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Metaverso, o espaço “figital” que reserva muitas oportunidades de negócio

22.09.2022

Escrito por: Ideias que contam

 

Imobiliário, comércio ou entretenimento são apenas três dos sectores que mais poderão ganhar com a entrada neste universo que mistura o mundo físico com o digital. Até 2027, 70% das grandes marcas estarão presentes.

Se no início da década de 90 a internet era olhada com um misto de desconfiança e expectativa, levantando questões sobre a sua utilidade e modos de rentabilização, hoje o metaverso é encarado da mesma maneira. Este novo meio de comunicação veio para ficar, estando já a conquistar grandes empresas de todo o mundo e a motivar a criação de startups dedicadas a explorar o que se espera vir a ser um filão de ouro. Mas o que é, ao certo, o metaverso? 

É ainda incerto o seu futuro, da mesma forma que poucos conseguiam prever, há 30 anos, como evoluiria a internet. Porém, trata-se de uma rede de mundos virtuais tridimensionais que procura incorporar muitas das características do mundo físico – uma espécie de extensão da nossa vida para o digital, onde continuaremos a poder viajar, consumir, trabalhar e, sobretudo, interagir com outros. Tudo isto sem sairmos, efetivamente, do espaço físico em que nos encontramos. 


Para aceder a este universo, e explorá-lo de forma imersiva, é necessário utilizar equipamento de realidade virtual ou realidade aumentada. Uma vez lá dentro, o utilizador pode criar uma versão digital de si mesmo, fiel ou não à realidade, e explorar. Será com este avatar que irá interagir com outras pessoas, podendo personalizá-lo por completo, desde a aparência à roupa, passando por acessórios e outros bens. Este é o conceito de “figital”, um espaço que esbate as barreiras entre o físico e o digital. 

No início de setembro, a propósito das Conferências do Estoril, organizadas pela NOVA SBE com a Câmara Municipal de Cascais, a fundadora da Zuckerberg Media falou sobre a sua experiência pessoal com o metaverso e deixou algumas previsões. Apesar de Randi Zuckerberg, irmã do fundador do Facebook, considerar que ainda “ninguém sabe ao certo o que é” o metaverso, não tem dúvidas sobre o potencial que reserva para indivíduos e empresas. “Quando fiz a minha primeira viagem de campo ao metaverso, senti-me um pouco relutante e com alguma dificuldade em perceber como se pode gerar dinheiro. Em cinco minutos, passei de estar cética a gastar dinheiro no meu avatar”, partilhou. 

Oportunidades do novo mundo

Um dos primeiros passos dados por Randi Zuckerberg nesta plataforma foi a personalização do seu avatar, revelando uma das maiores oportunidades, para já, apresentadas para investidores. Aliás, a compra de ativos digitais, como roupa e acessórios, é já uma realidade para cada vez mais marcas do sector. No final do ano passado, a Zara anunciou o lançamento da sua primeira coleção de vestuário no metaverso, a AZ, em parceria com uma empresa sul-coreana. O mesmo caminho seguiu a Nike, através da criação da Nikeland, acessível através do universo de jogo da Roblox. 

 

De acordo com a espanhola Wildbytes, 70% das maiores marcas terão presença neste mercado “figital” ao longo dos próximos cinco anos. Para lá das oportunidades no comércio – que terá centros comerciais e lojas virtuais como balcão de atendimento –, Zuckerberg acredita que a educação será uma das áreas que beneficiará consideravelmente. “A pandemia mostrou-nos que podemos fazer muito mais coisas online do que alguma vez achámos possível. Penso que a educação e o upskilling serão áreas que vamos ver muito associadas ao metaverso”, perspetivou. As formações virtuais podem chegar, na teoria, a qualquer lugar do mundo que tenha uma ligação à internet e, por consequência, a qualquer pessoa. 

Do lado do entretenimento, empresas como a Disney já confirmaram a intenção – cimentada com investimentos em startups ligadas aos NFT (tokens não-tangíveis) e à realidade virtual – de marcar presença neste universo. Para o sector imobiliário, este é um novo segmento de mercado igualmente interessante, já que é possível “construir” e vender propriedades virtuais. E tal como na “vida real”, os seus proprietários podem revendê-las a quem quiserem e pelo preço que entenderem. 

Quem diz casas, lojas, centros comerciais ou roupa, diz também cerveja. A Heineken criou, em abril, um bar virtual numa das várias plataformas do metaverso para apresentar a sua primeira cerveja digital, que mais tarde foi vendida no mercado convencional. Um pouco por todas as áreas de negócio, empresas e marcas estão a testar serviços e produtos que possam vingar neste novo universo, procurando serem pioneiras e, com isso, ganhar vantagem competitiva quando este for o novo normal. 

Mercado com valorização crescente

A ideia base do metaverso é virtualizar todo o tipo de atividades que existem no mundo físico, acelerando a digitalização da sociedade e das empresas – o termo surgiu no livro “Snow Crash”, de Neal Stephenson, em 1992, que o descrevia como um “universo gerado de forma informática”. Por isso mesmo, as possibilidades para gerar rendimento são infinitas e, na sua esmagadora maioria, ainda desconhecidas. Contudo, diferentes consultoras têm feito contas ao potencial valor que este mercado pode atingir nos próximos anos. Um estudo recente da McKinsey aponta mesmo para que, até 2030, o metaverso possa valer cinco biliões de dólares, tendo em conta que, só em 2022, já terão sido investidos mais 120 mil milhões de dólares neste sector e que 79% dos utilizadores do metaverso já fez compras virtuais. 

Conhecido pela inovação, o Dubai não quer perder o comboio da revolução virtual e desenhou uma estratégia para tirar partido das mais-valias que o digital pode representar. Até ao final desta década, o país prevê que o contributo do metaverso para a economia atinja quatro mil milhões de euros, criando empregos e melhorando a produtividade – a intenção é aumentar o desempenho de cirurgiões em 230% e de 30% entre os engenheiros, por exemplo.

O impacto real que poderá ter na economia global é, por tudo isto, difícil de prever com elevado grau de precisão, sendo que a única certeza que existe é de que o futuro da Humanidade passará, inevitavelmente, por um mundo cheio de avatares com oportunidades por descobrir.