais barata, as operações de unidades fabris, através de máquinas de produção e dos veículos autónomos de logística. Por outro lado, a utilização crescente de tecnologias como a realidade virtual ou a realidade aumentada permitem acelerar processos e libertar colaboradores para tarefas de maior valor acrescentado. Estas e tantas outras aplicações da tecnologia vão facilitar a transição para a indústria 4.0, criando um sector mais eficiente, mais eficaz e mais conectado.

Estes são apenas três casos em que a utilização do 5G permitirá alterar a forma como as nossas fábricas produzem e se organizam, como as cidades enfrentam os desafios da mobilidade e da sustentabilidade, mas também os impactos que a tecnologia tem, e terá, na saúde de todos. Porém, a verdade é que haverá, ao longo dos próximos anos, novos e múltiplos cenários de aplicação para a quinta geração móvel que ainda desconhecemos e que apenas surgirão à medida que a rede é implementada na sua totalidade, algo que ainda levará algum tempo. Seja para utilização pessoal ou para utilização empresarial, se tem curiosidade em saber mais sobre o que reserva o futuro do 5G pode consultar a informação oficial do regulador, a ANACOM, ou casos práticos de sucesso e notícias sobre o sector partilhados pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).